São Paulo, quarta-feira, 12 de setembro de 2007

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Renan prevê vitória, mas vê apoio diminuir

Presidente do Senado diz a aliados que "vai dar" para evitar cassação, mas que seria preciso "trabalhar até a última hora"

Valdir Raupp (RO), líder do PMDB na Casa, contabiliza 33 votos pela cassação; já Almeida Lima (PMDB-SE) diz que eles não chegarão a 30

KENNEDY ALENCAR
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar de aliados apostarem num placar folgado pela absolvição, o próprio presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), admitia ontem em conversa reservada que a vantagem que imaginava ter em plenário havia diminuído nos últimos dias. Renan dizia que "vai dar" para evitar a cassação, mas que seria preciso "trabalhar até a última hora". Não quis arriscar prognóstico.
Um aliado de Renan disse que o ideal seria um placar que "convença e não apenas que vença". Uma vitória apertada dificultaria politicamente a sua permanência no posto de presidente. Mesmo se dizendo tranqüilo, Renan demonstrava tensão nas conversas de ontem.
O Palácio do Planalto e aliados como o senador José Sarney (PMDB-AP) prevêem vitória apertada de Renan. O governo e Sarney desejam que ele se licencie da presidência nesse caso. Já três aliados continuaram a dar prognósticos favoráveis ao presidente do Senado, embora nenhum coincidente.
Gilvam Borges (PMDB-AP) disse que Renan terá "entre 6 e 15 votos de vantagem". Entende-se por vantagem os votos que faltariam para atingir os 41 mínimos para a cassação. Valdir Raupp (RO), líder da bancada do PMDB, contabilizava 33 votos pró-cassação. Almeida Lima (PMDB-SE) falava que não chegariam a 30. A enquete da Folha ouviu 41 senadores se declararem a favor da cassação.

Ameaças e negativas
Um dos relatores do processo de cassação, o senador Renato Casagrande (PSB-ES) disse que, nos bastidores, havia ameaça de represália de Renan a outros colegas para tentar evitar a cassação: "Ameaça de represália, acho que tem. Tem gente que miou. Entrou lampião e saiu Maria Bonita".
Renan negou pressão sobre os colegas: "Os senadores votarão de acordo com suas consciências, sem pressão". Em desabafo à tarde, ele deu pistas sobre os caminhos que pretende seguir. Se escapar da cassação, fará um gesto de conciliação. Sua idéia é tentar costurar um acordo para aprovar projetos de interesse do governo. O Planalto acha pouco. Prefere que Renan se licencie do cargo enquanto busca aprovar a CPMF.
Renan voltou a negar uma licença ou renúncia. "Qualquer coisa que diga respeito a licença ou a renúncia não faz parte da minha personalidade, e vocês sabem disso. Eu lutei por 120 dias, com sofrimento, com dor, com exposição de minha família, para provar minha verdade, minha inocência. Não tem absolutamente nenhum sentido que agora faça isso. Seria um desrespeito ao Brasil e ao Senado brasileiro", disse. Peemedebistas, porém, dizem que Renan, no mínimo, avaliará a possibilidade de licença da presidência, mas que primeiro seria preciso evitar a cassação.
Sarney foi o grande conselheiro de Renan nos últimos dias. Esteve na casa do alagoano anteontem à noite e ontem de manhã. Às 15h30, ligou para saber se Renan procurara pessoas que ele indicara. O presidente do Senado disse que sim.
De tarde, Renan abriu a sessão em homenagem ao Círio de Nazaré, do Pará, e fez um discurso de homenagem ao evento católico. Citou um a um o nome dos senadores do Pará, inclusive o "do meu querido amigo José Nery", do PSOL, partido que protocolou a representação que pede sua cassação. "Não ouvi. Faz parte da diplomacia que tem adotado", disse Nery.


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