São Paulo, domingo, 12 de abril de 2009

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Quebrando a cabeça

Lula mandou a equipe econômica refazer o pacote de ajuda aos municípios apresentado na semana passada. O presidente avaliou que as medidas esboçadas eram insuficientes e vetou a concessão de antecipação de receitas como as do Fundeb e da dívida ativa. A ajuda deve vir do Tesouro, orientou.
A Fazenda também afastava no fim da semana a ideia de estabelecer um piso de repasses com base na média dos últimos três anos. Lula quer ampliar o diagnóstico da penúria dos municípios: acha que além da queda do FPM a retenção de recursos do INSS pode ter afetado o caixa dos prefeitos.
As medidas serão apresentadas amanhã, antes da reunião de coordenação política que baterá o martelo.




Digestivo. A Secretaria de Relações Institucionais convocou às pressas as entidades representativas dos municípios para um almoço amanhã. Quer aparar as arestas políticas provocadas pela queda nos repasses antes que o presidente anuncie as medidas.

Amado mestre. Geddel Vieira Lima (Integração) se antecipou à cobrança de Lula de agilidade nas obras do PAC e chegou à reunião ministerial na quinta com foto enorme do trabalho noturno nos canteiros da transposição do São Francisco. O presidente levou o regalo no fim do encontro.

Poderoso 1. As atas das últimas reuniões da diretoria da ANP mostram que Victor Souza Martins, investigado pela PF por suposto favorecimento a prefeituras na arrecadação de royalties, concentrava as relatorias de processos que necessitavam da chancela do colegiado.

Poderoso 2. Em 7 de janeiro, o irmão de Franklin Martins (Comunicação Social) relatou 17 dos 27 processos. Na semana seguinte, deu parecer em 23 dos 30 casos. Em 25 de março, foi o único a apresentar voto contrário em processos relatados por outros diretores -fez isso em 8 casos.

Ensaio geral. Assustou o governo o voto do PMDB na CPI das ONGs a favor da quebra de sigilo de entidades ligadas ao MST. Avalia-se que o partido flerta com a ideia de assinar a CPI da Petrobras, se a oposição levá-la adiante.

Se colar... No caldeirão de alquimias dos partidos para abreviar o exílio político de Roberto Jefferson (PTB), José Dirceu (PT) e Pedro Corrêa (PP), abatidos no mensalão, a mais nova é mudar a lei que fixa o prazo de inelegibilidade.

...colou. O PTB estuda apresentar projeto de lei complementar estabelecendo que o período de oito anos inelegível passe a contar a partir da cassação do parlamentar. Como os três perderam os mandatos em 2005, estariam aptos a concorrer já nas eleições municipais de 2014.

Cenário. Partiu do PT paulista e encontrou abrigo na cúpula do PSB o balão de ensaio segundo o qual Ciro Gomes, caso não consiga viabilizar a candidatura presidencial, poderia concorrer ao governo de São Paulo como alternativa à polarização PT-PSDB.

Nem pensar. A ideia chegou a ser apresentada a parceiros do PC do B e do PDT, mas esbarrou na resistência do próprio deputado. "Tenho domicílio eleitoral no Ceará. Estou ficando velho, mas não doido", reage Ciro.

Conectado. Enquanto o Senado aguarda a reforma administrativa prometida pelo presidente José Sarney (PMDB-AP), o Prodasen anuncia licitação para comprar 210 novos laptops, parte deles para substituir os usados em plenário. Os valores serão conhecidos no dia 28.

Olho grande. Além dos líderes partidários, os presidentes de comissões também encabeçam o lobby pela volta dos CNEs, os famigerados Cargos de Natureza Especial que foram extintos pela Câmara em 2006.

Tiroteio

"A mesma oposição que berrou que a CPI tinha de ser prorrogada para não acabar em pizza agora quer encerrá-la sem ouvir Daniel Dantas. Devem achar que somos todos idiotas."

Do deputado PAULO PIMENTA (PT-RS), sobre a proposta de deputados do PSDB e do PPS na CPI do Grampo para que o banqueiro só seja interrogado depois de a comissão receber documentos dos EUA.

Contraponto

Medidas extremas

Em sua recente interinidade, José Alencar comentava a choradeira dos prefeitos com a queda nos repasses do FPM. No Planalto, o vice tentou tranquilizar os ministros:
-Sempre falta dinheiro. Todo governo é assim.
Ele contou a história de um governador do Rio que, diante de todo e qualquer pedido de recursos, sugeria ao interlocutor ir até o Largo da Carioca vender maçãs e lhe trazer o dinheiro, porque a situação estava difícil.
Depois de ouvir o vice, Dilma Rousseff olhou para os secretários de Política Econômica e do Tesouro e sugeriu:
-Acho que a gente devia mandar o Nelson Machado e Arno Agostin para o Largo da Carioca agora mesmo!

com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO


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