São Paulo, terça-feira, 12 de junho de 2007

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Frei Chico, irmão de Lula, diz que advertiu Vavá em ligação

Em entrevista à Globo, ele admite que chamou atenção de irmão antes da ação da PF

No telefonema, Vavá foi chamado para reunião em Brasília por causa de suposto lobby; advogado de Frei Chico deve falar hoje


Luiz Carlos Murauskas - 30.out.2002/Folha Imagem
Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão de Lula indiciado pela PF


DA REPORTAGEM LOCAL

José Ferreira da Silva, o Frei Chico, outro irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu ontem à noite ao "Jornal da Globo" ter ligado no dia 20 de maio deste ano a Genival Inácio da Silva, o Vavá, para advertir o irmão de que ele estaria fazendo um suposto lobby no governo e marcar um encontro dele com Lula em Brasília.
No diálogo interceptado pela Polícia Federal, um homem, identificado apenas como Roberto no relatório da Operação Xeque-Mate, deflagrada no dia 4 de junho, adverte: "É, mas, Vavá, eu quero saber, Vavá, por que tem umas broncas lá, que você anda apresentando uma pessoa lá nos ministérios e ele..." "Eu?", corta Vavá.
Frei Chico disse ontem que há um Roberto na família. "É um primo de segundo, terceiro [grau], casado com uma prima nossa, em segundo [grau]." Em seguida, afirmou: "As broncas a gente que cria para tentar pôr medo no Vavá".
Pouco antes, em entrevista por telefone, veiculada pelo "Jornal Nacional", Frei Chico havia admitido ter ligado para Vavá, mas não confirmou se teve com ele o diálogo apresentado pela PF. Segundo o "JN", ele também teria se recusado a ouvir a gravação para identificar sua voz e disse não se lembrar ao certo do teor da conversa.
Frei Chico, na entrevista ao "JN", deu versão diferente ao que mostra o diálogo do dia 20. Segundo ele, o telefonema foi para pedir a Vavá que ele não fosse a Brasília por conta de problemas de saúde. "O Vavá disse qualquer coisa que estava indo a Brasília. Eu falei para ele: não vai, porque você sabe que não vai ter como..." Mais adiante, diz que o presidente não aceitaria pressões: "O Lula, desde o começo não deixou parente nenhum se meter".
Vavá, no entanto, ainda segundo Frei Chico, não teria levado a sério a orientação.
Já nas gravações da PF, o homem identificado como Roberto disse a Vavá que Lula queria recebê-lo em sua casa.
Antes de Frei Chico admitir a ligação a Vavá, a Folha havia ligado para o número que aparece no relatório da PF, em São Caetano do Sul (ABC), e conversou com um homem, que se identificou como Luciano.
Ele disse ser filho de Frei Chico e afirmou que o telefone pertence à família. Segundo ele, desde a revelação pela imprensa do telefonema, tem recomendado ao pai que dê uma entrevista sobre o assunto para esclarecer o caso. Mais tarde, em outro telefonema, Luciano disse à Folha que o advogado Iberê Bandeira de Mello falará hoje em nome do pai dele.
Frei Chico é um dos irmãos mais velhos de Lula e quem levou o presidente para o sindicalismo. Assim como Vavá, ele é muito conhecido nos sindicatos do ABC, onde atua como consultor. Em 2005, surgiram as primeiras acusações de que os dois estariam defendendo interesses de empresários em Brasília. Ambos negaram e tiveram problemas de saúde.
A Folha foi até o endereço em que mora a família de Frei Chico ontem à noite. Segundo um porteiro, a família havia deixado o local. Em seguida, uma mulher que se identificou como Carla, mulher de Luciano, afirmou que a família não estava, mas que morava no apartamento.
Até o fechamento desta edição, Frei Chico não havia respondido aos pedidos de entrevista da reportagem.


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