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OUTRO LADO
Empresas preferem não comentar
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Poucas palavras e muitas negativas. Foi essa a tônica das reações
de empresas e executivos citados
como doadores na contabilidade
paralela da campanha presidencial de Fernando Henrique Cardoso em 98, que somou pelo menos R$ 10,120 milhões.
O executivo Hélio Mattar, ex-secretário de Política Industrial do
governo FHC, confirmou ter sido
procurado para doar recursos.
Mas negou que tivesse contribuído como pessoa física. Disse também que a GE-Dako, empresa que
presidia, não fez doação, apesar
do registro de R$ 50 mil.
A Sadia não conseguiu colocar
em contato com a Folha o presidente da empresa, Luiz Fernando
Furlan.
O diretor-jurídico da Sadia, Felipe Luz, disse que Furlan tem
"excelentes relações" com o presidente Fernando Henrique e que,
se houve algum contato para uma
colaboração de R$ 300 mil, conforme registrado na planilha, foi
em caráter pessoal. O nome de
Furlan não está registrado na contabilidade entregue ao TSE.
O presidente da Panco, Franklin
Yanomine, disse, por meio de sua
assessoria, que não se lembra de
ter sido procurado nem da doação registrada na planilha, de R$
100 mil.
O vice-presidente de Finanças
do BankBoston, Alex Zornig, negou que a instituição tenha doado
R$ 200 mil, como descrito pelo
documento com a contabilidade
da campanha.
"Não doamos e não podemos
doar. Há uma norma americana,
do Federal Reserve (banco central
daquele país), que proíbe qualquer banco dos Estados Unidos
de doar recursos para campanhas
políticas", disse Zornig.
Pela Papirus, cujo presidente é
Dante Ramenzoni, a responsável
por esclarecer a citação foi sua
mulher e assistente, que se identificou apenas como Cidinha. Por
meio de sua secretária, ela disse
que a Papirus realmente contribuiu para a campanha da reeleição, sem mencionar valores, mas
que Ramenzoni não iria falar sobre o assunto. Segundo a planilha,
a Papirus doou R$ 60 mil.
Amarílio Macedo afirmou que o
grupo J. Macedo foi procurado
"por candidatos de todos os matizes e de todos os partidos". Não
soube dizer, no entanto, quem o
procurou como representante da
campanha de FHC nem se tinha
contribuído. A planilha registra
doação de R$ 100 mil.
A Xerox do Brasil alegou que
seu presidente à época das eleições de 1998, Carlos Salles, estava
em viagem à China e, portanto,
não poderia colocá-lo em contato
com a reportagem. Salles seria o
contato do comitê com a empresa
para uma contribuição de R$ 300
mil. O atual presidente da Xerox,
Guilherme Bittencourt, disse não
reconhecer qualquer doação em
dinheiro ou material para a campanha de FHC.
Sobre as informações relacionadas à inscrição Usiminas/Cosipa,
na planilha, o presidente da Usiminas, Rinaldo Campos Soares,
reconheceu que foi procurado
por Bresser.
Mas disse que apenas encaminhou o pedido de contribuição ao
departamento financeiro da empresa e não soube precisar o desfecho da demanda. A planilha informa uma contribuição de R$
500 mil.
Procurados pela Folha, 14 empresas não quiseram se pronunciar ou negaram que tenham colaborado e até mesmo que tenham sido contatadas pelo comitê financeiro da campanha: Constran (que doou R$ 300 mil, segundo a planilha), Glaxo-Welcome
(R$ 200 mil), Queiroz Galvão (R$
500 mil), Petroquímica União (R$
500 mil), Bozano, Simonsen (R$
500 mil), agência de publicidade
SMP&B (R$ 50 mil), General Motors (R$ 100 mil), Metalnave (R$
200 mil), Saint Gobain (R$ 50 mil)
e Arisco (R$ 400 mil).
Não responderam às ligações da
Folha, para tratar das doações
que constam da planilha, as seguintes pessoas e empresas: Richard Klein, da Transroll (R$ 500
mil), Gilberto Garbi, presidente
da Nec do Brasil à época da reeleição (R$ 200 mil), Agnelo Pacheco,
da agência de publicidade Agnelo
Pacheco (R$ 100 mil), além das
empresas Espírito Santo-Boa Vista (R$ 100 mil) e Magnesita (R$
100 mil).
A Folha não conseguiu contatar
as empresas Victory Italiano (R$
100 mil), Construtel (R$ 50 mil) e
Citrosuco (R$ 360 mil).
Também não foi localizado
João Augusto Monteiro, que na
planilha é apontado como contato para o segmento de transportes
urbanos do Rio de Janeiro, juntamente com Jacob Barata. Teriam
doado à campanha R$ 500 mil.
Dono da Guanabara Diesel,
uma concessionária Mercedes-Benz, Barata não respondeu aos
recados deixados pela Folha, após
três tentativas.
Outros cinco citados na planilha deram explicações à Folha sobre suas contribuições à campanha pela reeleição de FHC: a empresa Atlântica Empreendimentos (R$ 100 mil), a companhia de
aviação Vasp (R$ 150 mil), as
agências de publicidade Publicis
(R$ 50 mil) e DPZ (R$ 200 mil) e a
empresária Nely Jafet (R$ 50 mil).
A posição de cada um deles está
descrita nesta e na página seguinte, ao lado da reprodução dos respectivos registros na planilha, assim como a do ministro Andrea
Matarazzo (R$ 3 milhões).
A Folha não conseguiu identificar a razão social da "Empresa
Construt. Brasil", como anotado
na planilha, a quem é atribuída
doação de R$ 150 mil.
Há, em Porto Alegre, uma empresa chamada Construtora Brasil. Mas em seus telefones ninguém atendeu às ligações do jornal.
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