|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELEIÇÕES 2006/CORRIDA PELO VOTO
De olho na disputa de outubro, políticos incluem dietas e exercícios físicos na rotina; Garotinho quer ficar mais "resistente para a campanha"
Candidatos se esforçam por votos e boa forma
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Toda semana Geraldo faz o prefeito José Serra suar a camisa, impondo novos desafios. Serra gosta
e até paga por isso. Geraldo é o
personal trainner do prefeito.
Adepto de alongamento, musculação e massagem, o tucano
Serra não é o único dos postulantes à Presidência a encarar o condicionamento físico como uma
ferramenta profissional, além de
uma fonte de qualidade de vida.
O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva é hoje disciplinado militante do movimento pela
leveza na política: em quatro meses perdeu 12 kg, chegando a 86
kg, graças a uma versão "light" da
dieta das proteínas.
O petista caminha regularmente na esteira ou na Granja do Torto. Confiante, exibe sua nova forma na praia e, em conversas, costuma se vangloriar do "corpinho
de toureiro".
Hotel só com esteira
Pré-candidato do PMDB à Presidência, o ex-governador Anthony Garotinho também adotou
um novo regime, de 600 calorias
diárias. Emagreceu 13 kg em 26
dias, seis deles passados num spa
em Guarapari (ES).
Além de seguir a dieta religiosamente, ele se exercita na esteira do
Palácio das Laranjeiras -residência oficial da governadora do
Rio, Rosinha Garotinho- duas
vezes ao dia, uma hora em cada
sessão. "Só me hospedo em hotéis
com esteira", diz.
De 56, seu manequim baixou
para 50. Garotinho pesa, agora, 88
kg. Ele diz que decidiu fazer a dieta por recomendação médica,
após ter passado mal e os exames
terem registrado altas taxas de colesterol e triglicerídeos. Mas reconhece que, leve, "a gente fica mais
resistente para a campanha". "Tenho um ritmo de vida muito intenso", diz o peemedebista.
Competindo com Garotinho
dentro do PMDB, o governador
do Rio Grande do Sul, Germano
Rigotto, se licenciou do cargo para se dedicar às prévias do partido. Com a decisão, ele renunciou
à prática de aeróbica e musculação ao menos três vezes por semana, das 6h às 7h. "Viajando pelo
Brasil, não poderei ter a mesma
regularidade", constata.
Rigotto, que toma guaraná em
pó e vitamina C diariamente, diz
que, na corrida pelo voto, a rotina
alimentar "fica muito pior". Daí, a
importância de um bom condicionamento físico. "Você vai num
lugar fala, sua. Aí, de repente pega
um ar-condicionado, um avião.
Se você não tem bom condicionamento, tem problema. Já eu dificilmente me resfrio, dificilmente
tenho problema de saúde."
Sem massas e açúcar
Há um ano o ex-ministro da
Educação e pré-candidato do
PDT à Presidência, Cristovam
Buarque (DF), cortou massa e
açúcar do cardápio. Desde então,
perdeu 8 kg e hoje pesa 70 kg, um
além do que tinha quando prestou serviço militar.
Ao completar 61 anos, em fevereiro do ano passado, ele decidiu
mudar seus hábitos por achar
"que não poderia ser três coisas
ao mesmo tempo: gordo, careca e
sexagenário". "Não dava para baixar idade, nem criar cabelo. Tive
que perder peso", brinca o senador, segundo o qual essa "não é
mais dieta, é um estilo de vida".
Afirmando que o condicionamento físico é "importante para a
política e para auto-estima", Cristovam, que chegou a correr 10
quilômetros por dia ao longo de
15 anos, limitou o já reduzido
consumo de bebida alcoólica.
"Só bebo para ninguém pensar
que sou alcoólatra", diz.
Disposto a concorrer à Presidência também pelo PDT, o mignon Jefferson Perez (AM) lista hábitos saudáveis, como o de dormir cedo, caminhar diariamente e
priorizar carne branca, para ilustrar seu invejável preparo físico.
"Tenho 73 anos. Nunca passei a
noite num hospital", orgulha-se
Jefferson, com seus 52 kg distribuídos em 1,63 m. "Tenho peso
pena. Sou ágil, ando ligeiro. A não
ser o Lula, não deve ter gordinho
na campanha. O Garotinho também é rechonchudo", comenta.
E desafia: "Levo vantagem sobre todos eles. Duvido que me
acompanhem na caminhada".
Acupuntura
Peso não é um problema para o
governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin, candidato declarado do
PSDB à Presidência da República.
Mas Alckmin -que se dá o luxo
de tomar cerca de 12 xícaras de café por dia- tem sua receita para
manter a calma em tempos de disputa: acupuntura.
Possível candidata do PSOL, a
senadora Heloisa Helena (AL) diz
que não tem tempo para exercícios físicos e sequer cogita a possibilidade de soltar os cabelos para
a campanha. "Não solto nem corto os cabelos. Não faço a sobrancelha por causa de campanha.
Que gostem de mim do jeito que
sou", frisa.
Já o governador do Acre e candidato ao Senado, Jorge Vianna
(PT), admite que se impõe um ritual em campanha. É o que chama
de "quase transe". Além de fazer
uma seleção de músicas de Zé Ramalho e Geraldo Azevedo, o governador intensifica as atividades
físicas -corridas, pedaladas e caminhadas- para ficar pelo menos 2 kg mais magro.
"Cuido para não engordar e me
preparo também. Perco uns quilinhos antes, para voltar à forma e
ficar mais leve, para subir e descer
nos barrancos, para andar mais
rápido", afirma ele, que evita festas e atividades em bares.
"Na campanha, fundamental é a
cabeça estar boa. Dou umas pedaladas e caminhadas para poder
trabalhar o físico, ajudando a cabeça. Ela que é sacrificada", diz
Vianna, que tem até uma receita
antes de subir num "aviãozinho":
"reza". "É adrenalina pura. Aí, é fé
e colocar o pé na estrada", empolga-se o petista.
Candidato à reeleição, o governador da Paraíba, Cássio Cunha
Lima (PSDB), suspende o consumo de qualquer bebida alcoólica
ao longo da campanha. "Bebo socialmente. Mas a partir de março
e abril, decreto uma lei seca. A bebida debilita demais", justifica ele,
lembrando-se de uma das primeiras reuniões com sua equipe de
campanha em 2002.
"Quando pedi que parassem de
beber, um motorista reagiu: "Nem
é governador, já quer baixar decreto?" Mas tem de ser assim: lei
seca", reforça.
Texto Anterior: Eleições 2006/Presidência: Garotinho faz comício em Campos e chama presidente de "desgraçado" Próximo Texto: Frases Índice
|