São Paulo, quarta-feira, 12 de julho de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Lula exige dos ministros defesa coletiva do governo

Planalto decide que equipe não fará comparações com gestão FHC durante expediente

Titulares de pastas recebem roteiro de dados positivos que devem ser explorados em atos de campanha e são alertados sobre Lei Eleitoral

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu ontem seus ministros no Palácio do Planalto para cobrar empenho na defesa do governo durante a campanha e para apresentar o que cada um pode fazer para ajudá-lo sem cometer irregularidades no período eleitoral.
Lula municiou seus ministros com todos os dados positivos de sua gestão e pediu explicitamente que eles não se contentassem em defender suas áreas específicas.
Em discurso informal, em sua 13ª reunião ministerial, Lula contou que se cansa de viajar de avião com ministros que não têm a menor idéia do que se passa no restante dos ministérios e cobrou: "Todo dia aparece uma polêmica, e cada um deve, numa entrevista, num evento, num debate, ter dados para fazer a defesa do governo".
Uma das decisões da reunião é que o presidente e os ministros estão proibidos de fazer qualquer tipo de comparação com o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) durante o horário de trabalho e em eventos sociais, o que vai contra a principal estratégia de campanha de Lula. À noite e em finais de semana, estão liberados. A restrição foi repassada na reunião pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, que advertiu que a Justiça Eleitoral está mais dura neste ano. "Na dúvida, não façam."
Os participantes da reunião receberam uma exemplar da cartilha "Conduta dos Agentes Públicos em Ano Eleitoral", uma espécie de bê-á-bá sobre o que podem ou não fazer. Trata-se de uma compilação de leis, portarias e instruções do Tribunal Superior Eleitoral, organizadas em 11 temas.

"Encrenca"
Em entrevista após a reunião, o ministro Guido Mantega (Fazenda), que por ser economista disse que sempre faz comparações, agora vai evitá-las, quando o alvo for a gestão tucana. "Há séries históricas no meu documento que pegam os últimos 35 anos, os últimos 15 anos. Mas, quando pega os últimos oito anos [gestão FHC], aí dá encrenca", disse na reunião.
Não existe nenhuma proibição explícita da Justiça Eleitoral em relação a comparações com governos imediatamente anteriores, mas, em razão das decisões recentes envolvendo questões desse tipo, o próprio departamento jurídico do governo decidiu pela restrição.
Na abertura da reunião, Lula cobrou que os ministros continuem tocando suas pastas, até para que os principais programas estejam a pleno vapor durante a campanha. "Como vocês sabem, o candidato aqui sou eu, e o José Alencar. Vocês têm que continuar fazendo a tarefa de vocês, cada vez melhor, cada vez com mais eficácia. Daqui para a frente cada um de vocês vai ser analisado pelo que vocês fizeram", disse o presidente.
Escalados pelo Palácio do Planalto para fazer um relato da reunião ministerial de ontem, Mantega e a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) acabaram fazendo uma espécie de "roteiro" dos programas federais que devem ser mostrados por Lula durante a campanha.
Sempre com referências positivas, Mantega tratou dos dados econômicos, com destaque para o controle da inflação, previsão de crescimento do PIB e manutenção do superávit primário. Já Dilma falou das outras áreas. Citou pesquisas que apontam redução da pobreza desde 2004, além de investimentos em rodovias, ferrovias e energia elétrica até chegar ao biodiesel e a auto-suficiência de petróleo. Ao ser questionada se isso não seria propaganda, rebateu: "O governo pode fazer uma avaliação positiva de si mesmo sem nenhum problema". (PEDRO DIAS LEITE, LUCIANA CONSTANTINO, SHEILA D'AMORIM, FERNANDA KRAKOVICS E ADRIANO CEOLIN)


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