São Paulo, quinta-feira, 12 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Alckmin não apóia controle de câmbio, afirmam tucanos

Proposta de Yoshiaki Nakano de adotar câmbio administrado criou polêmica na equipe do programa de governo do PSDB

"Explicar isso no meio da campanha é praticamente impossível", disse Biasoto; Alexandre Mendonça de Barros descarta medida


CATIA SEABRA
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

Colaboradores do programa de governo de Geraldo Alckmin apontaram ontem como pessoal a proposta do economista Yoshiaki Nakano de adoção de um modelo de câmbio administrado no país, incluindo o controle de entrada de capitais.
A idéia chegou a ser apresentada por Nakano no fim de uma reunião da equipe de programa de governo, mas provocou bastante polêmica. "A proposta dele tem sentido do ponto de vista geral. Mas explicar isso no meio de uma campanha é praticamente impossível. Como aconteceu, deu gancho para o pessoal falar em privatização, isso tudo", afirmou Geraldo Biasoto, que considera "bobagem" a promessa de ajuste fiscal equivalente a 3% do PIB num ano.
Embora defenda mudanças na política cambial -não com a fixação de controle, mas com um "refinamento" de mecanismos de organização de mercado-, Biasoto aposta na redução da taxa de juros como principal instrumento para isso.
Responsável pela consolidação do capítulo destinado à política econômica, Alexandre Mendonça de Barros (FGV) explica que consensual é a necessidade de um ajuste que permita a redução da taxa de juros. A desvalorização do real é conseqüência: "Ninguém sonha em fazer intervenção no câmbio".
Ele afiançou que Nakano não defende um corte de 3% do PIB em um ano. Segundo ele, suas declarações foram manipuladas com má-fé: "Convivo com ele diariamente. Não concordo com todas as suas propostas. Mas louco ele não é", disse.
Raul Velloso acha "prematuro pensar em novo regime cambial": "Temos de concentrar todas as energias intelectuais e políticas na formulação de um plano de corte de gastos".
Alckmin elogiou Nakano, mas disse que não fixará metas para cortes de gastos nem fará intervenção no câmbio. Disse que é "um excelente quadro" do partido, mas rechaçou as opiniões do ex-secretário. "Todos os indicadores econômicos são de crescimento no nosso governo. Não tem nominado [esse corte] de 4,4%, 3,4%. O que vamos fazer é o que o Brasil precisa, uma política fiscal de melhor qualidade", disse. À tarde, Alckmin afirmou que o câmbio deve ser flutuante e essa regra não será mudada "na base da canetada": "Agora, todo lugar do mundo onde ele é flutuante, ele é administrado".


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