|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Frei Chico, irmão de Lula, diz que advertiu Vavá em ligação
Em entrevista à Globo, ele admite que chamou atenção de irmão antes da ação da PF
No telefonema, Vavá foi chamado para reunião
em Brasília por causa de suposto lobby; advogado de Frei Chico deve falar hoje
Luiz Carlos Murauskas - 30.out.2002/Folha Imagem
|
Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão de Lula indiciado pela PF |
DA REPORTAGEM LOCAL
José Ferreira da Silva, o Frei
Chico, outro irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
admitiu ontem à noite ao "Jornal da Globo" ter ligado no dia
20 de maio deste ano a Genival
Inácio da Silva, o Vavá, para advertir o irmão de que ele estaria
fazendo um suposto lobby no
governo e marcar um encontro
dele com Lula em Brasília.
No diálogo interceptado pela
Polícia Federal, um homem,
identificado apenas como Roberto no relatório da Operação
Xeque-Mate, deflagrada no dia
4 de junho, adverte: "É, mas,
Vavá, eu quero saber, Vavá, por
que tem umas broncas lá, que
você anda apresentando uma
pessoa lá nos ministérios e
ele..." "Eu?", corta Vavá.
Frei Chico disse ontem que
há um Roberto na família. "É
um primo de segundo, terceiro
[grau], casado com uma prima
nossa, em segundo [grau]." Em
seguida, afirmou: "As broncas a
gente que cria para tentar pôr
medo no Vavá".
Pouco antes, em entrevista
por telefone, veiculada pelo
"Jornal Nacional", Frei Chico
havia admitido ter ligado para
Vavá, mas não confirmou se teve com ele o diálogo apresentado pela PF. Segundo o "JN", ele
também teria se recusado a ouvir a gravação para identificar
sua voz e disse não se lembrar
ao certo do teor da conversa.
Frei Chico, na entrevista ao
"JN", deu versão diferente ao
que mostra o diálogo do dia 20.
Segundo ele, o telefonema foi
para pedir a Vavá que ele não
fosse a Brasília por conta de
problemas de saúde. "O Vavá
disse qualquer coisa que estava
indo a Brasília. Eu falei para ele:
não vai, porque você sabe que
não vai ter como..." Mais adiante, diz que o presidente não
aceitaria pressões: "O Lula,
desde o começo não deixou parente nenhum se meter".
Vavá, no entanto, ainda segundo Frei Chico, não teria levado a sério a orientação.
Já nas gravações da PF, o homem identificado como Roberto disse a Vavá que Lula queria
recebê-lo em sua casa.
Antes de Frei Chico admitir a
ligação a Vavá, a Folha havia ligado para o número que aparece no relatório da PF, em São
Caetano do Sul (ABC), e conversou com um homem, que se
identificou como Luciano.
Ele disse ser filho de Frei
Chico e afirmou que o telefone
pertence à família. Segundo
ele, desde a revelação pela imprensa do telefonema, tem recomendado ao pai que dê uma
entrevista sobre o assunto para
esclarecer o caso. Mais tarde,
em outro telefonema, Luciano
disse à Folha que o advogado
Iberê Bandeira de Mello falará
hoje em nome do pai dele.
Frei Chico é um dos irmãos
mais velhos de Lula e quem levou o presidente para o sindicalismo. Assim como Vavá, ele
é muito conhecido nos sindicatos do ABC, onde atua como
consultor. Em 2005, surgiram
as primeiras acusações de que
os dois estariam defendendo
interesses de empresários em
Brasília. Ambos negaram e tiveram problemas de saúde.
A Folha foi até o endereço
em que mora a família de Frei
Chico ontem à noite. Segundo
um porteiro, a família havia
deixado o local. Em seguida,
uma mulher que se identificou
como Carla, mulher de Luciano, afirmou que a família não
estava, mas que morava no
apartamento.
Até o fechamento desta edição, Frei Chico não havia respondido aos pedidos de entrevista da reportagem.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Vavá tentava lobby em Brasília, diz empresário Índice
|