São Paulo, quinta-feira, 12 de julho de 2007

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Renan desiste de presidir sessão do Congresso

Governo pressionou senador a evitar um confronto com a oposição no plenário para não prejudicar a aprovação da LDO

Renan se compara a santo ao comentar pressões por saída; à noite, após reunião com Lula, encontra em jantar governador tucano

Alan Marques/Folha Imagem
Renan conversa com o presidente Lula após almoço no Itamaraty; os dois também se encontraram à noite, no Palácio do Planalto

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pressionado, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), desistiu de presidir a sessão do Congresso marcada para votar a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), apesar de negar que esteja isolado. Renan também se comparou a são Sebastião ao tentar minimizar as pressões para que deixe a presidência da Casa.
O senador quis evitar ontem o desgaste de um embate com deputados da oposição, que pretendiam constrangê-lo em plenário. Eles defendem que Renan se afaste do cargo e se recusavam a votar a LDO em uma sessão presidida por ele.
"O que adianta mais uma flechada para são Sebastião?", disse Renan, comparando-se ao mártir e santo cristão, condenado à morte por flechadas. Depois se referiu às denúncias contra ele como "nhenhenhém" que estaria atrapalhando os trabalhos no Congresso.
O Planalto enviou recado que preferia que ele não presidisse a sessão do Congresso, segundo a Folha apurou. O governo não queria prejudicar a votação da LDO nem contaminar a Câmara com a crise do Senado. A sessão foi presidida pelo vice-presidente da Câmara, Narcio Rodrigues (PSDB-MG).
O presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), e o líder do governo na Câmara, José Múcio (PTB-PE), estiveram com o ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais), na manhã de ontem, e depois ligaram para Renan. O senador foi à presidência do PMDB, que fica na Câmara, conversar com os dois. À noite, quando a sessão da LDO estava começando, Renan foi até o Planalto onde se encontrou com o presidente Lula.
No encontro, no qual eles discutiram a situação no Senado, Renan fez um balanço dos projetos aprovados e disse que é vítima de uma "campanha política". Ele também informou que entrou com pedido no Ministério Público para que seja investigado e repetiu que não vai deixar o cargo. Lula teve que atrasar a viagem para Recife para receber Renan.
Antes, Renan já havia estado com Lula no almoço oferecido à governadora-geral do Canadá, Michaëlle Jean, no Itamaraty. Os dois estavam com suas mulheres, Lula com Marisa e Renan com Verônica, e se sentaram à mesa ao lado da convidada e do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP).
Os presidentes da Câmara e do Senado conversaram sobre as votações nas duas Casas, concluindo que não estão paradas. E Renan, então, contou que está tomando florais de Bach, compostos naturais usados na homeopatia para, entre outras coisas, aliviar estresse.
Decisão pessoal
"Foi uma decisão pessoal dele [de não presidir a sessão], que pensou em duas coisas. Primeiro nos interesses do país, que quer a LDO votada. Segundo nos interesses do Congresso, que entra em recesso no dia 17 e não entraria se a LDO não fosse votada", afirmou Temer.
Desde a noite de anteontem, Renan já demonstrava que não deveria presidir a sessão. "Não posso me demitir do meu papel constitucional, mas o Narcio Rodrigues, que já fez isso com muita competência, pode presidir." Aliados de Renan tentaram minimizar sua ausência, dizendo que a praxe é que essa sessão seja presidida pelo vice-presidente da Câmara.

Jantar com prefeitos
Ontem à noite, Renan foi a jantar em Brasília oferecido pela Associação dos Municípios de Alagoas, onde estavam, entre prefeitos, deputados e senadores, o governador tucano Teotônio Vilela Filho (AL).
Sentado entre Teotônio e o senador João Tenório (PSDB-AL), Renan recebia cumprimentos. Para Teotônio, o jantar foi um "ato de solidariedade".
(FERNANDA KRAKOVICS, PEDRO DIAS LEITE E LETÍCIA SANDER)


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