|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Deputada defende consulta a filiados
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Os parlamentares do PT que se
opõem às medidas do governo de
Luiz Inácio Lula da Silva pedirão
hoje, à Executiva Nacional do partido, que, antes de qualquer decisão punitiva em relação a eles, façam uma espécie de plebiscito interno -com a consulta aos filiados a respeito da sua situação.
A proposta foi feita ontem, em
Porto Alegre, pela deputada federal Luciana Genro (PT-RS), integrante do grupo definido como
""radical" no partido.
""Pediremos uma consulta aos
filiados. Aceitamos a disciplina
interna, mas que ela seja colocada
em prática de forma democrática.
A consulta aos filiados é prevista
estatutariamente no PT", afirmou
Luciana, em ato do grupo realizado no final da tarde de ontem em
Porto Alegre, com a presença de
500 pessoas.
Além do pedido, serão entregues cartas do ministro José Dirceu (Casa Civil) e do presidente
nacional do partido, José Genoino, enviadas a aposentados durante o governo do presidente
Fernando Henrique Cardoso, nas
quais condenam medidas hoje
defendidas pelo governo petista.
A Agência Folha perguntou ao
secretário de organização do PT
gaúcho, Vitor Labes, a respeito de
alguma previsão estatutária, e ele
disse desconhecê-la.
""Há duas possibilidades previstas para casos de indisciplina:
abertura de comissão de ética ou,
em caso de falta grave, a expulsão
sumária", afirmou.
Outros petistas se manifestaram
ontem, durante o ato, contra a
discussão a respeito da disciplina.
O deputado estadual e ex-prefeito
de Porto Alegre Raul Pont (PT),
que integra a tendência ""radical"
Democracia Socialista, distribuiu
nota dizendo que a discussão é
inoportuna.
O presidente regional do partido, David Stival, afirmou ser importante esperar a votação dos
projetos de reforma tributária e
previdenciária para discutir o assunto. ""É claro que isso depois deve ser discutido e que o zagueiro
não pode deixar de defender seu
time", disse.
Questionado se, em caso de expulsão, ela e seus companheiros
formalizariam uma atitude oposicionista, Luciana disse preferir
não responder à pergunta, alegando ainda confiar ""em que a direção do partido vá ser sensível".
""O ato (de ontem) é em defesa
da democracia no PT e dos direitos de os deputados votarem de
acordo com sua consciência e as
bandeiras que o PT sempre defendeu", afirmou a deputada, uma
das organizadoras do protesto e
filha do secretário de Desenvolvimento Econômico e Social do governo Lula, o ex-prefeito de Porto
Alegre Tarso Genro.
Outros atos
Além do protesto em si, foi elaborado um abaixo-assinado de
petistas, sindicalistas e outros integrantes da sociedade civil. Haverá outros atos como o de ontem
em outros Estados. O próximo será no dia 16, em Sergipe.
O deputado João Fontes (PT-SE), que esteve ontem em Porto
Alegre, afirmou que, no encontro
com a Executiva Nacional, hoje,
serão tratados diversos temas
que, na sua opinião, contrariam
posições tradicionais do partido.
Os temas são amplos, atingindo
até mesmo a esfera internacional.
Luciana, por exemplo, já reprovou a atuação do governo em relação à guerra dos EUA contra o
Iraque. Pediu ao ministro Celso
Amorim (Relações Exteriores).
que o governo tivesse uma ""atitude mais efetiva".
Em outras palavras, seria a condenação do presidente dos EUA,
George W. Bush, pela prática de
""crime de guerra" no Tribunal
Penal Internacional.
Texto Anterior: Em documento, Suplicy defende ala radical do PT Próximo Texto: Previdência: Só 279 ganham mais que teto da reforma Índice
|