São Paulo, domingo, 12 de março de 2000


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SÃO PAULO
Vereadores pretendem instalar nova comissão para apreciar impeachment de prefeito convocando suplentes
Oposição quer afastar aliados de Pitta

da Reportagem Local

Os vereadores que fazem oposição ao prefeito de São Paulo, Celso Pitta (PTN), tentam criar uma CPI para averiguar as irregularidades na Prefeitura de São Paulo denunciadas por Nicéa Pitta sem a presença dos 30 vereadores que votaram contra o impeachment do prefeito no dia 20 de maio do ano passado.
Em entrevista ao "Globo Repórter" veiculado na última sexta-feira, Nicéa afirmou que todos os vereadores que votaram pelo arquivamento do pedido de impeachment receberam dinheiro do prefeito.
De acordo com o vereador José Eduardo Cardozo (PT), o regimento interno da Câmara Municipal impede a presença de vereadores suspeitos em CPIs que os investigue. Os partidos de oposição pretendem que os 30 vereadores governistas sejam impedidos de votar e de participar da CPI, havendo a convocação de suplentes para que haja quórum nas votações.
Em reunião ontem pela manhã, a bancada de oposição traçou estratégias para conseguir aprovar a CPI e para iniciar um processo de impeachment contra o prefeito.
Os oposicionistas querem convocar Nicéa o mais rápido possível para prestar depoimento.
A primeira-dama disse que Pitta, apesar de não participar diretamente das negociações com os vereadores, sabia do que ocorria. "Ele sabia, eu também sabia. Ele (Pitta) dizia que isso era herança do Maluf e que o Edevaldo (Alves da Silva, ex-secretário do Governo de Paulo Maluf) já fazia isso".
Segundo Nicéa, o dinheiro pago aos vereadores saiu de empresas que mantêm contratos com a prefeitura.
A primeira-dama afirmou que chegou a sugerir ao prefeito que instalasse câmeras ocultas no apartamento para filmar as negociações, o que não foi aceito, segundo ela, por Pitta.

Manifestação
Os vereadores decidiram realizar hoje, às 10 horas, uma manifestação no parque Ibirapuera contra o prefeito e os vereadores da sua base de apoio.
Em nota à imprensa, a oposição afirma que Pitta não tem legitimidade para tomar decisões administrativas na cidade, sobretudo no que diz respeito aos processos de licitação e de privatização. O prefeito pretende privatizar o Anhembi, o estádio do Pacaembu e o autódromo de Interlagos.
Os oposicionistas também defendem o afastamento do presidente da Câmara, Armando Mellão (PMDB), que se elegeu com o voto da maioria dos parlamentares de oposição.
"Se o prefeito tiver o mínimo de bom senso, ele renuncia", disse o vereador José Eduardo Cardozo (PT), que foi presidente da CPI da máfia da propina.


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