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Bispo diz ter sido preso por Campelo nos anos 70
da Agência Folha, em Fortaleza
O bispo de Viana (252 km de São
Luís), Xavier Gilles, reagiu com indignação à nomeação do delegado
João Batista Campelo para o cargo
de diretor-geral da Polícia Federal.
""Estou profundamente triste. Como o presidente Fernando Henrique teve a audácia de nomear um
torturador paranóico para um cargo tão importante. É um insulto."
Gilles disse que, junto com o padre José Antônio Monteiro, foi
preso por Campelo em 1970, em
São Luís. Naquela época, Gilles
ainda era padre e atuava com Monteiro na organização de Comunidades Eclesiais de Base na região
de Urbano Santos, também no interior do Maranhão.
Segundo o bispo, Monteiro comandou a operação de prisão e foi
o responsável pela instauração do
inquérito que os acusava de infringir a Lei de Segurança Nacional. ""O
Campelo tem uma mentalidade
paranóica. Ele montou uma testemunha falsa e nos acusou de pregar idéias de Mao Tse-Tung (líder
comunista chinês) e do comunismo nas comunidades. Foi um inquérito tão surrealista que o Superior Tribunal Militar nos absolveu
por absoluta falta de provas."
Monteiro, segundo Gilles, foi
preso um dia antes dele. Os dois ficaram 30 dias na prisão. Gilles conta que não chegou a ser torturado
fisicamente, mas presenciou Monteiro chegar à cela cheio de hematomas e marcas de tortura. ""Ele
disse que ficou no pau-de-arara e
que apanhou muito", disse Gilles.
O bispo disse que não chegou a
ser torturado por um acaso. Na
noite do dia em que foi preso, um
auxiliar de Campelo foi a um bordel, embriagou-se e comentou detalhes da tortura com uma prostituta. Ela acionou o bispo-auxiliar
de São Luís, dom Edmilson Santa
Cruz, que, segundo Gilles, denunciou o fato ao então arcebispo de
Fortaleza, dom José Medeiros Delgado, que conseguiu que a tortura
fosse suspensa.
(PAULO MOTA)
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