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MUDANÇA MINISTERIAL
Ex-ministro pede que Agílio Monteiro Filho, superintendente da PF, seja mantido no cargo
Gregori aponta identidade com Dias
OTÁVIO CABRAL
SILVANA DE FREITAS
da Sucursal de Brasília
Em sua primeira entrevista como ministro da Justiça, José Gregori, afirmou que não irá substituir José Carlos Dias, mas sucedê-lo. Declarou ainda que tem uma
"identidade histórica" com Dias e
que pretende "colher os frutos"
do que o antecessor fez nos nove
meses em que ficou na pasta.
"Em substância, não muda nada, porque minha identidade
com José Carlos Dias não é apenas histórica, ela é permanente",
discursou Gregori ontem à noite,
ao lado de Dias, no ministério.
O novo ministro, porém, não
descartou mudanças de nomes
em sua equipe no ministério. Ele
não quis confirmar a manutenção
do diretor-geral da Polícia Federal, Agílio Monteiro Filho. Disse
que só fala em nomes depois de
ser reunir com o presidente Fernando Henrique Cardoso.
Na mesma entrevista, José Carlos Dias fez um apelo para que
Agílio permaneça no cargo. "Pelo
país e pelo novo ministro."
Segundo a Folha apurou, Agílio
chegou a colocar o cargo à disposição quando soube da saída de
Dias, mas o ex-ministro pediu para que ele esperasse a nomeação
do sucessor.
Gregori não quis comentar a
disputa pelo comando das operações contra o narcotráfico entre o
ministério e a Secretaria Nacional
Antidrogas, principal motivo da
saída de Dias. Porém, disse que se
identifica com o ex-ministro, que
defendia que a PF ficasse à frente
das operações.
Gregori disse que pretende fazer
"frutificar os sonhos que ele
(Dias) acabou de dizer que semeou". Entre os "sonhos" enumerados momentos antes por
Dias estava um combate eficaz ao
tráfico de drogas pela PF.
O sucessor de Gregori na Secretaria de Direitos Humanos deverá
ser o sociólogo paulista Oscar Vilhena, presidente do Ilanud, instituto da ONU (Organização das
Nações Unidas) que estuda a criminalidade na América Latina.
Gregori soube de sua nomeação
durante um encontro com o
chanceler do Panamá e com a primeira-dama Ruth Cardoso, na
Secretaria Nacional dos Direitos
Humanos, no mesmo andar do
gabinete de Dias.
Após receber a notícia, por telefone, continuou na reunião até o
fim. Depois da saída do chanceler,
conversou por cerca de meia hora
com a primeira-dama.
Dias voltou a atacar a interferência da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) na PF.
"Não podemos transigir com a
direita e os reacionários", disse,
sem especificar a quem se referia.
O ex-ministro criticou entrevista recente do secretário nacional
Antidrogas, Walter Maierovitch,
em que ele anunciou uma operação de combate ao narcotráfico
na fronteira com a Bolívia.
"A irresponsabilidade dessa informação era absolutamente intolerável", disse. "Parece-me inconcebível que a política de combate a entorpecentes fosse tratada
como estava sendo pela Senad."
O ex-ministro afirmou que "é
absolutamente inadmissível que
uma secretaria tente coordenar o
trabalho da PF". Disse que pretendeu "dar um basta" ao criticar
a entrevista e que espera uma
transformação nessa política.
Dias elogiou José Gregori e disse
que sugeriu o nome dele para a
sua sucessão em conversa de duas
horas com o presidente Fernando
Henrique Cardoso.
O ex-ministro disse que retomará a atividade de advogado criminalista e que pretende participar das discussões sobre o novo
Código Penal. "Não tenho o vício
do poder. Para mim, o poder é
instrumento de serviço, é um serviço público. Não sou político.
Sou advogado e estava ministro."
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