São Paulo, quarta-feira, 12 de julho de 2006

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Acusado liga três senadores à máfia dos sanguessugas

Joabe Barbalho/"Folha do Estado"
Ronildo Medeiros (à esquerda), com seu advogado, depõe à CPI


Empresário cita a CPI nomes de Ney Suassuna, Serys Slhessarenko e Magno Malta

Em outro depoimento, dono da Planam confirma que dava propina a deputados para que eles propusessem emendas ao Orçamento

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ

O vice-presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), disse que o empresário Ronildo Pereira Medeiros, acusado de pertencer à máfia das ambulâncias, confirmou à comissão ontem em Cuiabá o envolvimento de três senadores no esquema.
Jungmann não quis citar nomes, mas a reportagem apurou com a CPI que os senadores citados foram Ney Suassuna (PMDB-PB), Serys Slhessarenko (PT-MT) e Magno Malta (PL-ES). Os três negam (leia texto nesta página).
Após o depoimento de Medeiros, o empresário Darci José Vedoin, dono da Planam (empresa que vendia ambulâncias supostamente superfaturadas a prefeituras), depôs e confirmou à CPI que pagava propina a deputados em troca de emendas ao Orçamento para compra de ambulâncias, disse a CPI.
Preso em Cuiabá desde o início de maio, Medeiros depôs a portas fechadas ontem. Jungmann falou com a imprensa no meio do interrogatório dele e disse que foi "o depoimento mais profundo até agora".
"Nós temos hoje a prova definitiva para incriminar e pedir o indiciamento de dezenas de parlamentares, dezenas de prefeitos e também de membros do próprio Executivo", disse Jungmann. "Até aqui fala-se em três senadores. São de 60 a 80 parlamentares", afirmou.
Os três senadores foram citados primeiramente pelo empresário Luiz Antônio Vedoin, filho de Darci e também dono da Planam, em depoimento à Justiça Federal que entrou ontem no nono dia consecutivo.
Segundo o presidente da CPI, deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), Luiz Antônio confirmou à Justiça a venda de ambulâncias superfaturadas a prefeituras com dinheiro de emendas ao Orçamento. O pai fez o mesmo.

Moeda
Jungmann não deu detalhes sobre o envolvimento dos senadores. Ele disse, porém, que existia um comércio de emendas no Congresso.
"Havia um movimento de recompra. Por exemplo: eles [da Planam] compravam emendas de um parlamentar. Pagavam. E essas emendas eram revendidas a segundos e terceiros [outras empresas]. As emendas eram moedas", disse.
Dos três senadores, Suassuna foi citado em conversa gravada pela Polícia Federal em dezembro, entre Maria da Penha Lino, então funcionária do Ministério da Saúde, e Luiz Antônio Vedoin.
Na conversa, Luiz Antônio discute o destino de uma emenda de R$ 3 milhões do senador, possivelmente para uma entidade não-governamental.
Anteontem em depoimento, Maria da Penha não explicou o motivo pelo qual o dono da Planam, sediada em Cuiabá, estava interessado em uma emenda do senador da Paraíba.
Emendas de Serys Slhessarenko estavam na lista das que eram acompanhadas pela Planam, segundo informou a PF em maio. Magno Malta ainda não tinha sido citado.
Entre os membros da CPI, estava a candidata a presidente pelo PSOL, a senadora Heloísa Helena, que participou dos depoimentos iniciados às 10h. Por volta das 16h, ela saiu correndo para viajar a São Paulo.


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