São Paulo, sábado, 12 de setembro de 2009

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Partidários de Yeda acusam Tarso de tramar impeachment

Anúncio de abertura de processo foi feito ontem; assessoria de ministro, pré-candidato, nega acusação

GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Aliados da governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), acusaram o ministro Tarso Genro (Justiça), provável nome petista na disputa pelo governo do Estado em 2010, de estar por trás da abertura do processo de impeachment contra a tucana.
Com o anúncio do presidente da Assembleia Legislativa, Ivar Pavan (PT), de que submeterá ao plenário da Casa o pedido de impedimento de Yeda, houve um acirramento do clima de tensão política no Estado.
"Foi uma ação deletéria desse presidente da Assembleia, um petista irresponsável sem apreço pelo voto, mas é o ministro, que é candidato a governador, o mentor disso", disse o líder do PSDB na Câmara dos Deputados, José Aníbal (SP).
A governadora é ré em ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal, em agosto, sob acusação de ter sido destinatária de recursos desviados por um esquema de fraude no Detran-RS (Departamento Estadual de Trânsito).
Tanto deputados governistas quanto da oposição ouvidos pela Folha disseram que são mínimas as chances de o processo de impeachment prosperar, já que o plenário da Assembleia é dominado pela base de Yeda. Hoje, 33 dos 55 deputados dão sustentação à tucana.
Mesmo assim, a ação de impeachment permitiu à oposição manter Yeda nas cordas quando esboçava reagir à crise.
O anúncio de Pavan ocorreu na semana em que governadora efetivou a reforma administrativa que a aproximou do PP, legenda com forte presença no interior do Rio Grande do Sul.
Também ocorreu após ela ter dito à cúpula nacional do PSDB, incluindo o governador e presidenciável José Serra (SP), que vai superar a crise e que disputará a reeleição.
Principal fiador da governabilidade de Yeda, o PMDB também enxerga viés eleitoral no pedido de impeachment. "É luta política pura", disse o deputado federal Eliseu Padilha, um dos líderes do PMDB-RS.
Segundo ele, o pedido de impeachment é desdobramento da mesma queda de braço entre situação e oposição que levou a Assembleia a instalar uma CPI para investigar Yeda logo após a denúncia do MPF.
Nas três reuniões da CPI já realizadas, nenhum requerimento para convocações foi aprovado porque os aliados de Yeda (8 dos 12 membros) se ausentaram das votações.
Procurado, o ministro Tarso Genro encontrava-se em viagem oficial ao Chile. Sua assessoria disse que o ministro "não comanda nem o Ministério Público nem a Assembleia Legislativa", e está cuidando do ministério, "não de campanha".


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