São Paulo, domingo, 12 de junho de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Planalto avalia que manter Delúbio e dar entrevista foi erro grave do PT

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Existe reciprocidade na relação PT-governo. Da mesma forma com que o comando do PT se queixa dos ministros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, integrantes do governo desfiam críticas à estratégia adotada pelo partido em meio à crise, especialmente à decisão de manter seu tesoureiro, Delúbio Soares, na Executiva e, ainda por cima, submetê-lo a uma entrevista.
A falta de eloqüência do tesoureiro, lamentam, teria passado a idéia de um homem acuado. Há queixas inclusive quanto ao momento da entrevista, realizada depois de seis horas de reunião da Executiva, cuja convocação também é questionada.
De Brasília, o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), chegou a telefonar para o presidente nacional do PT, José Genoino, pedindo que reconsiderasse a disposição de preservar Delúbio na secretaria de finanças do partido. Prometendo solidariedade a Genoino qualquer que fosse sua decisão, Mercadante apelou ainda para que não houvesse a entrevista. Teria dito que essa exposição só alimentaria a crise política.
Ainda segundo petistas, os dois discordaram sobre a oportunidade da instalação de CPIs. Mercadante, a favor. Genoino, contra. A um petista, Mercadante descreveu como duro o tom da conversa. À Folha, minimizou o grau de animosidade. Questionado sobre o teor da discussão, manifestou apoio a Genoino. "Sou totalmente solidário a Genoino. Se fiz ponderações, foi para mostrar idéias", disse Mercadante.

Gushiken
Segundo freqüentadores do Planalto, o secretário de Comunicação, Luiz Gushiken, também reprovou a opção por entrevista. Avalia que a divulgação de uma nota seria mais apropriada.
Além disso, há reclamações quanto ao conteúdo de entrevistas concedidas por Genoino. Ao falar de rumos do governo, ele estaria se comportando como ministro. E, por maior que seja sua intimidade com Lula, a distância geográfica não permite que esteja totalmente instruído sobre os passos do governo.
Até petistas de fora do governo condenaram a instituição de uma reunião permanente na sede do PT. Mais ainda a convocação de uma reunião da Executiva em caráter emergencial.
A movimentação dos petistas atraiu a imprensa para a porta do partido e, à entrada, os participantes expunham suas divergências sobre a crise.
A cúpula petista, por sua vez, se queixa do comportamento dos ministros que defenderam, pública e internamente, o afastamento de Delúbio Soares.

Texto Anterior: Escândalo do "mensalão": Acusação é infundada e deputado quer ser vítima, afirma Dirceu
Próximo Texto: Tucanos querem investigar suposta mesada no governo Marta Suplicy
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.