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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Lula exige dos ministros defesa coletiva do governo
Planalto decide que equipe não fará comparações com gestão FHC durante expediente
Titulares de pastas recebem roteiro de dados positivos que devem ser explorados em atos de campanha e são alertados sobre Lei Eleitoral
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu ontem seus
ministros no Palácio do Planalto para cobrar empenho na defesa do governo durante a campanha e para apresentar o que
cada um pode fazer para ajudá-lo sem cometer irregularidades
no período eleitoral.
Lula municiou seus ministros com todos os dados positivos de sua gestão e pediu explicitamente que eles não se contentassem em defender suas
áreas específicas.
Em discurso informal, em
sua 13ª reunião ministerial, Lula contou que se cansa de viajar
de avião com ministros que não
têm a menor idéia do que se
passa no restante dos ministérios e cobrou: "Todo dia aparece uma polêmica, e cada um deve, numa entrevista, num evento, num debate, ter dados para
fazer a defesa do governo".
Uma das decisões da reunião
é que o presidente e os ministros estão proibidos de fazer
qualquer tipo de comparação
com o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) durante o horário de trabalho e
em eventos sociais, o que vai
contra a principal estratégia de
campanha de Lula. À noite e em
finais de semana, estão liberados. A restrição foi repassada
na reunião pelo ministro da
Justiça, Márcio Thomaz Bastos, que advertiu que a Justiça
Eleitoral está mais dura neste
ano. "Na dúvida, não façam."
Os participantes da reunião
receberam uma exemplar da
cartilha "Conduta dos Agentes
Públicos em Ano Eleitoral",
uma espécie de bê-á-bá sobre o
que podem ou não fazer. Trata-se de uma compilação de leis,
portarias e instruções do Tribunal Superior Eleitoral, organizadas em 11 temas.
"Encrenca"
Em entrevista após a reunião, o ministro Guido Mantega (Fazenda), que por ser economista disse que sempre faz
comparações, agora vai evitá-las, quando o alvo for a gestão
tucana. "Há séries históricas no
meu documento que pegam os
últimos 35 anos, os últimos 15
anos. Mas, quando pega os últimos oito anos [gestão FHC], aí
dá encrenca", disse na reunião.
Não existe nenhuma proibição explícita da Justiça Eleitoral em relação a comparações
com governos imediatamente
anteriores, mas, em razão das
decisões recentes envolvendo
questões desse tipo, o próprio
departamento jurídico do governo decidiu pela restrição.
Na abertura da reunião, Lula
cobrou que os ministros continuem tocando suas pastas, até
para que os principais programas estejam a pleno vapor durante a campanha. "Como vocês sabem, o candidato aqui sou
eu, e o José Alencar. Vocês têm
que continuar fazendo a tarefa
de vocês, cada vez melhor, cada
vez com mais eficácia. Daqui
para a frente cada um de vocês
vai ser analisado pelo que vocês
fizeram", disse o presidente.
Escalados pelo Palácio do
Planalto para fazer um relato
da reunião ministerial de ontem, Mantega e a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) acabaram fazendo uma espécie de
"roteiro" dos programas federais que devem ser mostrados
por Lula durante a campanha.
Sempre com referências positivas, Mantega tratou dos dados econômicos, com destaque
para o controle da inflação, previsão de crescimento do PIB e
manutenção do superávit primário. Já Dilma falou das outras áreas. Citou pesquisas que
apontam redução da pobreza
desde 2004, além de investimentos em rodovias, ferrovias
e energia elétrica até chegar ao
biodiesel e a auto-suficiência
de petróleo. Ao ser questionada
se isso não seria propaganda,
rebateu: "O governo pode fazer
uma avaliação positiva de si
mesmo sem nenhum problema".
(PEDRO DIAS LEITE, LUCIANA CONSTANTINO, SHEILA D'AMORIM, FERNANDA KRAKOVICS E ADRIANO CEOLIN)
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