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ELEIÇÕES 2004
De acordo com documento do PT, aliados do governo federal devem enfrentar o partido em várias capitais
Base de Lula disputará prefeituras dividida
PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
A base de sustentação do governo Luiz Inácio Lula da Silva disputará as eleições municipais de
outubro dividida. No Congresso,
a base é formada por PT, PMDB,
PTB, PL, PCdoB, PSB, PPS e PP.
Mas os aliados de Lula são mais
concorrentes do que parceiros na
disputa das prefeituras.
Um levantamento do Grupo de
Trabalho Eleitoral (GTE) do PT,
obtido pela Folha, detalha as negociações partidárias para montar alianças nos 93 municípios
com mais de 150 mil eleitores.
Das 26 prefeituras de capitais
em disputa, o PMDB, maior partido aliado ao PT, só tem possibilidade de apoiar os petistas em 13.
Em sete delas, o partido já tem
candidato próprio lançado. O PT
considera bem encaminhadas as
conversações com peemedebistas
em Belo Horizonte, Curitiba, João
Pessoa, Aracaju e Maceió.
Os problemas entre os dois partidos começam por São Paulo.
Sem indicar o vice na chapa à reeleição da prefeita Marta Suplicy, o
presidente estadual do PMDB,
Orestes Quércia, quer lançar a
candidatura de Michel Temer e
admite até apoiar o PSDB ou o
PDT na disputa.
"O acordo em São Paulo seria
simbólico e poderia aproximar
PT e PMDB nas demais capitais",
admite Silvio Pereira, secretário
de Organização petista e coordenador nacional do GTE.
A direção municipal do PMDB
aceita se aliar ao PT apenas na
eleição para vereadores, mas
Quércia resiste até a esse acordo
parcial.
Outra capital problemática é
Belém. A senadora Ana Júlia é a
candidata do atual prefeito, o petista Edmilson Rodrigues. A principal força de oposição é o PSDB
do governador Simão Jatene, que
lançará Almir Gabriel como candidato. O fiel da balança na disputa é o deputado federal Jader Barbalho, que já disse ao PT que não
apoiará o partido.
PL e PTB
Aliado desde o primeiro turno
da eleição presidencial de 2002 e
partido do vice-presidente José
Alencar, o PL se distancia do PT.
Seu presidente, deputado Valdemar Costa Neto, já constrangeu
Lula ao pedir publicamente as demissões do ministro da Fazenda,
Antonio Palocci Filho, e do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
Em 13 capitais, o PL está contra
o PT, sendo cinco delas com candidatos próprios e em oito
apoiando adversários petistas.
"Isso vai estremecer a relação dos
dois partidos. É estranho esse
comportamento. Parece que não
está ocorrendo um empenho da
direção do partido", afirma Silvio
Pereira, referindo-se ao PL.
O PTB, que indicou o ministro
Walfrido Mares Guia para a pasta
do Turismo, deve estar contra o
PT em 19 capitais, sendo que em
quatro delas -Vitória, Belém,
João Pessoa e Goiânia- é aliado
do PSDB, principal força de oposição a Lula.
As chances de aliança entre PT e
PTB estão em Salvador, Rio, Aracaju, Manaus, Teresina e Curitiba.
No Rio, os petebistas conversam
com o PT, que lançará o deputado
Jorge Bittar, mas estão mais próximos do apoio à tentativa de reeleição de Cesar Maia (PFL) -o
PTB participa da administração.
Em Salvador, o pré-candidato
petista Nelson Pellegrino pode se
aliar a Benito Gama, principal liderança do PTB, antigo aliado e
hoje desafeto do senador Antonio
Carlos Magalhães (PFL).
Os petebistas vão apoiar a tentativa de reeleição do prefeito de
Aracaju, Marcelo Déda (PT).
Partido de Ciro
O PPS do ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, deve
enfrentar o PT em ao menos 16
capitais, sendo que em João Pessoa aprovou apoio ao PSDB.
Em Belo Horizonte, Belém e
Salvador, caminha para apoiar
candidatos petistas, e há possibilidade de acordos em Maceió e Curitiba. Em São Paulo, tem João
Hermann como pré-candidato,
mas pode vir a apoiar um tucano
contra Marta Suplicy.
PSB e PCdoB
O PSB do ministro da Ciência e
Tecnologia, Eduardo Campos,
deve enfrentar o PT em 16 capitais. Em seis, já decidiu apoiar o
partido: Rio, Recife, Aracaju, Belém, Campo Grande e Rio Branco.
O mais antigo e tradicional aliado do PT, o PCdoB, se aliará a
candidaturas petistas em 16 Estados. Só em cinco se unirá a adversários do partido de Lula.
O PCdoB queria o apoio do PT a
Inácio Arruda, seu candidato em
Fortaleza, e contava com o Palácio
do Planalto para tal. Mas, em um
encontro regional, os petistas decidiram por 125 votos contra 122
lançar o nome da deputada estadual Luizianne Lins.
O PT, que hoje administra seis
capitais, terá candidato próprio
em 24 delas. Encontra problemas
em montar sua base de aliados em
cidades como Recife.
O prefeito João Paulo tenta a
reeleição, mas tem dificuldade para repetir a frente que o elegeu em
2000, com PPS, PSB e PDT. Os
três querem mais cargos em sua
administração.
Só em duas capitais o PT abre
mão da cabeça de chapa e negocia
apoio a nomes de outros partidos.
Em Boa Vista, discute se apóia a
candidatura de Tereza Jucá (PPS)
ou Lourdes Pinheiro (PSB).
Em Manaus (AM), o PT deve
participar de frente composta por
PPS, PL, PSB e PCdoB. Há três nomes de possíveis candidatos da
frente: Vanessa Graziottini
(PCdoB), Serafim Corrêa (PSB) e
Sinézio Campos (PT).
Veto de Brizola
O PDT, presidido por Leonel
Brizola, já aprovou resolução interna proibindo alianças com o
PT. Mas os petistas acreditam que
haja possibilidade de alianças em
oito capitais, caso o PDT "não
operacionalize com rigor", como
analisa o PT, sua recomendação.
O PP -que em São Paulo quer
lançar Paulo Maluf contra Marta,
mas vota com o governo Lula no
Congresso- deve apoiar a candidatura do petista Avenzoar Arruda em João Pessoa. Conversa com
o partido também em Campo
Grande e Natal. Enfrentará o PT
em outras 15 capitais.
Nos 93 maiores municípios, só
há possibilidade de aliança com o
PSDB em Aracaju, com os tucanos apoiando Marcelo Déda.
No PT, é vista com reserva um
eventual apoio do governador
Aécio Neves (PSDB-MG) à reeleição de Fernando Pimentel em Belo Horizonte. O atual prefeito tenta acertar acordos com PCdoB,
PL, PPS, PSB, PMDB e PSDB.
Aécio pode optar por lançar o
tucano Eduardo Azeredo ou
apoiar João Leite, pré-candidato
do PSB. Mas ainda não descartou
o nome de Pimentel.
Nenhuma aliança com o PFL,
nas 93 maiores cidades, está sendo discutira, segundo o GTE.
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