São Paulo, domingo, 12 de junho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"

Ministro da Casa Civil diz que Jefferson é "réu"; Genoino classifica declarações de mentirosas e Janene nega ter distribuído mesada

Acusação é infundada e deputado quer ser vítima, afirma Dirceu

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, afirmou na noite de ontem que as acusações feitas pelo presidente do PTB, Roberto Jefferson (RJ), em entrevista à Folha, são "absolutamente infundadas". Também refutaram as declarações do petebista o presidente do PT, José Genoino, e o líder do PP na Câmara, José Janene (PR).
"Ele [Jefferson] quer se transformar em vítima, mas ele é réu. A sociedade não pode aceitar que ele faça essas declarações sem provas, como ele mesmo diz, testesmunhais ou documentais, que ele acuse a Polícia Federal, um jornal e uma rede de TV de estarem sendo utilizados por mim", disse o ministro, que afirmou estar "absolutamente tranqüilo".
"O Congresso está instalando uma CPI para investigar os fatos, a PF e o Ministério Público estão investigando. Estamos numa democracia e vamos aguardar as investigações. Vamos continuar governando, como é o nosso dever. O Congresso vai continuar legislando, e a sociedade, fiscalizando", afirmou. "Mas eu não posso aceitar em hipótese nenhuma o que o deputado está colocando para o país sem provas e nem que faça acusações absolutamente infundadas contra a minha pessoa e integrantes do governo."
Citado por Jefferson como sendo um "operador" de Dirceu, Janene negou a acusação e disse que o petebista é "louco", "canalha" e "maníaco-depressivo". "Ele tem que apresentar um mínimo de evidências. E precisa fazer um exame de sanidade mental."
Janene negou também ter feito gestões junto ao governo para impedir a mudança na diretoria de Engenharia de Furnas, para que o posto fosse destinado a um apadrinhado de Jefferson.
O líder afirmou que sempre tratou com Dirceu de maneira institucional e que entrará com ação criminal no Supremo Tribunal Federal. "Ele [Jefferson] tem que apresentar provas ou terá que responder na Justiça."
Já Genoino disse ontem que as acusações feitas por Jefferson, a quem chamou de "um poço cheio de ódios", são mentirosas. O partido, afirmou ele, entrará na Justiça contra o parlamentar.
"Ele [Jefferson] mente. São acusações infundadas, mentirosas, agressivas e cheias de ódio. Ele não tem limites para acusar as pessoas sem provas. O PT não participa nem participou da compra de votos ou de apoios."
Em entrevista à Folha, Jefferson afirmou que Genoino participou de reuniões para discutir o pagamento a parlamentares, o que foi negado ontem pelo presidente do PT. Quanto ao publicitário Marcos Valério, citado por Jefferson como o "operador" do pagamento irregular aos deputados, Genoino também disse ser mentira. "Marcos Valério nunca fez esse tipo de coisa, ele não é desse tipo."
"Ele [Jefferson] inventa, cria, chega ao ponto de fazer histórias e avaliações, denunciando de maneira irresponsável e mentirosa quem ele quer. Ele quer sair da condição de acusado para ser acusador", afirmou Genoino.
O líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), confirmou ontem o encontro citado por Jefferson em entrevista à Folha. "Fui para entender a situação e agir como líder do governo. Ele estava muito "bronqueado". Não discuti cargos -nem é essa a minha função. Queria apenas entender o que estava acontecendo."
O publicitário Marcos Valério não foi localizado ontem. Delúbio Soares esteve ontem na sede do partido, mas saiu sem dar entrevista. Na sua casa e no celular, ninguém atendeu. O celular do secretário-geral do PT, Silvio Pereira, estava desligado.

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