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OUTRO LADO
Bresser nega autoria da planilha
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ex-ministro Luiz Carlos Bresser Pereira, presidente do comitê
financeiro da reeleição de FHC,
admite que usou planilhas na
contabilidade das doações, mas
nega que seja o autor da principal
e mais completa delas.
Ele diz que jogou fora todas as
planilhas utilizadas no comitê e
que já não se lembra dos detalhes
de cada doação.
Bresser se negou a receber a Folha, em São Paulo, para analisar as
planilhas criadas por seu irmão,
Sérgio Luiz Gonçalves Pereira, e
alimentadas com informações dele. "Acho que está bom assim (por
telefone)", disse.
Nas duas entrevistas à Folha, o
ex-ministro afirmou que todas as
doações foram devidamente registradas no Tribunal Superior
Eleitoral (TSE). Mas fez questão
de atribuir essa responsabilidade
ao tucano Egydio Bianchi, ex-presidente da Empresa de Correios e
Telégrafos (ECT) e seu braço direito no comitê financeiro.
"Quem fez isso foi o Egydio. Tudo
o que passou por mim foi entregue ao Egydio", afirmou Bresser.
Procurado pela Folha, Bianchi
admitiu haver guardado planilhas
com a contabilidade -que chamou de "segredo comercial do
PSDB". Mas não quis dar entrevista sobre o assunto.
Folha - Essa planilha não é mesmo sua?
Bresser - Não. Alguém pode ter
pegado cópia dessa planilha e
usado. Eu não gravava em disquete essa planilha, que era de uso
único e exclusivo meu.
Folha - O que aconteceu?
Bresser - Pode ser que alguém
tenha gravado num disquete e
passado a usar (os arquivos obtidos pela Folha estão protegidos
por sistema de segurança -só
podem ser lidos, não alterados).
Folha - Pelo menos outras duas
pessoas têm isso: Luiz Fernando
Furquim e Egydio Bianchi.
Bresser - Eu não dei para eles.
Folha - Não?
Bresser - Não dei para ninguém.
Folha - Se algum deles tem, pegou sem avisar?
Bresser - Isso.
O ex-ministro reconheceu que,
numa das planilhas elaboradas
por ele, relacionou nomes de concessionários e permissionários de
serviços públicos entre os doadores -o que é proibido por lei.
Mas disse que não procurou nenhuma dessas empresas. "Pode
ser que alguém tenha sugerido os
nomes. Depois se verificou que
não poderiam (contribuir). Aí, foram abandonadas", afirmou.
Folha - Mas a planilha informa
que a Vasp foi procurada.
Bresser - Não sei se as empresas
aéreas são... Mas não deu, não.
Quer dizer, eu acho que não deu
nada. As empresas aéreas não deram nada, que eu me lembre.
Folha - Aparece aqui um registro
de R$ 150 mil da Vasp.
Bresser - Olha que maravilha!!
Folha - O sr. acha bom ou acha
pouco?
Bresser - Seria bom, seria ótimo
(risos). Ai, ai...
Sérgio Pereira, que hoje é presidente da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A.), admitiu haver criado planilhas para o comitê
financeiro, mas resumiu sua participação a uma ajuda ao irmão.
"Eu tomava conta do escritório",
disse Pereira. Ajudava na contabilidade? "Não. Nunca, nunca, nunca me meti porque não era comigo. Quem coordenava isso era o
Bresser. Era ele", disse.
Mesmo sabendo que alguns dos
arrecadadores haviam confirmado o uso de siglas para designá-los, Bresser negou que os tratasse
assim. "Usava os nomes deles."
Afirmou que a Previ não teve
participação na campanha, mas
se lembrou imediatamente que a
Perdigão também pertence ao
fundo de pensão -tal e qual a
anotação da planilha. "Quais são
as empresas em que a Previ tem
participação? Perdigão, por
exemplo. Eu não lembro se a Perdigão deu algum dinheiro. Lembro, porque eu vi nos jornais, que
a Previ tem participação. Mas esse
não foi um critério", declarou.
Folha - A Previ tem 15% da Perdigão.
Bresser - Só 15%? Pensei que a
Perdigão fosse controlada pela
Previ. Aliás, a Previ não existiu na
campanha -do meu lado, pelo
menos.
Folha - Existiu para mais alguém?
Bresser - Como é que eu posso
saber? Acho que não.
Procurado pela Folha, o ex-secretário Eduardo Jorge Caldas Pereira negou que tivesse ajudado a
levantar fundos e que comandasse um time paralelo de coletores.
Bresser disse o mesmo.
"Nunca tratei de contribuições
com Jair Bilachi. Tive contatos
com Mário Petrelli, mas para tratar de política. E Pedro de Freitas
várias vezes falava comigo sobre o
cenário político", afirmou EJ.
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