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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"
Governistas se rendem à avaliação de que comissão deve estender investigação a outros casos, como o da suposta mesada a deputados
CPI não deve se restringir a Correios, diz base
RANIER BRAGON
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Mesmo tendo aprovado um parecer que limita a CPI dos Correios à estatal e tendo jogado todas as fichas para controlar os
postos-chave da comissão, líderes
governistas se renderam à avaliação de que a investigação vai gerar
ramificações e deve chegar a outros casos, entre eles o suposto pagamento de mesada a deputados.
"É ilusão alguém pensar que vai
restringir a investigação ao fato
determinado [os Correios]", afirmou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). "Se
houver uma conexão, não tem jeito de restringir", reforçou o líder
do governo no Congresso, senador Fernando Bezerra (PTB-RN).
Um termômetro do que pode se
transformar a CPI deve ocorrer
na terça-feira, quando governo e
oposição voltam a medir forças
na comissão e o pivô da atual crise
política, Roberto Jefferson, presidente do PTB, comparece no
mesmo horário ao Conselho de
Ética da Câmara para prestar um
depoimento aberto.
Durante os últimos dias, petebistas se revezaram no apartamento do presidente do partido,
em Brasília. Com a desculpa oficial de prestar solidariedade ao
correligionário, vários tiveram a
missão de medir o humor de Jefferson e sondar o que ele pretende
dizer no depoimento ao conselho.
"Só ele sabe o que vai dizer",
disse um dos petebistas ouvidos
pela Folha. Apesar disso, a avaliação que o partido fazia na sexta
era que Jefferson estava mais calmo e prometia não fazer nova revelação, apesar de reafirmar sempre que vai provar a acusação de
que o tesoureiro do PT, Delúbio
Soares, pagava mesada de R$ 30
mil a deputados do PP e do PL.
Hoje, Jefferson diz à Folha que
não tem provas das acusações que
fez na semana passada e faz novas
revelações sobre o "mensalão".
Enquanto mantém os olhos
grudados na sala em que Jefferson
deporá, o governo tentará emplacar seus escolhidos na presidência
e na relatoria da CPI, instalada na
semana passada.
A oposição quer o senador César Borges (PFL-BA) em um dos
postos de comando.
O governo não aceita e tentará
aprovar no voto -já que tem
apoio de 19 dos 32 integrantes- o
senador Delcídio Amaral (PT-MS) para a presidência e o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) para a relatoria.
Na semana passada, o Planalto
conseguiu, em acordo com o
PSDB, aprovar parecer na Comissão de Constituição e Justiça que
declara a CPI constitucional apenas na parte que cita os Correios.
O fato é que nem governo nem
oposição dão muita importância
a isso, já que é impensável que algum governista vá recorrer a essa
decisão caso surja conexão consistente nas investigações que fujam aos limites dos Correios.
O fato é que o Congresso está
praticamente paralisado devido à
profusão de pedidos de CPIs (cinco) que surgiram no rastros da
crise. Devido a isso, Renan e o
presidente da Câmara, Severino
Cavalcanti (PP-PE), foram chamados ao Planalto para audiência
amanhã, às 19h, com o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
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