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Assessor de deputado é detido com R$ 80 mil
Dinheiro em espécie estava com um sobrinho de parlamentar do PR e foi encontrado por policiais rodoviários
ANDRÉA MICHAEL
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Assessor e sobrinho do deputado Aracely de Paula (PR-MG), Emílio de Paula Castilho
foi detido pela Polícia Rodoviária Federal próximo a Brasília
com R$ 79.752 em espécie.
O dinheiro estava em uma
caixa de papelão, embrulhada
com papel e lacrada com fita
adesiva. O pacote foi encontrado na tarde de sábado por policiais rodoviários dentro de uma
mala de roupas no automóvel
dirigido por Castilho.
O assessor parlamentar foi
detido em razão de uma ultrapassagem ilegal que fez com
seu Gol na BR 040, pela qual
acabou multado em R$ 152.
Parado pelos policiais, ele teria se mostrado nervoso, o que
despertou suspeitas e levou à
revista do veículo. Encontrado
o dinheiro, Castilho disse que a
quantia era fruto da venda de
um carro. Depois, aumentou
para dois o número de veículos.
Já à Polícia Civil do Distrito
Federal o assessor disse que
trazia o dinheiro de Belo Horizonte, onde teria vendido três
veículos: uma Saveiro (R$ 22
mil), um Gol (R$ 22 mil) e uma
camionete S-10 (R$ 23 mil).
Castilho não se lembrou do
nome do comprador, um "Ivan
de tal", que teria negociado os
carros sem sequer tê-los visto
por confiar no assessor.
Segundo a versão de Castilho, "o sr. Ivan de tal, após o pagamento, disse que enviará conhecidos para buscar os veículos aqui em Brasília".
O acerto, afirmou o assessor
à polícia, foi fechado sem recibo, "só na confiança".
Ainda conforme o depoimento, parte do dinheiro
("R$ 12 mil ou R$ 13 mil, não sabendo ao certo") teria sido levada para a capital mineira para a
aquisição de algum automóvel
"que surgisse". Ao final de suas
declarações aos policiais, Castilho disse "que o dinheiro encontrado em seu poder não
pertence ao deputado para
quem trabalha".
Castilho não respondeu a recado deixado pela Folha na caixa postal de seu celular.
O deputado ingressou em
2003 no PR, o partido que mais
cresce na Câmara hoje.
O presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse que
irá aguardar a investigação policial. "Se houver responsabilidade, analisaremos as medidas
cabíveis. Temos de ter cuidado,
porque a responsabilidade de
responder neste momento é de
quem foi flagrado com o dinheiro [Castilho]."
O líder do PR, deputado Luciano de Castro (RR), afirmou
que soube da apreensão do dinheiro por meio de um telefonema de uma assessora. "Não
sei nenhum detalhe. Primeiro
vamos ouvir as explicações dele. Depois o partido decidirá se
toma alguma providência."
Castro disse achar o fato "estranho", afirmando que o deputado "é sério, tradicional".
Não é crime transportar dinheiro em espécie, desde que o
portador comprove a legalidade da quantia. A Polícia Civil
aguarda para o início desta semana que Castilho comprove o
que disse em depoimento. Se
não o fizer, passará a responder
a inquérito. A Polícia Civil informará ao Ministério Público
e ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras)
sobre a apreensão.
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