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PT SOB PRESSÃO
Articulação comandada por Dirceu não evitou que pelo menos 26 deputados participassem de manifestação
Petistas ignoram governo e vão a protesto
FERNANDA KRAKOVICS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo não conseguiu impedir a participação de deputados
do PT na manifestação dos servidores públicos contra a reforma
da Previdência feita ontem em
Brasília. A tentativa, capitaneada
pela Casa Civil, teve efeito contrário e acirrou os ânimos dos parlamentares, pois foi considerada
uma intervenção na bancada.
Os deputados decidiram, na
manhã de anteontem, que iriam
em bloco ao ato público e que o líder do partido na Casa, Nelson
Pellegrino (BA), falaria em nome
dos 93 parlamentares petistas. A
decisão, no entanto, foi desautorizada pelo ministro José Dirceu
(Casa Civil), que considerou a atitude uma afronta.
Mesmo assim, um grupo de pelo menos 16 deputados apareceu
no ato público ainda na concentração. "Nesta manifestação, 95%
dos participantes são petistas. Por
isso, seria um absurdo impedir
que deputados do partido participassem deste ato. Do contrário,
seria castrar uma atividade legítima dos parlamentares como representantes do povo", discursou
o deputado Ivan Valente (PT-SP).
Vendo que não conseguiriam
controlar a bancada, o governo e a
direção do PT convocaram uma
reunião na Câmara para organizar a ida à manifestação e buscar
uma saída honrosa para o episódio. Os deputados que já estavam
no protesto foram chamados e
voltaram para a Casa.
Na reunião ficou decidido que
Pellegrino iria à manifestação e falaria em nome da bancada. Foi
formada uma comissão de 11 parlamentares para acompanhá-lo.
Os governistas presentes à reunião obtiveram a garantia de que
ninguém falaria contra o governo.
"É politicamente errado a bancada participar de uma manifestação contra o governo. Os petistas não foram eleitos para fazer
oposição ao governo federal",
afirmou o presidente nacional do
PT, José Genoino, que participou
do encontro e conversou com sindicalistas filiados ao partido também com o objetivo de amenizar
os possíveis ataques ao governo.
Pelo menos 26 petistas foram ao
ato público. Confirmando previsão de Dirceu, a defesa da proposta do governo na manifestação
acabou resultando em vaias e ataques a Pellegrino.
O argumento de Dirceu para
tentar demover os deputados de
ir ao ato era que, caso fossem, só
haveria dois cenários possíveis:
ou atacariam o governo, o que era
inadmissível, ou defenderiam a
proposta e seriam vaiados.
"A avaliação é que muitos iriam
independentemente da orientação da bancada. Então decidimos
criar uma comissão para tentar
administrar a situação", disse o
deputado Paulo Bernardo (PT-PR), um dos principais governistas da bancada.
A maioria dos petistas que foram à passeata ficou circulando
entre os manifestantes criticando
a reforma proposta, mas não falou nos carros de som. O único
ataque público ao governo que
partiu do PT veio dos quatro parlamentares considerados radicais
e que já sofrem processo disciplinar no PT -Heloísa Helena (AL),
Luciana Genro (RS), Babá (PA) e
João Fontes (SE).
Além dos petistas, marcaram
presença representantes da base
aliada, como os deputados Inácio
Arruda, líder da bancada do PC
do B, e Neiva Moreira, líder da
bancada do PDT. Os deputados
Alceu Collares (PDT-RS), Jandira
Feghali (PC do B-RJ) e Vanessa
Grazziotin (PC do B-AM) atacaram a proposta do governo em
discursos.
Deputados que participaram do protesto: Nelson Pellegrino (BA), Walter Pinheiro (BA), João Alfredo (CE), Neyde Aparecida (GO), Henrique Fontana (RS), Maninha (DF), Lindberg Farias (RJ), Paulo Rubem (PE), Carlos Abicalil (MT), Maria do
Rosário (RS), Arlindo Chinaglia (SP),
Francisca Trindade (PI), Ivan Valente
(SP), Tarcisio Zimmermann (RS), Chico
Alencar (RJ), Gilmar Machado (MG), Orlando Desconsi (RS), Dr. Rosinha (PR),
Mauro Passos (SC), Wasny de Roure (DF),
Luciano Zica (SP), Orlando Fantazzini
(SP), Luciana Genro (RS), João Fontes
(SE), Babá (PA) e Ary Vanazzi (RS).
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