São Paulo, domingo, 12 de outubro de 2008

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Valério diz ter indicado advogado a cervejaria

Preso na sede da PF, publicitário nega ter "encomendado" inquérito contra fiscais

Acusado de espionagem, Marcos Valério foi ouvido pelo delegado responsável pela Operação Avalanche, que prendeu 17 pessoas

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Preso numa cela da Polícia Federal em São Paulo com mais duas pessoas, o publicitário Marcos Valério de Souza, réu no processo do mensalão, confirmou ter indicado um advogado à Cervejaria Petrópolis, que havia sido multada em R$ 100 milhões, mas negou ter "encomendado" um inquérito falso para desmoralizar os fiscais que autuaram a empresa.
Segundo a polícia, foi o advogado indicado por Marcos Valério que operacionalizou a fabricação de um inquérito contra os auditores fiscais.
Marcos Valério foi ouvido por três horas e meia pelo delegado da PF Rodrigo Campos, o responsável pela Operação Avalanche, que prendeu anteontem 17 pessoas (13 em SP e 4 em MG) supostamente envolvidas em três núcleos criminosos independentes, um de extorsão, outro de fraude fiscal e o último, onde surgiu o nome do publicitário, de espionagem.
A operação foi batizada de Avalanche porque, como num efeito dominó, a primeira investigação levou a outras.
À PF, Marcos Valério disse não ter pedido ao advogado Ildeu Sobrinho que recorresse a policiais para forjar um inquérito contra os fiscais da Fazenda Antônio Carlos de Moura Campos e Eduardo Fridman, que, no início do ano, multaram em R$ 104,5 milhões a empresa Praiamar, do grupo Petrópolis, dona da Itaipava -Valério é conselheiro da Praiamar.
"O meu cliente indicou o advogado Ildeu para ajudar na defesa da área tributária da cervejaria, que tinha sofrido autuações fiscais", disse o advogado Marcelo Leonardo, que assistiu ao depoimento do publicitário, encerrado à 1h30 de ontem.
Sobre as conversas telefônicas, quase monossilábicas, entre Marcos Valério e o advogado, captadas em escutas telefônicas, o publicitário disse que, na verdade, eles falavam sobre a busca por um terreno em Minas Gerais que pudesse abrigar uma nova área da cervejaria.
Para a PF e o Ministério Público Federal, os diálogos evidenciam o interesse dos investigados em prejudicar os fiscais. O inquérito contra os auditores foi efetivamente aberto por dois delegados federais.
Pelas conversas gravadas, diz a PF, constata-se o interesse em intimidar os fiscais. Havia a sugestão de convocar as respectivas mulheres e filhos para depor no falso inquérito e ainda a preocupação em divulgar a investigação falsa na imprensa.
A PF apreendeu R$ 1 milhão com o advogado Ildeu em 13 de agosto. Segundo a PF, o dinheiro é da cervejaria e seria usado para pagar os serviços dos que ajudaram no falso inquérito.
O publicitário divide a cela com seu sócio, Rogério Tolentino, e com o advogado.
O dono da cervejaria, Walter Faria, teve a prisão pedida pela Procuradoria. A Justiça, porém, entendeu não existir provas suficientes contra ele. Em nota, a empresa informou não ter contrato com Valério.
A defesa de outros presos pedirá hoje o afastamento da juíza do caso por entender que ela já está convicta da culpa de todos.


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