São Paulo, quinta-feira, 12 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Horário eleitoral deve ser menos agressivo que debate

Tucanos atribuem ao tom de Alckmin no embate parte da culpa pela queda no Datafolha

Aliado fala em transição entre irritação e indignação; propostas e tentativa de ligar rival a FHC devem dominar programa de Lula


DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O tom de agressividade que dominou o primeiro debate entre os presidenciáveis Geraldo Alckmin e Luiz Inácio Lula da Silva não deve se repetir hoje no recomeço do horário eleitoral no rádio e na TV.
Os tucanos apostam no abrandamento do tom de Alckmin, atribuindo à veemência adotada pelo ex-governador de São Paulo no debate parte da responsabilidade pela queda de 43% para 40% na última pesquisa Datafolha.
Já Lula, 11 pontos à frente do tucano, deve priorizar as propostas de governo, mas sem abandonar a linha de tentar ligar o adversário às privatizações da gestão FHC.
Os estrategistas da campanha de Lula resolveram adotar essa linha "propositiva" na propaganda de TV após a pesquisa divulgada ontem ter registrado aumento da vantagem do petista. Essa inflexão estratégica também foi influenciada pelo dado do Datafolha que mostrou que, na opinião dos entrevistados que assistiram total ou parcialmente ao debate de domingo na TV Bandeirantes, teria havido empate. O resultado trouxe de volta o clima de "já ganhou" à cúpula do governo.
O deputado eleito José Aníbal (PSDB-SP) diz que Alckmin fará uma "transição entre irritação e indignação".
Para o consultor Antonio Lavareda, "é preciso administrar o tom do confronto com Lula para não haver reação por solidariedade". Segundo ele, Alckmin terá que herdar não só os votos de Heloisa Helena e Cristovam Buarque, mas também conquistar o "eleitor soft" (menos convicto) de Lula.
A exposição de obras paralisadas da gestão Lula será mantida. Segundo o coordenador-geral da campanha, Sérgio Guerra, podem ser exibidas cenas do debate em que o presidente lista suas realizações em contraposição a obras paradas.
Alckmin já gravou em obras paralisadas em Minas e na Bahia e deve fazer o mesmo em Pernambuco e na Paraíba.
Com a vantagem confortável no Datafolha, Lula deve deixar em segundo plano o debate ético. A Folha apurou que ele vai abrir a propaganda hoje dizendo querer discutir propostas.
Mas o Lula bonzinho só dura enquanto houver uma dianteira confortável. Se Alckmin encostar no petista e vier com ataques pesados -como mencionar as suspeitas de enriquecimento de Fábio, filho de Lula-, o revide virá no mesmo tom. O caso dos vestidos que Lu Alckmin, mulher do tucano, ganhou de um estilista encabeça a artilharia petista.
Por enquanto, as críticas a Alckmin na TV deverão ser feitas ligando-o ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Lula abordará a questão da segurança e da corrupção dizendo que o PT agiu para investigar e não abafar CPIs.
Segundo ministros que tiveram acesso a pesquisas qualitativas da campanha, Lula teria conseguido colar em Alckmin o carimbo de "privatista". A propaganda de TV deverá continuar a bater nessa tecla.
Para tentar captar votos no segmento do eleitorado de maior escolaridade e renda, a propaganda exibirá depoimentos de intelectuais e artistas. O escritor Ariano Suassuna já gravou. O músico Chico Buarque resiste a forte pressão para dar depoimento. (CATIA SEABRA, KENNEDY ALENCAR E FABIO ZANINI)

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