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Social precisa de fonte alternativa
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Análise feita pela Folha no programa de governo dos petistas,
em contraponto com a previsão
orçamentária para 2003, mostra
que pouca coisa do programa petista sairá do papel se não forem
encontradas fontes alternativas
de receita para as áreas de educação e segurança.
Por esse motivo, o primeiro ano
de governo do presidente eleito
Luiz Inácio Lula da Silva promete
não trazer alterações nas políticas
educacional e de segurança já
adotadas na era Fernando Henrique Cardoso. O orçamento previsto para os dois setores garante
apenas a continuidade dos programas atuais.
Além da batalha financeira, o
partido dependerá de maioria no
Congresso -algo que o futuro
governo ainda não tem- para
aprovar mudanças constitucionais e projetos que possibilitem a
execução das idéias de campanha.
Em alguns casos, a prática só será
possível a partir de 2004.
A exemplo do programa Fome
Zero, que poderá custar até R$ 20
bilhões por ano, o partido acalenta um projeto ambicioso para a
Educação, que visa erradicar o
analfabetismo de cerca de 47 milhões de jovens e adultos no país
até 2006. Custará R$ 7 bilhões nos
próximos quatro anos -R$ 1,75
bilhão por ano.
A transformação do Fundef
(Fundo de Desenvolvimento do
Ensino Fundamental) em Fundeb, incluindo o ensino infantil e
médio como denominação geral
de ensino básico, terá impacto
anual de R$ 4,5 bilhões, segundo o
Ministério da Educação.
Responsável pelo programa de
governo nessa área, o prefeito de
São Carlos (SP), professor Newton Lima Neto, afirma que o partido já havia pensado na fonte de
recursos: pretende aumentar de
18% para 20% o total da receita da
União vinculada à educação.
O programa "Uma escola do tamanho do Brasil", assinado pelo
presidente eleito, traz outro compromisso delicado: a derrubada
de todos os vetos feitos por FHC
ao Plano Nacional de Educação
(PNE), aprovado em janeiro de
2001. Com isso, a partir de 1º de janeiro de 2003, o partido terá de
aumentar as verbas nacionais para a área, de modo a atingir um total de 7% do PIB (Produto Interno
Bruto) até 2006. Em valores atuais
são cerca de R$ 91 bilhões.
Na exposição de motivos para
os vetos ao PNE, FHC afirmou
que não havia indicação da fonte
de receitas para esse gasto.
Segurança
Já ciente das limitações orçamentárias, o PT espera no primeiro ano de governo implementar
apenas as ações que não causem
aumento de gastos. Luiz Eduardo
Soares, técnico de transição governamental da área de segurança, cita como opção a criação da
Secretaria de Estado de Segurança
Pública. Segundo Benedito Mariano, secretário de Segurança Urbana da Prefeitura de São Paulo e
outro coordenador do programa
de governo do PT, seriam necessários R$ 2 bilhões anuais para o
projeto. O valor, segundo ele, chegou a ser cogitado quando o Fundo Nacional de Segurança Pública
foi criado, a reboque da repercussão do sequestro do ônibus 174,
no Rio de Janeiro, em 2000.
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