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Renan desiste de presidir sessão do Congresso
Governo pressionou senador a evitar um confronto com a oposição no plenário para não prejudicar a aprovação da LDO
Renan se compara a santo ao comentar pressões por saída; à noite, após reunião com Lula, encontra em jantar governador tucano
Alan Marques/Folha Imagem
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Renan conversa com o presidente Lula após almoço no Itamaraty; os dois também se encontraram à noite, no Palácio do Planalto
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pressionado, o presidente do
Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), desistiu de presidir a sessão do Congresso marcada para votar a LDO (Lei de
Diretrizes Orçamentárias),
apesar de negar que esteja isolado. Renan também se comparou a são Sebastião ao tentar
minimizar as pressões para que
deixe a presidência da Casa.
O senador quis evitar ontem
o desgaste de um embate com
deputados da oposição, que
pretendiam constrangê-lo em
plenário. Eles defendem que
Renan se afaste do cargo e se recusavam a votar a LDO em uma
sessão presidida por ele.
"O que adianta mais uma flechada para são Sebastião?", disse Renan, comparando-se ao
mártir e santo cristão, condenado à morte por flechadas.
Depois se referiu às denúncias
contra ele como "nhenhenhém" que estaria atrapalhando os trabalhos no Congresso.
O Planalto enviou recado que
preferia que ele não presidisse
a sessão do Congresso, segundo
a Folha apurou. O governo não
queria prejudicar a votação da
LDO nem contaminar a Câmara com a crise do Senado. A sessão foi presidida pelo vice-presidente da Câmara, Narcio Rodrigues (PSDB-MG).
O presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), e o
líder do governo na Câmara,
José Múcio (PTB-PE), estiveram com o ministro Walfrido
dos Mares Guia (Relações Institucionais), na manhã de ontem, e depois ligaram para Renan. O senador foi à presidência do PMDB, que fica na Câmara, conversar com os dois. À
noite, quando a sessão da LDO
estava começando, Renan foi
até o Planalto onde se encontrou com o presidente Lula.
No encontro, no qual eles
discutiram a situação no Senado, Renan fez um balanço dos
projetos aprovados e disse que
é vítima de uma "campanha
política". Ele também informou que entrou com pedido no
Ministério Público para que seja investigado e repetiu que
não vai deixar o cargo. Lula teve que atrasar a viagem para
Recife para receber Renan.
Antes, Renan já havia estado
com Lula no almoço oferecido
à governadora-geral do Canadá, Michaëlle Jean, no Itamaraty. Os dois estavam com suas
mulheres, Lula com Marisa e
Renan com Verônica, e se sentaram à mesa ao lado da convidada e do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP).
Os presidentes da Câmara e
do Senado conversaram sobre
as votações nas duas Casas,
concluindo que não estão paradas. E Renan, então, contou
que está tomando florais de
Bach, compostos naturais usados na homeopatia para, entre
outras coisas, aliviar estresse.
Decisão pessoal
"Foi uma decisão pessoal dele [de não presidir a sessão],
que pensou em duas coisas. Primeiro nos interesses do país,
que quer a LDO votada. Segundo nos interesses do Congresso, que entra em recesso no dia
17 e não entraria se a LDO não
fosse votada", afirmou Temer.
Desde a noite de anteontem,
Renan já demonstrava que não
deveria presidir a sessão. "Não
posso me demitir do meu papel
constitucional, mas o Narcio
Rodrigues, que já fez isso com
muita competência, pode presidir." Aliados de Renan tentaram minimizar sua ausência,
dizendo que a praxe é que essa
sessão seja presidida pelo vice-presidente da Câmara.
Jantar com prefeitos
Ontem à noite, Renan foi a
jantar em Brasília oferecido pela Associação dos Municípios
de Alagoas, onde estavam, entre prefeitos, deputados e senadores, o governador tucano
Teotônio Vilela Filho (AL).
Sentado entre Teotônio e o
senador João Tenório (PSDB-AL), Renan recebia cumprimentos. Para Teotônio, o jantar
foi um "ato de solidariedade".
(FERNANDA KRAKOVICS, PEDRO DIAS
LEITE E LETÍCIA SANDER)
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