São Paulo, Sábado, 12 de Junho de 1999
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REGIME MILITAR
Representantes das Forças Armadas criticam reabertura do caso; ministro da Defesa acata decisão
Para militares, Riocentro é "passado"

da Sucursal de Brasília

Militares ouvidos pela Folha entendem que o caso Riocentro é tema do passado e que não deve ser relembrado passados 18 anos. "Sugiro que se reúnam as pedras para construir o futuro e que se pare de jogar pedras no passado. Isso não faz bem ao Brasil", disse o general Luciano Casales, comandante de Operações Terrestres do Exército.
O ministro da Defesa, Elcio Alvares, afirmou ontem que as Forças Armadas respeitam a abertura do caso Riocentro pelo Judiciário e esperam o resultado do processo, dentro da ordem constitucional e de uma visão legalista. "Compete a todos acatar a decisão judicial."
"Nossas Forças Armadas têm reiteradamente se declarado em uma posição legalista e dentro da ordem constitucional", disse Elcio.
Casales disse que preferia não tecer mais comentários sobre assuntos do Poder Judiciário, mas admitiu ser "dever" do Ministério Público rever os assuntos de seu interesse.
Na opinião do comandante de Operações Terrestres, "a tropa não quer saber" das evoluções do caso Riocentro. A opinião foi partilhada pelo general Joelcio de Campos Silveira, comandante Militar do Nordeste. "Lá no Nordeste ninguém toma conta desse caso. Vamos aguardar o andar da carruagem", afirmou.
O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Walter Bräuer, disse que não conhecia os detalhes do caso Riocentro. Afirmou apenas que, embora a Aeronáutica não tenha relação com o caso, considerava "uma incógnita" a reação das tropas à reabertura. "Deixe as coisas acontecerem. Reservo-me o direito de não opinar."

Internet
Oficialmente, o Ccomsex (Centro de Comunicação Social do Exército) não quis comentar o pedido de reabertura do caso Riocentro. Segundo o centro, o que o comandante da Força, general Gleuber Vieira, tinha a dizer sobre o assunto estava na home page (endereço eletrônico na Internet) do Exército.
O site da Força reproduz com destaque uma entrevista de Gleuber Vieira ao jornal "O Estado de S. Paulo". Perguntado sobre o caso Riocentro, o então ministro afirmou: "Esse assunto inquieta na medida em que não vemos reciprocidade no abandono de ressentimentos e discordâncias."
Gleuber Vieira acrescentou: "Nós nunca pensamos em pedir a reabertura de inquérito envolvendo personalidades (...) de hoje que, no passado, estiveram envolvidas em assalto a bancos, sequestros, assassinatos e atos de terrorismo".
O ministro da Defesa e o presidente Fernando Henrique Cardoso participaram ontem da cerimônia em que a Marinha comemorou o dia da Batalha do Riachuelo, ocorrida durante a Guerra do Paraguai.
"A expectativa (pela reabertura do processo) não é só das Forças Armadas, mas de toda a sociedade", afirmou o ministro Alvares. "Aguardamos os desdobramentos." Ele classificou o assunto como "controvertido".


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