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Mantega quer acordo com oposição para aprovar CPMF
Ministro diz que desoneração tem de ser gradual para manter equilíbrio das contas
"Teríamos de fazer muita ginástica para manter o equilíbrio fiscal, as obras do PAC e os programas sociais", diz Mantega no Congresso
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia depois de ter ameaçado aumentar impostos, o ministro Guido Mantega (Fazenda) adotou um tom conciliador
e propôs à oposição um acordo
para prorrogar a CPMF e criar
um plano de desoneração tributária "gradual e planejada".
O movimento de Mantega
era previsível. Aprovada na Câmara a cobrança da CPMF até
2011, o governo terá pela frente
a tarefa, mais difícil, de aprovar
a proposta de emenda constitucional no Senado, onde não tem
maioria sólida. Tenta-se, por isso, um entendimento para minimizar as dissidências na base
aliada e atrair a oposição.
A idéia foi exposta por Mantega e Walfrido Mares Guia
(Relações Institucionais) ao senador Marco Maciel (DEM-PE), presidente da Comissão de
Constituição e Justiça, primeira etapa de votação do texto.
Maciel já havia indicado como
relatora do projeto a senadora
Kátia Abreu (DEM-TO), que já
antecipou um parecer contrário à prorrogação do tributo.
"Acredito no entendimento.
Qual a desoneração que pode
ser feita? Tem de ser gradual e
planejada e não pode ser de um
montante tão grande como a
CPMF", disse Mantega. Segundo ele, o governo não pode abrir
mão dos R$ 40 bilhões do tributo em 2008: "Teríamos de fazer
muita ginástica para manter o
equilíbrio fiscal, as obras do
PAC e os programas sociais".
Para o governo, o ideal seria
reduzir a carga de outro tributo
-como a contribuição patronal
à Previdência, proposta que se
arrasta há quatro anos e ó depende de MP. O mais provável,
porém, é que seja negociada
uma redução gradual da alíquota da CPMF, hoje de 0,38%.
Para isso, não seria preciso
alterar o texto atual, que permite a queda da alíquota por meio
de lei ou MP. Uma modificação
faria o projeto voltar à Câmara,
praticamente inviabilizando a
aprovação até 31 de dezembro.
Diante do cronograma apertado, o governo quer convencer
a relatora a apresentar mais rapidamente seu parecer à CCJ
-nesse caso, os aliados apresentariam um voto em separado favorável à prorrogação da
CPMF e fariam valer sua maioria. A senadora diz que pretende usar todo o prazo de 30 dias.
Restará, ainda, a votação em
plenário, quando o governo terá de contar com 49 dos 81 senadores, o que só acontecerá
com negociação. Os partidos
aliados têm 54 senadores, mas
nem todos seguem o Planalto.
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