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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Horário eleitoral deve ser menos agressivo que debate
Tucanos atribuem ao tom de Alckmin no embate parte da culpa pela queda no Datafolha
Aliado fala em transição entre irritação e indignação; propostas e tentativa de ligar rival a FHC devem
dominar programa de Lula
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O tom de agressividade que
dominou o primeiro debate entre os presidenciáveis Geraldo
Alckmin e Luiz Inácio Lula da
Silva não deve se repetir hoje
no recomeço do horário eleitoral no rádio e na TV.
Os tucanos apostam no
abrandamento do tom de Alckmin, atribuindo à veemência
adotada pelo ex-governador de
São Paulo no debate parte da
responsabilidade pela queda de
43% para 40% na última pesquisa Datafolha.
Já Lula, 11 pontos à frente do
tucano, deve priorizar as propostas de governo, mas sem
abandonar a linha de tentar ligar o adversário às privatizações da gestão FHC.
Os estrategistas da campanha de Lula resolveram adotar
essa linha "propositiva" na propaganda de TV após a pesquisa
divulgada ontem ter registrado
aumento da vantagem do petista. Essa inflexão estratégica
também foi influenciada pelo
dado do Datafolha que mostrou
que, na opinião dos entrevistados que assistiram total ou parcialmente ao debate de domingo na TV Bandeirantes, teria
havido empate. O resultado
trouxe de volta o clima de "já
ganhou" à cúpula do governo.
O deputado eleito José Aníbal (PSDB-SP) diz que Alckmin
fará uma "transição entre irritação e indignação".
Para o consultor Antonio Lavareda, "é preciso administrar
o tom do confronto com Lula
para não haver reação por solidariedade". Segundo ele, Alckmin terá que herdar não só os
votos de Heloisa Helena e Cristovam Buarque, mas também
conquistar o "eleitor soft" (menos convicto) de Lula.
A exposição de obras paralisadas da gestão Lula será mantida. Segundo o coordenador-geral da campanha, Sérgio
Guerra, podem ser exibidas cenas do debate em que o presidente lista suas realizações em
contraposição a obras paradas.
Alckmin já gravou em obras
paralisadas em Minas e na Bahia e deve fazer o mesmo em
Pernambuco e na Paraíba.
Com a vantagem confortável
no Datafolha, Lula deve deixar
em segundo plano o debate ético. A Folha apurou que ele vai
abrir a propaganda hoje dizendo querer discutir propostas.
Mas o Lula bonzinho só dura
enquanto houver uma dianteira confortável. Se Alckmin encostar no petista e vier com
ataques pesados -como mencionar as suspeitas de enriquecimento de Fábio, filho de Lula-, o revide virá no mesmo
tom. O caso dos vestidos que
Lu Alckmin, mulher do tucano,
ganhou de um estilista encabeça a artilharia petista.
Por enquanto, as críticas a
Alckmin na TV deverão ser feitas ligando-o ao ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso.
Lula abordará a questão da segurança e da corrupção dizendo que o PT agiu para investigar e não abafar CPIs.
Segundo ministros que tiveram acesso a pesquisas qualitativas da campanha, Lula teria
conseguido colar em Alckmin o
carimbo de "privatista". A propaganda de TV deverá continuar a bater nessa tecla.
Para tentar captar votos no
segmento do eleitorado de
maior escolaridade e renda, a
propaganda exibirá depoimentos de intelectuais e artistas. O
escritor Ariano Suassuna já
gravou. O músico Chico Buarque resiste a forte pressão para
dar depoimento.
(CATIA SEABRA, KENNEDY ALENCAR E FABIO ZANINI)
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