São Paulo, segunda-feira, 12 de junho de 2006

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Painel

Renata Lo Prete
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Máquina do tempo

O slogan era "Alckmin 2006", mas na convenção tucana, ontem em Belo Horizonte, o clima estava mais para "Aécio 2010". A cidade escolhida ajuda a explicar o fenômeno, mas há outros dois fatores: a atual fragilidade de Alckmin na comparação com Lula e a operação já desencadeada em Minas para construir a candidatura presidencial do governador que todos consideram reeleito. Operação que envolve os tucanos do Estado, o vice José Alencar (PRB), o ministro Mares Guia (PTB) e até o prefeito petista da capital, Fernando Pimentel, que espera disputar o governo, daqui a quatro anos, apoiado por um guarda-chuva partidário amplo como o de Aécio. Que partiria de Minas unida para conquistar o Planalto. Como Tancredo em 1985.

Pedra cantada. Em mesa tucana sábado à noite, os comensais previam o que Arthur Virgílio diria ao encontrar Alckmin, após declarar em entrevista que José Serra seria melhor candidato. Venceu a frase "Deturparam o que eu falei". Foi exatamente a proferida pelo senador ontem quando viu o presidenciável.

A suspeita. Outro jantar em BH reuniu Serra, o deputado Jutahy Jr. e o candidato tucano ao Senado pela Bahia, Antonio Imbassahy. Os três passaram mal depois. Cada um havia pedido um prato diferente. Em comum, comeram apenas azeitona.

Os Maias. Às turras com o anfitrião Aécio Neves, o prefeito Cesar e seu filho Rodrigo foram as ausências pefelistas mais notadas na convenção do aliado PSDB.

Correio elegante. O senador Heráclito Fortes (PI), um dos pefelistas mais próximos a FHC, enviou ao ex-presidente na convenção um bilhete no qual dizia que o tucano costumava receber, em uma semana, mais parlamentares do que Lula em um ano.

Última hora. O "TSEnami" da semana passada fez com que a cédula tucana ficasse pronta apenas no sábado. Uma das questões apresentadas aos convencionais dizia respeito à aliança com o PFL, que chegou a balançar diante da incerteza produzida pela Justiça Eleitoral.

Dançando. Petistas temem pela reeleição de Angela Guadagnin. Não só pela Dança do Mensalão, mas porque São José dos Campos (SP), base da deputada, terá candidato a federal considerado peso-pesado: o ex-prefeito e ex-secretário estadual da Habitação Emanuel Fernandes (PSDB).

Parada dura. Também João Paulo Cunha sofrerá em Osasco, onde Francisco Rossi (PMDB) será candidato a deputado. Mas os petistas avaliam que o ex-presidente da Câmara tem mais meios de sobreviver ao embate.

Legalistas. O PMDB combate a idéia de comitê conjunto de Lula e do governador tucano Cássio Cunha Lima. A sigla, que negocia o apoio do PT na Paraíba, promete ir à Justiça Eleitoral. Alega que a chapa "Luca" fere a verticalização.

Pepino. Adiada pelas idas e vindas do TSE, a decisão sobre o pedido de intervenção no PFL de Goiás sai nesta semana. O relator, senador Cesar Borges, deve atender ao pedido do colega Demóstenes Torres, que prega candidatura própria no Estado.

Com teto 1. Portaria da Prefeitura de São Paulo limitou em 2,9% os juros de empréstimos consignados contraídos por seus funcionários. Hoje, 86 mil servidores devem um total de R$ 628 mi.

Com teto 2. SP foi pioneira no credenciamento de entidades para crédito consignado. Como ocorreu no governo federal, quando a gestão petista adotou a medida só o BMG estava pronto a atuar. Um terço dos funcionários que tomaram empréstimos são devedores do BMG.

Tiroteio

Como se não bastasse cuidar secretamente da defesa de Antonio Palocci e se reunir às escondidas com Daniel Dantas, Márcio Thomaz Bastos agora faz campanha para o PT sentado na cadeira de ministro da Justiça.


De SIDNEY BERALDO , presidente do PSDB de São Paulo, sobre o discurso de Thomaz Bastos na convenção do PT paulista, no qual o ministro defendeu a saída do "grupo que está há 12 anos no poder" no Estado.

Contraponto

Tudo como antes

O candidato a vice de Geraldo Alckmin, José Jorge (PFL-PE), encontrou o líder do PMDB, Ney Suassuna (PB), em sessão de uma das comissões do Senado.
-Ney, você só defende o Lula. Tem de elogiar o Alckmin também. Afinal de contas, se ganharmos a eleição em outubro, vocês serão governo mesmo.
Suassuna concordou com o colega:
-Qualquer um que vencer vai precisar do PMDB.
-Então podemos fazer desde já o acordo: se vencermos, o líder será o mesmo, Romero Jucá.
Ex-PSDB, ex-PFL e hoje PMDB, Jucá foi vice-líder no governo de Fernando Henrique Cardoso.


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