|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Renan prevê vitória, mas vê apoio diminuir
Presidente do Senado diz a aliados que "vai dar" para evitar cassação, mas que seria preciso "trabalhar até a última hora"
Valdir Raupp (RO), líder do PMDB na Casa, contabiliza 33 votos pela cassação; já Almeida Lima (PMDB-SE) diz que eles não chegarão a 30
KENNEDY ALENCAR
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de aliados apostarem
num placar folgado pela absolvição, o próprio presidente do
Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), admitia ontem
em conversa reservada que a
vantagem que imaginava ter
em plenário havia diminuído
nos últimos dias. Renan dizia
que "vai dar" para evitar a cassação, mas que seria preciso
"trabalhar até a última hora".
Não quis arriscar prognóstico.
Um aliado de Renan disse
que o ideal seria um placar que
"convença e não apenas que
vença". Uma vitória apertada
dificultaria politicamente a sua
permanência no posto de presidente. Mesmo se dizendo tranqüilo, Renan demonstrava tensão nas conversas de ontem.
O Palácio do Planalto e aliados como o senador José Sarney (PMDB-AP) prevêem vitória apertada de Renan. O governo e Sarney desejam que ele se
licencie da presidência nesse
caso. Já três aliados continuaram a dar prognósticos favoráveis ao presidente do Senado,
embora nenhum coincidente.
Gilvam Borges (PMDB-AP)
disse que Renan terá "entre 6 e
15 votos de vantagem". Entende-se por vantagem os votos
que faltariam para atingir os 41
mínimos para a cassação. Valdir Raupp (RO), líder da bancada do PMDB, contabilizava 33
votos pró-cassação. Almeida
Lima (PMDB-SE) falava que
não chegariam a 30. A enquete
da Folha ouviu 41 senadores se
declararem a favor da cassação.
Ameaças e negativas
Um dos relatores do processo de cassação, o senador Renato Casagrande (PSB-ES) disse
que, nos bastidores, havia
ameaça de represália de Renan
a outros colegas para tentar
evitar a cassação: "Ameaça de
represália, acho que tem. Tem
gente que miou. Entrou lampião e saiu Maria Bonita".
Renan negou pressão sobre
os colegas: "Os senadores votarão de acordo com suas consciências, sem pressão". Em desabafo à tarde, ele deu pistas sobre os caminhos que pretende
seguir. Se escapar da cassação,
fará um gesto de conciliação.
Sua idéia é tentar costurar um
acordo para aprovar projetos
de interesse do governo. O Planalto acha pouco. Prefere que
Renan se licencie do cargo enquanto busca aprovar a CPMF.
Renan voltou a negar uma licença ou renúncia. "Qualquer
coisa que diga respeito a licença
ou a renúncia não faz parte da
minha personalidade, e vocês
sabem disso. Eu lutei por 120
dias, com sofrimento, com dor,
com exposição de minha família, para provar minha verdade,
minha inocência. Não tem absolutamente nenhum sentido
que agora faça isso. Seria um
desrespeito ao Brasil e ao Senado brasileiro", disse. Peemedebistas, porém, dizem que Renan, no mínimo, avaliará a possibilidade de licença da presidência, mas que primeiro seria
preciso evitar a cassação.
Sarney foi o grande conselheiro de Renan nos últimos
dias. Esteve na casa do alagoano anteontem à noite e ontem
de manhã. Às 15h30, ligou para
saber se Renan procurara pessoas que ele indicara. O presidente do Senado disse que sim.
De tarde, Renan abriu a sessão em homenagem ao Círio de
Nazaré, do Pará, e fez um discurso de homenagem ao evento
católico. Citou um a um o nome
dos senadores do Pará, inclusive o "do meu querido amigo José Nery", do PSOL, partido que
protocolou a representação
que pede sua cassação. "Não
ouvi. Faz parte da diplomacia
que tem adotado", disse Nery.
Texto Anterior: Pró renan: Raupp diz que caso virou um processo político Próximo Texto: Perfil: Senador deu apoio a Collor, FHC e Lula Índice
|