LETÍCIA SANDER
ENVIADA ESPECIAL A DILI

Em meio à repercussão da Operação Satiagraha no Brasil, que acentuou a tensão entre os poderes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem em Dili, no Timor Leste, uma espécie de pregação sobre a "renovação sem precedentes" pela qual passa o Poder Judiciário brasileiro.
Em discurso no Tribunal de Recursos, instância máxima da Justiça timorense, Lula afirmou que "houve um tempo no Brasil em que algumas pessoas acreditavam que estavam acima da lei". "Isso vem mudando muito ultimamente", disse.
"Estamos procurando aprimorar as instituições que aplicam a lei. Nosso Judiciário vem passando por uma renovação sem precedentes", disse. "Creio que estamos combatendo a impunidade, garantindo direitos fundamentais e aperfeiçoando o Estado Democrático de Direito. Mas esse aperfeiçoamento requer esforços contínuos", continuou Lula.
Ainda no discurso, o presidente afirmou que, "onde há um Judiciário independente e imparcial, acessível e célere, a justiça pode ser mais facilmente realizada".
Ontem, no Timor, Lula esquivou-se pelo menos duas vezes de responder perguntas de jornalistas sobre a Operação Satiagraha. Questionado sobre a nova prisão de Daniel Dantas, 11 horas após ser solto pelo STF (Supremo Tribunal Federal), o presidente se limitou a dizer que "justiça é justiça".
Já na pista do aeroporto para tomar o avião que o levaria embora de Dili, Lula, enfim, respondeu a uma pergunta sobre a operação. Avaliou que a Polícia Federal tem prestado um "serviço relevante" ao país e não quis entrar na polêmica sobre eventuais excessos. "Veja, se ela [a PF] comete excesso, ela paga o preço pelo excesso e a Justiça vai rever isso", disse.
A Justiça é uma das áreas em que o Brasil desenvolve cooperação com o Timor - no momento, brasileiros auxiliam na elaboração do Código Militar timorense. Há estrangeiros atuando como juízes, promotores e defensores públicos no Timor Leste.


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