São Paulo, terça, 12 de maio de 1998

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NORDESTE
Stedile, líder do MST, terá de responder a dois inquéritos policiais por organização e incentivo aos furtos
PF abre inquéritos para apurar saques

da Sucursal de Brasília

O ministro Renan Calheiros (Justiça) anunciou ontem que a Polícia Federal abriu três inquéritos para apurar o envolvimento de nove integrantes do MST (Movimento do Trabalhadores Rurais Sem Terra) na organização e incentivo a saques no Nordeste.
João Pedro Stedile, um dos principais líderes do MST, terá de responder a dois inquéritos policiais.
Caso seja comprovada, durante a investigação, a participação dos acusados na incitação aos saques, a PF pedirá à Justiça Federal a prisão temporária dos envolvidos.
Calheiros anunciou ainda que outro inquérito, aberto em outubro de 97, foi priorizado. O inquérito investiga a participação de integrantes do MST na invasão do prédio do Incra (Instituto de Nacional de Colonização e Reforma Agrária), em Pernambuco.
A prioridade foi pedida, disse o ministro, porque a invasão contou com a a participação de algumas pessoas que também estão sendo acusadas no caso dos saques.
O primeiro inquérito a que Stedile terá de responder, segundo a PF, é por ter incitado, publicamente, durante um discurso feito no Rio, a prática de saques em armazéns públicos e privados.
O outro é por invadir um depósito da Conab, na cidade de Arcoverde (PE), danificando-o e praticando saques com uso de violência, de acordo com o relatório divulgado pelo Ministério da Justiça.
O ministro explicou ainda por que não houve abertura de inquérito sobre membros da igreja que declararam apoio a saques. Segundo ele, as declarações dos religiosos são de cunho humanitário.
Jaime Amorim, da direção do MST em Pernambuco e que tem seu nome envolvido em dois inquéritos, disse que as prisões, se ocorrerem, não deterão os saques.
Segundo ele, isso será uma prova de que os saques independem dos líderes do MST, pois existe um movimento comunitário de pessoas que estão com fome.
Segundo Amorim, a igreja também faz parte da organização do movimento contra a fome. "Os padres dos municípios flagelados estão no meio do povo faminto e colaboram com o MST."
Houve abertura de inquérito, ainda, sobre o envolvimento de Adalberto Alves da Silva, Luiz Lucas da Silva, Ismael Luiz Cícero da Silva, Luiz Carlos Ferreira, Mário de Edinho, Eugênio Gomes da Silva e Givanildo Barros de Lima, todos do MST.
Ontem, o ministério lançou o "Disque-paz" (0800-610022) -linha telefônica destinada a receber denúncias contra pessoas que estejam incentivando saques.
(SIMONE CAVALCANTI)



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