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VIDA DE EX
Ex-presidente, que faz 55 anos hoje, disse que presidente petista não é "pessoa preparada"
Collor compara Delúbio a PC e critica Lula
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Charuto Cohiba (cubano) na
mão, fala pausada, terno e gravata azuis-marinhos, camisa azul
claro, o ex-presidente Fernando
Collor de Mello fez ontem sua
mais dura crítica à gestão Luiz
Inácio Lula da Silva, comparando o tesoureiro petista, Delúbio
Soares, ao homem do dinheiro
collorido, Paulo César Farias.
"O Delúbio é muito mais
abrangente do que foi o Paulo
César. A situação do Delúbio é,
no mínimo, muito parecida com
a situação em que esteve envolvido o PC", declarou o ex-presidente durante um almoço ontem, em Brasília, no restaurante
Piantella.
"O Brasil inteiro conhece o ex-presidente. Não vou polemizar
com ele", respondeu Delúbio ao
saber da declaração.
Collor completa 55 anos hoje.
Governou o Brasil de 1990 a
1992. Saiu do cargo depois que o
Congresso aprovou um processo de impeachment, acusando-o
de corrupção. Está agora filiado
ao minúsculo PRTB.
Planos políticos eleitorais?
"Nenhum", responde. "Voto em
Maceió", esclarece, para deixar
claro que não apoiará a candidatura de Marta Suplicy (PT) à reeleição para prefeita de São Paulo
-o PRTB está na coligação paulistana petista.
Em conversa de pouco mais de
uma hora com a Folha -quando deu apenas algumas garfadas
num prato de carne seca desfiada, acompanhado de caldo de
feijão preto, purê de abóbora e
arroz-, Collor saiu de um silêncio mantido desde a posse de
Lula. Até ontem, restringia-se a
falar sobre a sua torcida para que
a administração petista fosse
bem-sucedida.
Ontem, além de comparar Delúbio a PC Farias, atacou Lula.
"O Lula não é uma pessoa preparada (...) Na diplomacia presidencial, o que conta é o contato
pessoal. É preciso haver conversas a dois, sem intérpretes. O Lula não tem como ter conversas
com o Bush, o Chirac, o Schröder", afirmou.
No governo Collor, a Polícia
Federal invadiu o prédio da Folha em São Paulo. Hoje, o ex-presidente defende valores diferentes. Critica a criação do CFJ
(Conselho Federal de Jornalismo). "É inacreditável, inadmissível", diz ele.
A seguir, trechos da entrevista
de Collor à Folha:
DELÚBIO SOARES
"Ele [PC] não fazia parte do organograma do poder. O Delúbio, não. Faz parte do organograma do poder. Ele faz parte da
direção do PT. Age tanto à luz do
sol do meio-dia quanto à luz da
lua-cheia da meia-noite."
"Delúbio pode atingir a política econômica. Não tenho nenhuma dúvida de que há vasos
comunicantes entre o que ele faz
e todos no governo, inclusive na
área econômica -até para dar
credibilidade ao que vocês publicam. Muito embora eu já
aprendi que, em questão de voto, santidade, dinheiro e notícia
de jornal, é sempre bom dar um
desconto: é sempre a metade da
metade."
GOVERNO LULA
"José Dirceu é preparado. Esse
é. Se o José Dirceu não tivesse sofrido o abalo do caso Waldomiro, o governo seria outro. O caso
Waldomiro neutralizou um
operador político extraordinário que é o José Dirceu. O restante [outros ministros] faz parte de
uma "petite bourgeoisie"."
"O Palocci também é uma surpresa para mim. O Roberto
Campos, se vivo fosse, ficaria
enrubescido ao ver o vigor com
que o Palocci aplica o receituário
liberal."
"A política externa é um dos
pontos mais fracos do governo.
O Celso Amorim é da turma dos
barbudinhos esquerdistas do
Itamaraty dos anos 70, com uma
visão terceiro-mundista."
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