São Paulo, domingo, 12 de março de 2006

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ELEIÇÕES 2006/CORRIDA PELO VOTO

De olho na disputa de outubro, políticos incluem dietas e exercícios físicos na rotina; Garotinho quer ficar mais "resistente para a campanha"

Candidatos se esforçam por votos e boa forma

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Toda semana Geraldo faz o prefeito José Serra suar a camisa, impondo novos desafios. Serra gosta e até paga por isso. Geraldo é o personal trainner do prefeito.
Adepto de alongamento, musculação e massagem, o tucano Serra não é o único dos postulantes à Presidência a encarar o condicionamento físico como uma ferramenta profissional, além de uma fonte de qualidade de vida.
O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva é hoje disciplinado militante do movimento pela leveza na política: em quatro meses perdeu 12 kg, chegando a 86 kg, graças a uma versão "light" da dieta das proteínas.
O petista caminha regularmente na esteira ou na Granja do Torto. Confiante, exibe sua nova forma na praia e, em conversas, costuma se vangloriar do "corpinho de toureiro".

Hotel só com esteira
Pré-candidato do PMDB à Presidência, o ex-governador Anthony Garotinho também adotou um novo regime, de 600 calorias diárias. Emagreceu 13 kg em 26 dias, seis deles passados num spa em Guarapari (ES).
Além de seguir a dieta religiosamente, ele se exercita na esteira do Palácio das Laranjeiras -residência oficial da governadora do Rio, Rosinha Garotinho- duas vezes ao dia, uma hora em cada sessão. "Só me hospedo em hotéis com esteira", diz.
De 56, seu manequim baixou para 50. Garotinho pesa, agora, 88 kg. Ele diz que decidiu fazer a dieta por recomendação médica, após ter passado mal e os exames terem registrado altas taxas de colesterol e triglicerídeos. Mas reconhece que, leve, "a gente fica mais resistente para a campanha". "Tenho um ritmo de vida muito intenso", diz o peemedebista.
Competindo com Garotinho dentro do PMDB, o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, se licenciou do cargo para se dedicar às prévias do partido. Com a decisão, ele renunciou à prática de aeróbica e musculação ao menos três vezes por semana, das 6h às 7h. "Viajando pelo Brasil, não poderei ter a mesma regularidade", constata.
Rigotto, que toma guaraná em pó e vitamina C diariamente, diz que, na corrida pelo voto, a rotina alimentar "fica muito pior". Daí, a importância de um bom condicionamento físico. "Você vai num lugar fala, sua. Aí, de repente pega um ar-condicionado, um avião. Se você não tem bom condicionamento, tem problema. Já eu dificilmente me resfrio, dificilmente tenho problema de saúde."

Sem massas e açúcar
Há um ano o ex-ministro da Educação e pré-candidato do PDT à Presidência, Cristovam Buarque (DF), cortou massa e açúcar do cardápio. Desde então, perdeu 8 kg e hoje pesa 70 kg, um além do que tinha quando prestou serviço militar.
Ao completar 61 anos, em fevereiro do ano passado, ele decidiu mudar seus hábitos por achar "que não poderia ser três coisas ao mesmo tempo: gordo, careca e sexagenário". "Não dava para baixar idade, nem criar cabelo. Tive que perder peso", brinca o senador, segundo o qual essa "não é mais dieta, é um estilo de vida".
Afirmando que o condicionamento físico é "importante para a política e para auto-estima", Cristovam, que chegou a correr 10 quilômetros por dia ao longo de 15 anos, limitou o já reduzido consumo de bebida alcoólica.
"Só bebo para ninguém pensar que sou alcoólatra", diz.
Disposto a concorrer à Presidência também pelo PDT, o mignon Jefferson Perez (AM) lista hábitos saudáveis, como o de dormir cedo, caminhar diariamente e priorizar carne branca, para ilustrar seu invejável preparo físico.
"Tenho 73 anos. Nunca passei a noite num hospital", orgulha-se Jefferson, com seus 52 kg distribuídos em 1,63 m. "Tenho peso pena. Sou ágil, ando ligeiro. A não ser o Lula, não deve ter gordinho na campanha. O Garotinho também é rechonchudo", comenta.
E desafia: "Levo vantagem sobre todos eles. Duvido que me acompanhem na caminhada".

Acupuntura
Peso não é um problema para o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, candidato declarado do PSDB à Presidência da República. Mas Alckmin -que se dá o luxo de tomar cerca de 12 xícaras de café por dia- tem sua receita para manter a calma em tempos de disputa: acupuntura.
Possível candidata do PSOL, a senadora Heloisa Helena (AL) diz que não tem tempo para exercícios físicos e sequer cogita a possibilidade de soltar os cabelos para a campanha. "Não solto nem corto os cabelos. Não faço a sobrancelha por causa de campanha. Que gostem de mim do jeito que sou", frisa.
Já o governador do Acre e candidato ao Senado, Jorge Vianna (PT), admite que se impõe um ritual em campanha. É o que chama de "quase transe". Além de fazer uma seleção de músicas de Zé Ramalho e Geraldo Azevedo, o governador intensifica as atividades físicas -corridas, pedaladas e caminhadas- para ficar pelo menos 2 kg mais magro.
"Cuido para não engordar e me preparo também. Perco uns quilinhos antes, para voltar à forma e ficar mais leve, para subir e descer nos barrancos, para andar mais rápido", afirma ele, que evita festas e atividades em bares.
"Na campanha, fundamental é a cabeça estar boa. Dou umas pedaladas e caminhadas para poder trabalhar o físico, ajudando a cabeça. Ela que é sacrificada", diz Vianna, que tem até uma receita antes de subir num "aviãozinho": "reza". "É adrenalina pura. Aí, é fé e colocar o pé na estrada", empolga-se o petista.
Candidato à reeleição, o governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima (PSDB), suspende o consumo de qualquer bebida alcoólica ao longo da campanha. "Bebo socialmente. Mas a partir de março e abril, decreto uma lei seca. A bebida debilita demais", justifica ele, lembrando-se de uma das primeiras reuniões com sua equipe de campanha em 2002.
"Quando pedi que parassem de beber, um motorista reagiu: "Nem é governador, já quer baixar decreto?" Mas tem de ser assim: lei seca", reforça.


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