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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"
O PL, uma das siglas acusadas por Roberto Jefferson de ganhar mesada, foi uma das legendas que mais inchou na atual legislatura
Troca-troca recorde favorece aliados do PT
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Movido ou não a "mensalão", o
troca-troca de partidos bateu recorde entre os deputados na atual
legislatura e beneficiou os quatro
maiores aliados do PT na base política de apoio ao governo.
O PL, um dos partidos acusados
de receber o "mensalão" pelo deputado Roberto Jefferson (PTB)
em entrevista concedida à Folha,
foi a sigla que mais cresceu no
grupo, integrado também pelo
PMDB, PTB e PP (outro acusado), registra a Coordenação de
Movimentação Parlamentar da
Câmara dos Deputados.
O partido do vice-presidente José Alencar começou a crescer entre a eleição e a posse dos deputados, quatro meses depois. A bancada mais do que dobrou em pouco mais de dois anos. O PTB, que
teria recusado o esquema das mesadas, segundo o deputado Roberto Jefferson, seguiu o mesmo
caminho de engorda.
O PP chegou a perder deputados antes de se aliar ao Planalto.
Depois disso, cresceu até se transformar no terceiro maior partido
da base governista. "O partido vai
para a base, essa história de independência é conversa fiada", resumiu o então "rei do baixo clero"
Severino Cavalcanti (PP-PE) na
convenção de abril de 2003, momento da virada.
Menos de dois anos depois, recém-eleito presidente da Câmara,
o deputado sugeriu em entrevista
à Folha que deputados trocavam
de partido por R$ 20 mil, R$ 30
mil. Condenou a infidelidade partidária. Mas as críticas ao troca-troca de partido juntaram-se
-no esquecimento- a outras
feitas no passado pelo atual chefe
da Casa Civil, José Dirceu, nos
tempos em que presidia o PT.
Fermento governista
Se o PP chegou a perder oito deputados antes de se aliar ao governo, o PL começou a crescer logo
depois da posse de Lula, junto
com o PTB de Jefferson. No curto
período entre a eleição e a posse
dos deputados, o número de integrantes da bancada do PTB saltou
de 26 para 35. Atualmente, conta
47 deputados.
O ex-tucano Jovair Arantes, que
trocou o PSDB pelo PTB em 2003,
disse que nunca ouvira falar de
mesada a parlamentares que passassem para a base política do governo Lula. "A primeira vez que
ouvi falar de mesada foi agora. O
governador falou, quem tem de
responder é ele", disse.
O governador Marconi Perillo
(PSDB-GO), que afirmou ter levado o caso do mensalão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva há
um ano, antes mesmo de Jefferson, viajou para Paris sem dar detalhes das denúncias. O Planalto
também não as respondeu.
PSDB encolhe
O PSDB de Perillo foi o partido
que mais perdeu deputados, depois do PFL, companheiro dos tucanos na oposição.
Entre os partidos que encolheram, encontram-se dois aliados
do Planalto à esquerda: PSB e PC
do B perderam, juntos, 12 deputados na atual legislatura.
Procurados pela Folha desde o
início da semana, congressistas
que trocaram de partido para
aderir à base governista também
disseram desconhecer o mensalão ou evitaram o assunto.
Enio Tatico (PL-GO) registrou
quatro mudanças em pouco mais
de dois anos. O parlamentar foi
eleito pelo minúsculo PSC e passou pelo PL, PTB e PMDB antes
de voltar para o PL.
O chefe de gabinete do deputado, Ricardo Tatico, seu primo,
disse que as mudanças ocorreram
por "questões de acomodação
dentro do Estado", atribuindo ao
próprio Perillo a última mudança
para o PL.
Recordista no troca-troca partidário, o deputado Zequinha Marinho (PA) se recusa a falar sobre
o assunto, segundo a assessoria.
Eleito pelo PDT, passou pelo PTB,
PSC e PMDB, ficou um tempo
sem partido até voltar ao PMDB,
ficou mais um tempo sem partido
e voltou ao PSC em março deste
ano.
Colaborou CHICO DE GOIS, enviado especial a Brasília
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