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Planalto avalia que manter Delúbio e dar entrevista foi erro grave do PT
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Existe reciprocidade na relação
PT-governo. Da mesma forma
com que o comando do PT se
queixa dos ministros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, integrantes do governo desfiam críticas à estratégia adotada pelo partido em meio à crise, especialmente à decisão de manter seu tesoureiro, Delúbio Soares, na Executiva e, ainda por cima, submetê-lo a uma entrevista.
A falta de eloqüência do tesoureiro, lamentam, teria passado a
idéia de um homem acuado. Há
queixas inclusive quanto ao momento da entrevista, realizada depois de seis horas de reunião da
Executiva, cuja convocação também é questionada.
De Brasília, o líder do governo
no Senado, Aloizio Mercadante
(PT-SP), chegou a telefonar para
o presidente nacional do PT, José
Genoino, pedindo que reconsiderasse a disposição de preservar
Delúbio na secretaria de finanças
do partido. Prometendo solidariedade a Genoino qualquer que
fosse sua decisão, Mercadante
apelou ainda para que não houvesse a entrevista. Teria dito que
essa exposição só alimentaria a
crise política.
Ainda segundo petistas, os dois
discordaram sobre a oportunidade da instalação de CPIs. Mercadante, a favor. Genoino, contra. A
um petista, Mercadante descreveu como duro o tom da conversa. À Folha, minimizou o grau de
animosidade. Questionado sobre
o teor da discussão, manifestou
apoio a Genoino. "Sou totalmente
solidário a Genoino. Se fiz ponderações, foi para mostrar idéias",
disse Mercadante.
Gushiken
Segundo freqüentadores do Planalto, o secretário de Comunicação, Luiz Gushiken, também reprovou a opção por entrevista.
Avalia que a divulgação de uma
nota seria mais apropriada.
Além disso, há reclamações
quanto ao conteúdo de entrevistas concedidas por Genoino. Ao
falar de rumos do governo, ele estaria se comportando como ministro. E, por maior que seja sua
intimidade com Lula, a distância
geográfica não permite que esteja
totalmente instruído sobre os
passos do governo.
Até petistas de fora do governo
condenaram a instituição de uma
reunião permanente na sede do
PT. Mais ainda a convocação de
uma reunião da Executiva em caráter emergencial.
A movimentação dos petistas
atraiu a imprensa para a porta do
partido e, à entrada, os participantes expunham suas divergências sobre a crise.
A cúpula petista, por sua vez, se
queixa do comportamento dos
ministros que defenderam, pública e internamente, o afastamento
de Delúbio Soares.
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