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IMPRENSA
Anamatra pede retirada do projeto do Congresso; PFL compara órgão a instituição criada pela ditadura de Vargas
Juízes condenam conselho de jornalismo
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A criação do Conselho Federal
de Jornalismo continuou a repercutir ontem em Brasília. A Anamatra (Associação Nacional dos
Magistrados da Justiça do Trabalho) divulgou nota pedindo a retirada do projeto do Congresso.
O PFL entregou à Mesa da Câmara moção comparando o conselho ao DIP (Departamento de
Imprensa e Propaganda), órgão
de censura que funcionou durante o Estado Novo (1937-1945), regime ditatorial comandado por
Getúlio Vargas (1883-1954).
"Ao invés de velar pelo respeito
à liberdade de imprensa, valor da
cidadania brasileira, o poder público pretende fixar normas e regras de natureza comportamental, com viés nitidamente autoritário, sobre profissões e atividades não-estatais", diz a nota da associação de juízes do trabalho, assinada pelo presidente da entidade, Grijalbo Fernandes Coutinho.
Na nota, a associação pede ao
presidente Luiz Inácio Lula da Silva que retire o projeto de lei do
Congresso Nacional, afirmando
ainda que ele não passará pela
CCJ (Comissão de Constituição e
Justiça). "A Carta em vigor assegura a livre manifestação de pensamento, sem nenhuma restrição", diz o texto. O presidente da
CCJ, deputado federal Maurício
Rands (PT-PE), já se declarou favorável à criação do conselho.
No último dia 9, o presidente da
AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), Cláudio Baldino
Maciel, também condenou a proposta de criação do Conselho Federal de Jornalismo, afirmando
que a responsabilidade de corrigir
eventuais "abusos do mau jornalismo" cabe à Justiça. Segundo ele,
não existe a necessidade de criar
um órgão para "cercear a liberdade de expressão e acarretar até
perda de registro profissional".
OAB
Em Salvador, o presidente da
OAB (Ordem dos Advogados do
Brasil), Roberto Busato, disse que
a entidade só defenderá a criação
do conselho caso ele seja independente do governo federal e de interesses políticos-partidários.
"O projeto tem o nosso apoio
desde que seja absolutamente independente como é, e sempre foi,
a OAB", afirmou.
Já o ministro da Educação, Tarso Genro, disse ser a favor do conselho caso ele "não atinja em nada
a liberdade de imprensa".
"O governo não tem o propósito de fazer nenhum cerceamento
à liberdade de informação e da
imprensa. Se na proposta houver
algum traço que possa levar a isso,
terá que ser modificado", afirmou
o ministro pela manhã.
O projeto de lei que institui o
conselho federal e seções estaduais chegou nesta semana à Câmara, enviado pelo Executivo. A
proposta é de autoria da Fenaj
(Federação Nacional dos Jornalistas), que rebate as acusações de
que o conselho será vinculado a
governos ou a partidos políticos.
"Há grandes equívocos e muita
desinformação. A Fenaj propõe a
criação do conselho de forma autônoma do Estado, sem relação
com partidos, é um projeto de jornalistas e que atende ao interesse
da sociedade", disse o vice-presidente da entidade, Fred Ghedini.
A moção da bancada de deputados federais do PFL foi assinada
por parlamentares de vários partidos. "O projeto completa um ciclo de desacertos do atual governo, fazendo-nos retroceder ao
despudor de quase 65 anos atrás,
quando o autoritarismo do Estado Novo concebeu o famigerado
DIP, de triste lembrança, para
controlar a opinião pública pelo
monitoramento dos meios de comunicação", diz o texto. A Mesa
Diretora da Câmara decidiu ontem que o projeto passará por três
e não duas comissões antes de ir
ao plenário. A primeira será a de
Comunicação, a segunda, a de
Trabalho, e a terceira, a CCJ.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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