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São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 2003

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PT SOB PRESSÃO

Luiz Marinho, presidente da CUT, e José Domingues, representante dos servidores, divergem sobre greve

Protesto opõe direção da CUT e servidores

Lula Marques/Folha Imagem
Faixa afirma que 'essa reforma é pra banqueiro', em referência indireta ao presidente do BC


LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O racha entre as entidades dos servidores públicos federais que protestaram ontem e a CUT (Central Única dos Trabalhadores), à qual a maioria delas é filiada, ficou exposto ontem no Palácio do Planalto, onde foram recebidas por quatro ministros.
A categoria -cerca de 850 mil trabalhadores, representados por 11 sindicatos- já aprovou um indicativo de greve e decide no sábado se efetua uma paralisação geral a partir de segunda-feira.
Durante entrevista após a audiência com quatro ministros no Palácio do Planalto, o presidente da CUT, Luiz Marinho, e o representante da CNESF (Coordenação Nacional das Entidades dos Servidores Públicos Federais), José Domingues, divergiram publicamente sobre a necessidade imediata de convocar uma greve.
Os dois sindicalistas chegaram a disputar o microfone, elevaram o tom de voz e trocaram farpas sobre a representatividade das entidades dos servidores públicos.

Carona
Domingues já havia chegado ao Palácio do Planalto reclamando que "algumas pessoas estavam pegando carona na audiência", em referência indireta aos líderes da CUT, central historicamente ligada ao PT e que se alinha politicamente com o governo federal.
Os 20 dirigentes sindicais foram recebidos, por cerca de uma hora e meia, pelos ministros José Dirceu (Casa Civil), Ricardo Berzoini (Previdência), Guido Mantega (Planejamento), Luiz Dulci (Secretaria Geral) e pelo secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Luis Fernando Silva.
Em entrevista, Domingues afirmou que a decisão de greve seria tomada neste sábado e assinalou que não havia "nenhuma sinalização objetiva de que poderá haver uma negociação" com o governo sobre a reforma da Previdência.
Minutos depois, Luiz Marinho retomou a palavra: "Eu acho que é uma precipitação, sinceramente falando, tomar uma decisão de greve já, imediatamente".
Em seguida, esvaziou a legitimidade do processo decisório de greve, ao lado do colega Domingues, que ficou visivelmente impaciente.
"Não temos ainda mobilização suficiente para iniciar uma greve dos servidores. Nós, a CUT, não queremos nem gostaríamos de ter que liderar uma greve esvaziada, uma greve que ainda não tem mobilização suficiente. Quantas manifestações nós já fizemos maior que esta?", disse Marinho.
O presidente da CUT chegou a sugerir que as atuais assembléias são "esvaziadas" e que a central só apoiaria uma greve se essa for realmente a decisão das bases.
Segundo os servidores federais, eles formam 40% da CUT.

Divergência
Quando Domingues pegou o microfone para responder, Marinho se retirou da sala, alegando que tinha compromisso no Congresso Nacional, próxima parada do grupo. Antes disso, provocou: "Quero inclusive fazer um apelo para o conjunto de entidades dos servidores por um processo de unidade", declarou.
Domingues rebateu na ausência de Marinho: "Nós nunca pedimos autorização da CUT", declarou. Segundo ele, a atitude de diálogo sem negociação do governo federal fortalece a disposição de promover uma greve. Sobre a representatividade dos sindicatos disse: "Não há nenhuma irresponsabilidade, ninguém vai tomar decisão à revelia. Não são as direções que tomam as decisões".


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