São Paulo, sábado, 12 de julho de 2003 |
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CONFLITO AGRÁRIO MST classifica prisão de "arapuca" e "malvadeza" e diz que ato tem o objetivo de "provocar" o movimento Rainha é preso após audiência no Pontal
JOSÉ MASCHIO DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA Às vésperas de o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) completar 13 anos de ações no Pontal do Paranapanema, o líder do movimento José Rainha Jr., 43, foi preso ontem depois de audiência no fórum de Teodoro Sampaio (oeste de SP). A prisão preventiva, decretada pelo juiz Atis de Araújo Oliveira, foi considerada uma "provocação" por lideranças do MST. Felinto Procópio dos Santos, 34, o Mineirinho, outra liderança nacional do MST, foi preso ao visitar Rainha na delegacia de polícia de Teodoro Sampaio, meia hora depois da prisão do líder sem-terra. Os dois, algemados, foram transferidos, por volta das 17h, para a penitenciária Mauricio Henrique Guimarães Pereira, em Presidente Venceslau, conhecida como P2. A prisão dos líderes foi requerida pelo Ministério Público de Teodoro Sampaio. Segundo o promotor substituto Maurício Salvadori, o pedido de prisão preventiva de Rainha e de outros quatro líderes do MST teve como base um inquérito policial referente a invasões da fazenda Santa Maria, em 2 de junho de 2000. O grupo é acusado de furto e formação de quadrilha. Wesley Mauch, da coordenação do MST no Pontal, disse que o juiz, com a prisão dos dois líderes, tenta "provocar o MST e criar dificuldades para as nossas comemorações, que serão mantidas". O presidente nacional do PT, José Genoino, e o ministro de Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, são esperados pelo movimento em Teodoro Sampaio (672 km a oeste de SP) para atos públicos amanhã e na segunda. A assessoria de Rossetto não confirmou a presença do ministro. Roberto Rainha, advogado que acompanhou o líder sem-terra à audiência, disse ontem que sua prisão foi "uma malvadeza montada pelo juiz Oliveira, que sabe que Rainha não deixa de comparecer a audiências". Além das duas prisões, Oliveira decretou a detenção de Clédson Mendes da Silva -que ficou conhecido nacionalmente por liderar a invasão da fazenda dos filhos do então presidente FHC em 2000-, Márcio Barreto, da direção estadual do MST, e de Sérgio Pantaleão, da coordenação estadual. O deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), também advogado de Rainha, disse que sua prisão foi "uma arapuca processual". Greenhalgh acusou o juiz Oliveira de ser a "pessoa que mais luta pela criminalização do MST no Pontal, devia se candidatar à presidência da UDR [União Democrática Ruralista]". O juiz Atis de Araújo Oliveira não concede entrevistas à imprensa. Rainha foi preso, às 14h de ontem, depois de prestar depoimento em um processo sobre invasões de agências bancárias no ano de 2000. Depois da audiência, o juiz chamou um policial militar e prendeu o sem-terra. O mandado de prisão preventiva contra as cinco lideranças do movimento havia sido preparado pela manhã. Embora amigos, Rainha e Mineirinho estão em campos opostos dentro do MST. Rainha cumpre punição da direção nacional do MST e está proibido de falar à imprensa. Mineirinho é a liderança do Pontal mais próxima de Gilmar Mauro, que decidiu pela punição do outro líder sem-terra. Diolinda de Souza, mulher de Rainha, anunciou que ontem à noite coordenadores regionais e municipais de todo o Pontal do Paranapanema iriam se reunir em Teodoro Sampaio para avaliar a situação depois da prisão dos dois líderes sem-terra. Colaboraram SÍLVIA FREIRE e CRISTIANO MACHADO, da Agência Folha Texto Anterior: Primeira greve: Adesão pára de crescer, e líderes podem negociar Próximo Texto: Prisão do líder sem-terra é a quarta desde 94 Índice |
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