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Presidente visitará países com "democracia relativa'
Lula irá primeiro a Burkina Fasso, país cujo presidente está no comando há 20 anos; República do Congo e Angola estão no roteiro
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na sétima viagem que fará à
África, na semana que vem, o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva defenderá a democracia,
mas na maior parte do tempo
ficará cercado por colegas que
não praticam um de seus princípios fundamentais: o rodízio
no poder. Para o Itamaraty, que
o orienta nas viagens, cabe respeitar os "processos autóctones" no desenvolvimento político dos países.
No ministério, vale a argumentação relativista usada para justificar o contato de Lula
com ditadores na própria África e sua amizade com a Cuba de
Fidel Castro. "No geral, há uma
evolução muito positiva. [...] É
ingênuo e arrogante dizer que
há uma receita de democracia
que pode se aplicar a todos os
países. Achar que países com
profundas diferenças tribais
possam chegar a democracias
nórdicas rapidamente é ingenuidade", disse o embaixador
Roberto Jaguaribe, subsecretário-geral político do Itamaraty.
Já na primeira escala da viagem, em Burkina Fasso, Lula
participará de um seminário
sobre "democracia e desenvolvimento na África", promovido
pelo governo. A seu lado estará
o presidente Blaise Compaoré,
que governa o país há 20 anos.
Coincidentemente, o dia da
visita de Lula, 15 de outubro, é o
aniversário do golpe de Estado
que levou Compaoré ao poder,
em 1987. Na ocasião, seu ex-aliado, o presidente Thomas
Sankara, acabou assassinado.
Compaoré disputou eleições
em 1991, 1998 e 2005, vencendo
com índices próximos a 80%.
Burkina não é dos piores exemplos: há liberdade partidária e
relativa liberdade de imprensa.
A organização norte-americana Freedom House, que classifica os países quanto à liberdade e democracia, dá nota 4 ao
país, numa escala de 1 (mais livre) a 7 (menos livre). O país é
considerado "parcialmente livre". O Brasil tem nota 2.
Mais grave é a situação na segunda e na quarta escalas de
Lula no continente: a República do Congo e Angola.
No Congo, o presidente Denis Sassou-Nguesso chegou ao
poder em 1979 por meio de golpe. Em 1992, ele disputou eleições, foi derrotado por um oposicionista e deixou o cargo. Voltou em 1997, em meio a uma
guerra civil, e se mantém no poder. Pela Freedom House, o regime tem nota 5,5, o que o coloca na condição de "não-livre".
A mesma nota tem Angola. O
país é governado ininterruptamente desde 1979 por José
Eduardo dos Santos -um dos
chefes de Estado mais duradouros do mundo. A guerra civil de três décadas do país acabou em 2002, mas até agora as
eleições não ocorreram. Elas
estão marcadas para 2009.
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