São Paulo, sábado, 12 de setembro de 2009

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Decisão sobre caças é só minha, diz Lula

Presidente afirma que escolha é política e estratégica; segundo ele, Rafale tem vantagem, mas compra não está definida

De acordo com Lula, Sarkozy foi o único presidente que "disse que quer não só transferir tecnologia, mas fazer o avião aqui", no Brasil


FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM IPOJUCA (PE)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem, durante visita ao porto de Suape, em Ipojuca (PE), que a decisão sobre a compra dos aviões caça pelo governo brasileiro será "política e estratégica", exclusiva do presidente da República "e de ninguém mais".
"A FAB [Força Aérea Brasileira] tem o conhecimento tecnológico para fazer a avaliação [sobre o modelo tecnicamente mais adequado às necessidades brasileiras]", disse Lula. "Ela tem e vai fazer, e eu preciso que faça. Agora, a decisão é política e estratégica, e essa é do presidente da República e de ninguém mais", declarou.
O presidente deixou claro que a vantagem atualmente é do modelo francês Rafale, da Dassault, mas negou que a decisão da compra esteja tomada. "Estamos na fase dos palpites", disse. "Quem quiser dar palpite que dê, mas vai ter um dia que a criança vai ter que nascer".
Ele afirmou que o governo brasileiro não abre mão da transferência de tecnologia para fechar o negócio e contou que, até o momento, apenas o presidente francês, Nicolas Sarkozy, ofereceu a alternativa.
"Nós queremos transferência de tecnologia e queremos construir esses aviões no Brasil", afirmou. "O Sarkozy foi o único presidente que disse textualmente para mim que quer não só transferir tecnologia, mas fazer o avião aqui, e que o Brasil tem disponibilidade de vender o que for produzido para a América Latina", declarou.
Segundo Lula, "essa é a única coisa concreta" que existe. "Agora, se alguém quiser ofertar mais, que oferte. Negociação é assim", falou. Em relação à proposta francesa, ele disse que falta saber se a Dassault está "disposta a flexibilizar".
Sobre o comunicado da Embaixada dos EUA, que admite a transferência de tecnologia na negociação do caça americano F-18, ele disse que não recebeu pessoalmente nenhuma oferta.
Lula reiterou que a única proposta efetiva é a de Sarkozy. "Por enquanto é isso que temos, e temos muito tempo para decidir, porque não tenho obrigação de decidir amanhã, depois de amanhã, no ano que vem. Eu decido quando quiser".
Lula disse que, em 2003, suspendeu a discussão sobre a compra dos caças porque encontrou o país "numa miséria absoluta". "Mas com essa história de o Brasil ter hoje muito mais preocupação com a Amazônia, e também porque discutimos outra reserva extraordinária, o pré-sal, temos que cuidar disso, porque já sabemos a quantidade de guerra que já houve por conta do petróleo".
O prazo para a revisão das propostas comerciais para a compra dos caças passou do dia 18 para o dia 21 deste mês, e a expectativa é que a análise técnica seja concluída até o fim de outubro, conforme notas divulgadas ontem pela Defesa e pela Aeronáutica.
A Aeronáutica informa que o governo francês assumiu o compromisso de que a empresa Dassault irá ofertar o caça Rafale com o mesmo preço que cobra às próprias Forças Armadas da França.

Colaborou a Sucursal de Brasília



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