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Tasso teme que PT faça oposição a Lula
DO ENVIADO ESPECIAL A SINTRA
Pronto para fazer oposição ao
governo do PT, o senador eleito
Tasso Jereissati (PSDB-CE) teme,
no entanto, que o maior problema a ser enfrentado por Luiz Inácio Lula da Silva chame-se PT e
não PSDB.
"Temo que, dentro de um ano
ou menos, eu e o Madeira sejamos
obrigados a dar apoio ao Lula
contra as pressões e críticas do seu
próprio partido", exagerou Tasso,
citando Arnaldo Madeira (PSDB-SP), líder do governo Fernando
Henrique Cardoso na Câmara.
Madeira e Tasso estão na comitiva de FHC, para a reunião de cúpula anual com Portugal. No domingo, separaram-se: Madeira almoçou no mesmo restaurante (o
Porto de Santa Maria, na cidade
de Cascais), em que comeu FHC.
Mas Tasso levou Geraldo Alckmin, o governador de São Paulo, e
respectivas mulheres, para o santuário de Fátima. O ex-governador do Ceará jura que foi ele
quem convidou Alckmin, católico
praticante que não falta à missa.
Não foi promessa de campanha,
diz Tasso, que vai à Fátima sempre que vem a Portugal.
Promessa mesmo, o ex-governador (agora na companhia de
Madeira) só faz uma: ir para a
oposição ao governo Lula.
"O recado das urnas foi muito
claro: mandou-nos para a oposição", diz o deputado paulista.
Tasso acha que houve um duplo
recado na verdade: no plano nacional, um voto de descontentamento em relação ao governo
FHC. Mas, no plano estadual, "o
PSDB se tornou o partido mais
forte" (alusão ao fato de ter aumentado o número de governadores, elegendo em especial os
dos dois Estados de maior eleitorado, Minas Gerais e São Paulo).
O paradoxal é que os dois dirigentes tucanos não compartilham
da posição de algumas outras figuras do partido (e do PFL) no
sentido de colocar cascas de banana para o governo Lula, votando a
favor, por exemplo, de um salário
mínimo de R$ 240.
Se o PT está caminhando na direção de propostas do PSDB e se o
partido não se dispõe a votar contra aquilo que apoiava, como fazer oposição ao novo governo?
Tasso e Madeira remetem a
questão para o futuro. O deputado diz, com razão, que agora a posição partidária é importante,
porque, durante os oito anos de
FHC no Planalto, a ação do governo suplantava a do partido, o que
obviamente não mais vai ocorrer.
Tasso cometeu um ato falho, falando de "oito anos de oposição",
para depois corrigir-se e mencionar os quatro anos de mandato
(com direito à reeleição).
(CR)
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