São Paulo, quinta-feira, 12 de julho de 2007

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PSOL decide pedir investigação sobre Renan e cervejaria

Presidente do Conselho de Ética rejeita a inclusão do caso no processo atual e partido anuncia nova representação para agosto

Apuração teria como alvo a suspeita de que o senador teria favorecido a Schincariol após ela ter fechado negócio com um de seus irmãos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PSOL decidiu ontem fazer uma nova representação no Conselho de Ética do Senado contra o presidente da Casa, para que seja investigada a denúncia de que Renan Calheiros (PMDB-AL) teria favorecido a Schincarol. No entanto, o pedido acontecerá só em agosto, após o recesso parlamentar.
A decisão do partido foi tomada depois de o presidente do conselho, senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO), ter negado ontem pedido do PSOL para incluir no processo contra Renan essa nova suspeita.
Se o documento apresentado em agosto for acatado pela Mesa Diretora da Casa, o Conselho de Ética abrirá um novo processo contra Renan.
Atualmente o órgão investiga se o presidente do Senado teve despesas pessoais pagas por um lobista da empreiteira Mendes Júnior. O novo processo investigaria suspeita de que Renan teria favorecido a cervejaria depois de ela ter fechado um negócio com um de seus irmãos.
Segundo reportagem da revista "Veja", a Schincariol comprou por R$ 27 milhões uma fábrica do irmão de Renan, deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL), em Murici (AL), quando o negócio estaria prestes a fechar. Segundo a revista, o preço estaria acima do de mercado. Após a transação ser concluída, Renan teria conseguido suspender a cobrança de uma dívida de R$ 100 milhões da cervejaria com o INSS e outra, também milionária, com a Receita.

"Intempestivo"
O presidente do Conselho de Ética considerou "intempestivo" o pedido de aditamento do processo feito pelo PSOL e afirmou que ele prejudicaria o andamento dos trabalhos.
"Já foram estabelecidos os limites da lide e o aditamento apresentado ontem [anteontem] provém de fato estranho ao processo. Por isso, com a concordância dos relatores, foi indeferido", afirmou Quintanilha, em nota divulgada à imprensa.
O PSOL lamentou a decisão. "Esperávamos que o conselho acolhesse o aditamento que fizemos. Não temos outra saída a não ser apresentar nova representação", disse o senador José Nery (PSOL-PA).
Desde que a nova suspeita veio à tona no último final de semana, os relatores do processo contra Renan não se mostraram dispostos a investigá-la. Eles tentam empurrar o caso para a Câmara dos Deputados, afirmando que seria relativo a Olavo Calheiros, e não ao presidente do Senado.
Na Câmara, o PSOL deixou para agosto para entrar com um pedido no Conselho de Ética da Casa para investigar Olavo Calheiros
O partido planejava fazer as representações hoje, mas decidiu adiar por dois motivos: quer a presença da sua presidente nacional, Heloísa Helena (AL), no momento do protocolo. Heloísa estaria sem espaço na agenda para viajar a Brasília.
Além disso, o PSOL quer esperar o possível surgimento de novas suspeitas. "Queremos robustecer a representação", disse o líder do PSOL na Câmara, Chico Alencar (RJ). A Folha tentou falar ontem com Olavo Calheiros, mas não conseguiu contato com o deputado.
(FERNANDA KRAKOVICS E FÁBIO ZANINI)

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