São Paulo, domingo, 12 de julho de 2009

Próximo Texto | Índice

Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Hoje, Lula é Ciro em SP

Apesar do risco de combustão, a candidatura de Ciro Gomes (PSB) ao governo de São Paulo é hoje projeto caro ao presidente não apenas por abrir caminho para um plebiscito -Dilma Rousseff contra um tucano-, mas porque seria a expressão maior da "doutrina Lula": o PT cedendo tudo o que for necessário nos Estados em nome do fortalecimento da candidatura nacional. A posição do presidente é radical: o partido só deveria ter a cabeça da chapa nos Estados que já governa (em SP, é oposição e tem pela frente sua mais provável derrota). Mesmo a exceção aberta para Tarso Genro, que pretende disputar no Rio Grande do Sul, deveria ser concretizada, segundo Lula, apenas se o ministro mantiver liderança sólida nas pesquisas.




Outra história. Ninguém acha, porém, que Lula vá estimular o projeto Ciro-SP se Serra desistir da candidatura ao Planalto, optando pela reeleição. "Aí será o caso de ter em SP uma campanha sem atrito, de respeito mútuo",diz um auxiliar do presidente.

Não dá. Embora o objeto de seu desejo seja a candidatura a presidente, Ciro tem reconhecido em conversas que, no quadro atual, não tem estrutura política nem material para concorrer. Quanto a SP, vai manter a porta aberta.

Histórico. Romero Jucá (PMDB-RR) mergulha no túnel do tempo para defender José Sarney (PMDB-AP): "Se encontrarem irregularidade no Museu do Ipiranga a culpa vai ser de Dom Pedro 1º?".

Um dia... Discurso de Sarney em 17 de novembro de 2005, em protesto contra lei maranhense que mandou despejar a fundação sobre a qual ele agora alega não ter nenhuma responsabilidade administrativa: "O ministro da Justiça tem a obrigação de colocar à disposição as forças de que o país dispõe, a Polícia Federal ou Exército para proteger esses documentos".

...depois do outro. Seguiu Sarney na tribuna: "Costumo dizer que, se alguém quiser falar mal de qualquer presidente, tem de fazer uma pesquisa. Para falar mal de mim, ninguém precisa de outro lugar, basta ir ao memorial para obter todos os documentos e formar seu juízo".

No escuro. Cinco senadores que usavam regularmente a verba indenizatória de R$ 15 mil mensais deixaram de prestar contas desde abril, quando foi imposta a publicação das notas fiscais na internet. São eles Almeida Lima (PMDB-SE), Álvaro Dias (PSDB-PR), João Tenório (PSDB-AL), Leomar Quintanilha (PMDB-TO) e Lobão Filho (PMDB-MA).

Número mágico. Dos cinco senadores, Lobão Filho prestou contas do uso da verba de janeiro a março, quando não era obrigatório divulgar as notas fiscais. Suas despesas, somadas centavo por centavo, sempre totalizavam o teto de R$ 15 mil.

Escaldado. Líder nas pesquisas para o Senado no Pará, Jader Barbalho (PMDB) confidenciou a aliados que ainda não sabe se quer mesmo voltar à Casa, onde foi atingido por denúncias que o levaram a renunciar ao mandato em 2001. Argumenta que na Câmara está mais protegido.

Bolsa advogado. No entender do advogado-geral da União, José Antônio Toffoli, as regras para o uso da internet na campanha do ano que vem recém-aprovadas na Câmara são de difícil aplicação e vão motivar uma torrente de ações judiciais.

Ignorado. Relatório do TSE sobre as eleições de 2002, quando o voto impresso foi testado, apontou "vários inconvenientes" no procedimento. O texto do tribunal diz que as filas se multiplicaram, o número de votos brancos e nulos aumentou e o percentual de urnas com defeito cresceu. Apesar de tudo disso, a Câmara ressuscitou a exigência da impressão.


com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"Se Suplicy tem qualquer questão sobre as contas do iFHC, deveria dizer claramente. Ou inventar outra desculpa para servir a quem escolheu servir."

De EDUARDO GRAEFF, secretário-geral da Presidência no governo Fernando Henrique, sobre o fato de o senador petista ter defendido José Sarney, cuja fundação é suspeita de desvio de recursos, observando que o instituto do tucano recebeu patrocínio da Sabesp.

Contraponto

De um jeito ou de outro

Ao ouvir dos médicos, por volta das 10h de quinta, que o melhor seria fazer a cirurgia para desobstruir o intestino naquele mesmo dia, José Alencar, ensaiou protesto:
- Mas hoje? Eu gosto de fazer as coisas bem cedo. Não pode ser amanhã?
Mesmo diante da negativa dos médicos, o vice-presidente da República ainda tentou insistir:
- Mas vai ser na hora do almoço... Vocês vão almoçar e dormir durante a cirurgia...
Os médicos asseguraram a Alencar que comeriam apenas um lanche leve.
- Bom, mas aí vocês não vão ter energia pra me operar...-, concluiu o vice, levando todos ao riso.


Próximo Texto: Senadores inflam gabinetes com seus afilhados políticos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.