São Paulo, sexta-feira, 12 de setembro de 2008

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Grupo Opportunity diz que transferência de R$ 535,8 mi foi legal e rebate acusação

DA REPORTAGEM LOCAL

O Banco Opportunity informou ontem, por meio de nota, que a transferência de R$ 535,8 milhões de um fundo de investimento em ações do banqueiro Daniel Dantas e de outras quatro pessoas ligadas a ele para a administradora BNY Mellon Serviços Financeiros foi transparente e legal.
O valor foi bloqueado pela Justiça Federal de São Paulo após pedido do Ministério Público Federal, que recebeu um comunicado do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), órgão de inteligência financeira do Ministério da Fazenda, alertando sobre operações do Banco Opportunity consideradas "irregulares no mercado financeiro".
O Opportunity informou que transferiu para o BNY Mellon os serviços de administração do fundo de investimento, o "que consiste somente na mudança do responsável pelas atividades de processamento e controle das carteiras, escrituração da emissão e resgate de cotas e contratação dos serviços de tesouraria e custódia dos fundos de investimento."
Em nota, o grupo informou ainda que a transferência da administração de fundo de investimento está prevista na atual regulamentação e que foi feita com total transparência, "não só com comunicados públicos, mas também com a prestação de todas as informações à CVM e aos cotistas" -foi a CVM que avisou o Coaf.
Como o fundo de R$ 535,8 milhões pertence apenas a Dantas, à irmã Verônica, à mulher, Maria Alice, e aos executivos do banco Norberto Aguiar Tomaz e Dório Ferman, não houve consulta a acionistas.
Sobre a investigação da Polícia Federal, o Opportunity declarou repudiar as acusações de envolvimento do grupo em crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha.
Com relação aos R$ 10 milhões, também bloqueados por ordem judicial, o banco informou que essa operação não foi realizada por Ferman. "Foi uma movimentação regular de resgate de fundo de investimento por parte de cliente."
O dinheiro foi depositado em uma conta bancária de uma irmã de Ferman. O Banco Central considerou a operação "atípica" e comunicou ao Coaf.
A administradora BNY Mellon Serviços Financeiros, também em nota, afirmou que a "transferência foi regular e vem sendo realizada com absoluta transparência".

"Má-fé"
A Associação Nacional dos Procuradores da República entrou ontem com uma representação no Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) contra o advogado de Dantas, Nélio Machado, que afirmou anteontem à Folha que o bloqueio é fruto de "má-fé" das autoridades.
"Ao afirmar que o procurador da República Rodrigo de Grandis, que pediu corretamente o bloqueio, agiu com má-fé, ele imputa um crime ao procurador. Agora o advogado deve responder por isso", afirmou o presidente da entidade, o procurador Antonio Carlos Alpino Bigonha.
Para ele, ao determinar o bloqueio, De Grandis "cumpriu o estrito dever legal".


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