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REGIME MILITAR
Representantes das Forças Armadas criticam reabertura do caso; ministro da Defesa acata decisão
Para militares, Riocentro é "passado"
da Sucursal de Brasília
Militares ouvidos pela Folha entendem que o caso Riocentro é tema do passado e que não deve ser
relembrado passados 18 anos. "Sugiro que se reúnam as pedras para
construir o futuro e que se pare de
jogar pedras no passado. Isso não
faz bem ao Brasil", disse o general
Luciano Casales, comandante de
Operações Terrestres do Exército.
O ministro da Defesa, Elcio Alvares, afirmou ontem que as Forças
Armadas respeitam a abertura do
caso Riocentro pelo Judiciário e esperam o resultado do processo,
dentro da ordem constitucional e
de uma visão legalista. "Compete a
todos acatar a decisão judicial."
"Nossas Forças Armadas têm
reiteradamente se declarado em
uma posição legalista e dentro da
ordem constitucional", disse Elcio.
Casales disse que preferia não tecer mais comentários sobre assuntos do Poder Judiciário, mas admitiu ser "dever" do Ministério Público rever os assuntos de seu interesse.
Na opinião do comandante de
Operações Terrestres, "a tropa não
quer saber" das evoluções do caso
Riocentro. A opinião foi partilhada pelo general Joelcio de Campos
Silveira, comandante Militar do
Nordeste. "Lá no Nordeste ninguém toma conta desse caso. Vamos aguardar o andar da carruagem", afirmou.
O comandante da Aeronáutica,
brigadeiro Walter Bräuer, disse
que não conhecia os detalhes do
caso Riocentro. Afirmou apenas
que, embora a Aeronáutica não tenha relação com o caso, considerava "uma incógnita" a reação das
tropas à reabertura. "Deixe as coisas acontecerem. Reservo-me o direito de não opinar."
Internet
Oficialmente, o Ccomsex (Centro de Comunicação Social do
Exército) não quis comentar o pedido de reabertura do caso Riocentro. Segundo o centro, o que o comandante da Força, general Gleuber Vieira, tinha a dizer sobre o assunto estava na home page (endereço eletrônico na Internet) do
Exército.
O site da Força reproduz com
destaque uma entrevista de Gleuber Vieira ao jornal "O Estado de S.
Paulo". Perguntado sobre o caso
Riocentro, o então ministro afirmou: "Esse assunto inquieta na
medida em que não vemos reciprocidade no abandono de ressentimentos e discordâncias."
Gleuber Vieira acrescentou:
"Nós nunca pensamos em pedir a
reabertura de inquérito envolvendo personalidades (...) de hoje que,
no passado, estiveram envolvidas
em assalto a bancos, sequestros,
assassinatos e atos de terrorismo".
O ministro da Defesa e o presidente Fernando Henrique Cardoso participaram ontem da cerimônia em que a Marinha comemorou
o dia da Batalha do Riachuelo,
ocorrida durante a Guerra do Paraguai.
"A expectativa (pela reabertura
do processo) não é só das Forças
Armadas, mas de toda a sociedade", afirmou o ministro Alvares.
"Aguardamos os desdobramentos." Ele classificou o assunto como "controvertido".
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