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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
PF quer ouvir Mercadante sobre dossiê
Petista nega envolvimento na negociação para compra de material, da qual participou seu ex-assessor Hamilton Lacerda
Senador tem a prerrogativa de escolher dia e hora para ser ouvido; PF não dispõe de provas sobre participação de petista na negociação
ANDRÉA MICHAEL
ENVIADA ESPECIAL A CUIABÁ
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
A Polícia Federal quer ouvir
o senador Aloizio Mercadante
(PT-SP) sobre a negociação de
emissários petistas para a compra do dossiê contra tucanos
montado pelos empresários
Darci e Luiz Antonio Vedoin.
Conforme depoimentos já
tomados pela PF, os papéis seriam entregues a Hamilton Lacerda, ex-coordenador-geral da
campanha de Mercadante para
o governo de São Paulo, na qual
tinha como adversário o hoje
governador eleito, José Serra.
Ontem à noite, Mercadante
divulgou nota em que diz que
"desde o início das denúncias
tem manifestado seu interesse
em esclarecer este episódio do
dossiê e, por isto, esteve, e está,
sempre à disposição para colaborar com as investigações".
Na nota, Mercadante "reitera
que não teve nenhuma participação neste lamentável episódio e que não foi informado sobre sua execução. E jamais se
associaria a esta prática que
sempre condenou em seus 30
anos de vida pública".
Também estão agendados
para terça, em São Paulo, os depoimentos do empresário de
Piracicaba Abel Pereira e do deputado Ricardo Berzoini (PT-SP). Segundo os Vedoin, Pereira, ligado aos tucanos, seria um
intermediário para liberação
de emendas destinadas à compra de ambulâncias no final de
2002, quando o Ministério da
Saúde estava sob o comando do
tucano Barjas Negri, hoje prefeito de Piracicaba (SP).
Por conta do episódio, Berzoini deixou o cargo de coordenador da campanha de Lula para a reeleição e, pressionado
pela cúpula do PT, licenciou-se
da presidência do partido. A assessoria de Berzoini confirmou
que ele irá depor na terça.
Ainda não há uma data definida para o depoimento de
Mercadante. Avalia-se, do ponto de vista da investigação, qual
o melhor momento para isso,
pois não há provas do envolvimento do senador na negociação do dossiê: até agora, seu nome se destaca apenas pelo vínculo com Hamilton Lacerda.
Como senador, Mercadante
tem a prerrogativa de escolher
dia e hora para ser ouvido.
O calendário eleitoral é um
problema para os investigadores que tentam blindar a PF e a
própria investigação de explorações político-partidárias.
Mas, na cúpula do órgão, existe
a consciência de que, seja qual
for o desfecho do caso, a instituição será condenada -ou pelo governo ou pela oposição.
O secretário-executivo do
Ministério da Justiça, Luiz
Paulo Barreto, e o diretor-geral
da PF, Paulo Lacerda, participaram ontem em Cuiabá da solenidade de posse do novo superintendente da PF em Mato
Grosso, delegado Daniel Lorenz de Azevedo. Tanto Barreto
quanto Lacerda ressaltaram
que a PF tem atuação independente de pressões políticas.
"O inquérito [relativo ao dossiê] segue o ritmo de investigação a que deve obedecer todo
processo [...] Não há nenhuma
orientação do Ministério da
Justiça no sentido de retardar,
acelerar ou conduzir as investigações. O calendário de uma investigação não segue o calendário eleitoral", afirmou Barreto.
Para Lacerda, "há que se reconhecer o surgimento de uma
nova cultura no Brasil, [de investigar], que está a se sobrepor
à velha impunidade".
A PF ainda não rastreou a
origem do R$ 1,75 milhão destinado à compra do dossiê.
Colaborou LEONARDO SOUZA, da Sucursal de
Brasília
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