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Estilo Jobim agrada ao presidente
Lula recomendou ao ministro comprar
brigas com as companhias aéreas e Anac
Governador José Serra
incentivou Jobim a aceitar
o cargo no governo, mas
com uma condição, desde
que fosse com carta branca
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A forte exibição pública do
novo ministro da Defesa, Nelson Jobim, agrada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao
contrário das recomendações
que deu aos ministros da área
econômica, Lula pediu a Jobim
que falasse bastante. Aos auxiliares que o advertiram de que
Jobim poderia ser uma sombra
com supostas ambições eleitorais para a sucessão de 2010, o
presidente respondeu: "Bobagem. Não me incomoda".
Em conversa com Jobim, Lula elogiou os três comandantes
das Forças Armadas, mas recomendou a ele que reformulasse
o Ministério da Defesa e que
comprasse as brigas que julgasse necessárias com as companhias aéreas e a Anac (Agência
Nacional de Aviação Civil).
Lula também não se incomoda com a proximidade que Jobim tem com o tucanato, sobretudo com o governador de São
Paulo, José Serra. Acha que é
bom para o governo, pois essa
relação ajuda a manter canais
de diálogo.
Na eleição presidencial de
2002, Lula estreitou a sua boa
relação com Jobim, então presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). No primeiro
mandato, quando Jobim presidiu o STF (Supremo Tribunal
Federal), Lula considera que
ele ajudou o seu governo. Tanto
que desejou que Jobim, peemedebista, fosse seu vice na disputa eleitoral de 2006.
Sem aliança com o PMDB,
esse sonho não se realizou. Lula
torceu para Jobim presidir o
PMDB, mas não teve força para
levá-lo ao posto. Nesse episódio, Jobim ficou chateado com
o presidente, pois desejava
maior empenho.
Cotado para ministro da Justiça no segundo mandato do
petista, Jobim recusou. Como
recusou pelo menos duas vezes
o cargo de ministro da Defesa.
A operação de convencimento
de Jobim envolveu até o ministro do STF Gilmar Mendes e
uma consulta a Serra. Amigo do
casal, Mendes convenceu a mulher de Jobim a tirar o veto à ida
dele para o governo. Serra opinou a favor da aceitação da Defesa com uma condição, carta
branca, e uma avaliação, a gravidade da crise não permitia dizer não ao presidente.
Enquanto articulava a entrada de Jobim no governo, Lula
enviou emissários ao então titular da Defesa, Waldir Pires.
Recado: ele deveria se antecipar e pedir demissão. Pires se
recusou.
Após uma noite em que teve
insônia, Lula chamou Pires ao
Palácio do Planalto na manhã
de 25 de julho.
Segundo a Folha apurou, o
ministro disse que entendia os
motivos de Lula. Primeiro, divulgou-se que o presidente o
demitira. Depois, o governo
soltou nota para dizer que Pires pedira demissão. A primeira versão é a correta.
Lula já havia decidido demitir Pires desde o fim do ano
passado, mas aguardava um
momento de trégua na crise aérea para que ele não deixasse o
cargo como culpado.
Levava em conta também aspectos da vida política e pessoal de Pires. O presidente tem
respeito pela biografia de Pires,
que foi ministro no governo
Jango. Até a condição de viúvo
pesava contra a demissão.
Mais: Lula achava injusto que
ele pagasse só o preço da crise,
mas a tragédia do acidente da
TAM evitou que o presidente
aguardasse ainda mais para
efetuar a troca.
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