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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"
Ministro da Casa Civil diz que Jefferson é "réu"; Genoino classifica declarações de mentirosas e Janene nega ter distribuído mesada
Acusação é infundada e deputado quer ser vítima, afirma Dirceu
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
O ministro-chefe da Casa Civil,
José Dirceu, afirmou na noite de
ontem que as acusações feitas pelo presidente do PTB, Roberto Jefferson (RJ), em entrevista à Folha,
são "absolutamente infundadas".
Também refutaram as declarações do petebista o presidente do
PT, José Genoino, e o líder do PP
na Câmara, José Janene (PR).
"Ele [Jefferson] quer se transformar em vítima, mas ele é réu. A
sociedade não pode aceitar que
ele faça essas declarações sem
provas, como ele mesmo diz, testesmunhais ou documentais, que
ele acuse a Polícia Federal, um jornal e uma rede de TV de estarem
sendo utilizados por mim", disse
o ministro, que afirmou estar "absolutamente tranqüilo".
"O Congresso está instalando
uma CPI para investigar os fatos,
a PF e o Ministério Público estão
investigando. Estamos numa democracia e vamos aguardar as investigações. Vamos continuar governando, como é o nosso dever.
O Congresso vai continuar legislando, e a sociedade, fiscalizando", afirmou. "Mas eu não posso
aceitar em hipótese nenhuma o
que o deputado está colocando
para o país sem provas e nem que
faça acusações absolutamente infundadas contra a minha pessoa e
integrantes do governo."
Citado por Jefferson como sendo um "operador" de Dirceu, Janene negou a acusação e disse que
o petebista é "louco", "canalha" e
"maníaco-depressivo". "Ele tem
que apresentar um mínimo de
evidências. E precisa fazer um
exame de sanidade mental."
Janene negou também ter feito
gestões junto ao governo para impedir a mudança na diretoria de
Engenharia de Furnas, para que o
posto fosse destinado a um apadrinhado de Jefferson.
O líder afirmou que sempre tratou com Dirceu de maneira institucional e que entrará com ação
criminal no Supremo Tribunal
Federal. "Ele [Jefferson] tem que
apresentar provas ou terá que responder na Justiça."
Já Genoino disse ontem que as
acusações feitas por Jefferson, a
quem chamou de "um poço cheio
de ódios", são mentirosas. O partido, afirmou ele, entrará na Justiça contra o parlamentar.
"Ele [Jefferson] mente. São acusações infundadas, mentirosas,
agressivas e cheias de ódio. Ele
não tem limites para acusar as
pessoas sem provas. O PT não
participa nem participou da compra de votos ou de apoios."
Em entrevista à Folha, Jefferson
afirmou que Genoino participou
de reuniões para discutir o pagamento a parlamentares, o que foi
negado ontem pelo presidente do
PT. Quanto ao publicitário Marcos Valério, citado por Jefferson
como o "operador" do pagamento irregular aos deputados, Genoino também disse ser mentira.
"Marcos Valério nunca fez esse tipo de coisa, ele não é desse tipo."
"Ele [Jefferson] inventa, cria,
chega ao ponto de fazer histórias e
avaliações, denunciando de maneira irresponsável e mentirosa
quem ele quer. Ele quer sair da
condição de acusado para ser acusador", afirmou Genoino.
O líder do governo na Câmara,
Arlindo Chinaglia (PT-SP), confirmou ontem o encontro citado
por Jefferson em entrevista à Folha. "Fui para entender a situação
e agir como líder do governo. Ele
estava muito "bronqueado". Não
discuti cargos -nem é essa a minha função. Queria apenas entender o que estava acontecendo."
O publicitário Marcos Valério
não foi localizado ontem. Delúbio
Soares esteve ontem na sede do
partido, mas saiu sem dar entrevista. Na sua casa e no celular,
ninguém atendeu. O celular do
secretário-geral do PT, Silvio Pereira, estava desligado.
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