São Paulo, terça-feira, 12 de maio de 2009

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Câmara tenta achar novo relator para caso Edmar

Sérgio Moraes, que está "se lixando para a opinião pública", reafirma que não sai

Três deputados recusaram o convite para substituir colega do PTB, que ameaça recorrer à CCJ e ao Supremo se for afastado da relatoria


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Conselho de Ética da Câmara se reúne hoje para tentar encontrar um novo relator do processo contra o deputado Edmar Moreira (sem partido-MG) em meio a pelo menos dois impasses.
Enquanto o presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PR-BA), cogita ele mesmo assumir o cargo por falta de nomes que se prontifiquem, o atual relator, deputado Sérgio Moraes (PTB-RS), continua dizendo que não sai. A pressão contra Moraes cresceu após ele dizer que estava "se lixando para a opinião pública".
O deputado gaúcho diz que levará na reunião de hoje provas que mostram que ele foi mal interpretado pela imprensa. Ele ameaça ir ao Supremo Tribunal Federal e à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) se for afastado da relatoria.
Ontem, o terceiro deputado recusou a relatoria do processo contra Edmar. Moreira Mendes (PPS-RO) alegou não ter tempo para assumir o caso. Hugo Leal (PSC-RJ) e Ruy Pauletti (PSDB-RS) também não aceitaram o convite de Araújo.
No mês passado, a Folha revelou que um terço dos integrantes do conselho emitiu ao menos 35 passagens para o exterior em seus nomes ou de terceiros, na cota da Casa.
Moreira Mendes, um dos que cederam bilhetes, negou ser esse o motivo de sua recusa.
Araújo consultou também Nazareno Fonteles (PT-PI) e Pedro Eugênio (PT-PE). Ambos disseram que falariam com o partido. "Estou tendo dificuldades em encontrar [relator], mas o Conselho de Ética é uma missão. Todos que estão aqui terão que assumir a responsabilidade", disse Araújo.
Ontem, a deputada Solange Amaral (DEM-RJ), integrante do conselho, protocolou requerimento pedindo oficialmente a substituição de Moraes. "A Câmara e o Conselho de Ética não podem assistir a tudo isso de braços cruzados", disse.
Quem assumir a função de relator terá que levar adiante o processo que investiga supostas irregularidades no uso da verba indenizatória por Edmar. Segundo a corregedoria da Casa, ele usou notas de suas empresas para justificar gastos, mas há suspeitas de que os serviços não foram prestados.
Em São Paulo, o presidente da Câmara, Michel Temer (PT-SP), disse em entrevista ao "Programa do Jô" que a frase do deputado sobre opinião pública era pessoal e não do Congresso. Após a gravação, questionado sobre a possível saída de Moraes, disse: "O presidente do conselho disse que a tendência é pedir a substituição".
(MARIA CLARA CABRAL)

Colaborou a Reportagem Local



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