São Paulo, quarta-feira, 12 de julho de 2006

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PAINEL

Vera Magalhães (interina) @ - painel@uol.com.br

Parceiro infiel

No dia seguinte em que enalteceu o apoio do PMDB e criticou o PT, o presidente Lula recebeu, na reunião ministerial, um dado que põe em xeque a importância conferida na campanha à "coalizão" com os aliados. Estudo da Secretaria de Relações Institucionais mostra que, nas dez últimas votações de interesse do governo na Câmara, a bancada petista foi a mais fiel, e a peemedebista, a que teve maior índice de traição.
Segundo um índice que dá notas a cada parlamentar que votou de acordo (+1) ou contra (-1) o governo, o PT teve nota 7,16, e o PMDB, -0,52. Traduzindo, o PMDB anti-Lula teve, em média, 4 votos a mais que o governista. Só 11 deputados foram "nota 10": desses, 10 petistas e um do PSB, aliado menos prestigiado.

Campo minado. A cúpula governista do PMDB resiste à idéia de integrar a coordenação de campanha lulista. Há quem ache que o partido sempre estará em desvantagem em relação ao PT.

Maracujina. Lula avisou aos peemedebistas na segunda: não visitará, na campanha, Estados em que aliados estejam em pé de guerra. "Vou passar ao largo. Não estou aqui para administrar crises."

Aceno. Ainda do petista a um aliado, anteontem, sobre as proibições da lei eleitoral para o presidente-candidato: "Estou com medo de cumprimentar um ministro e já ser acusado de pedir voto".

Dieta. Lula promete muito, mas, ao menos no convescote da Granja do Torto, deu pouco ao PMDB: foram servidos apenas sanduíches frios e, ainda assim, tarde. Carlos Bezerra (MT) não agüentou de fome e foi embora antes.

Front. O PT escolheu o comitê de Lula em São Paulo. Será na avenida Indianópolis, zona sul da cidade. A casa, ampla, será base para distribuição de material de campanha e mobilização e abrigará a central de pesquisa. Haverá uma sala para o candidato.

Mochila. Geraldo Alckmin levou à Europa o estilo "franciscano" de campanha. Além de viajar só com o ajudante-de-ordens, recebeu os dados da pesquisa Sensus a bordo do TGV, o trem de alta velocidade que liga Bruxelas a Paris.

PIB. Em conversa recente, Alckmin quis saber de Sérgio Guerra, seu coordenador político, como seria a estratégia de arrecadação de recursos de campanha no Nordeste. Ouviu do senador que o melhor é concentrar esforços mesmo "na avenida Paulista".

No prelo. O comitê Lula-Requião lança na próxima terça um jornal para exaltar "realizações sociais" do presidente e do governador. O coordenador do grupo, Doático Santos, diz que a tiragem é de 1 milhão de exemplares.

Interesse. O grupo suprapartidário de apoiadores da candidatura Lula no Paraná tem entre os líderes Chico Simeão, empresário ativo no lobby pela legalização da importação de pneus usados.

O tempo voa. Lula deve chamar Esperidião Amin (PP) para seu palanque em Santa Catarina. Em 2002, o petista estava com Luiz Henrique (PMDB), hoje fechado com Alckmin, e contra o pepista.

Papagaio. Representando a Câmara num evento em Lisboa, Robson Tuma (PFL-SP) deixou sua comitiva para se juntar à de Geraldo Alckmin. Garantiu uma de suas especialidades: apareceu nas imagens ao lado do tucano.

Família unida. Candidato ao Senado, Guilherme Afif Domingos (PFL-SP) declarou patrimônio de R$ 11,7 milhões à Justiça Eleitoral. Cerca de R$ 1 milhão se refere a dívidas de três filhos e um irmão.

Fio condutor. A CPI das Armas pediu a quebra do sigilo telefônico de 15 advogados que trabalham para o PCC a fim de decifrar a logística de comunicação da facção.

Tiroteio

Lula, que cita tanto sua mãe nos discursos, deveria pensar no que diria ela se soubesse que o filho vetou o aumento aos aposentados. Certamente ela morreria de vergonha.


Do ex-governador ANTHONY GAROTINHO (PMDB) sobre o veto do presidente ao reajuste de 16,6% para aposentadorias.

Contraponto

Serão extra

A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) foi a encarregada de fornecer aos ministros detalhes das ações do governo, em todas as áreas, na reunião de ontem.
Para isso, ela lia trechos e consultava um calhamaço que estava colocado à sua frente. Em determinado momento, cansada, começou a gaguejar e a tropeçar nas palavras. O presidente Lula a interrompeu:
-Dilma, você parece que não dormiu direito. O que você andou fazendo ontem à noite?
Todos riram, inclusive a ministra, que respondeu:
-É verdade, presidente, varei a madrugada. Mas foi só para terminar esses relatórios todos aqui.


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