São Paulo, terça-feira, 12 de novembro de 2002

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Tasso teme que PT faça oposição a Lula

DO ENVIADO ESPECIAL A SINTRA

Pronto para fazer oposição ao governo do PT, o senador eleito Tasso Jereissati (PSDB-CE) teme, no entanto, que o maior problema a ser enfrentado por Luiz Inácio Lula da Silva chame-se PT e não PSDB.
"Temo que, dentro de um ano ou menos, eu e o Madeira sejamos obrigados a dar apoio ao Lula contra as pressões e críticas do seu próprio partido", exagerou Tasso, citando Arnaldo Madeira (PSDB-SP), líder do governo Fernando Henrique Cardoso na Câmara.
Madeira e Tasso estão na comitiva de FHC, para a reunião de cúpula anual com Portugal. No domingo, separaram-se: Madeira almoçou no mesmo restaurante (o Porto de Santa Maria, na cidade de Cascais), em que comeu FHC.
Mas Tasso levou Geraldo Alckmin, o governador de São Paulo, e respectivas mulheres, para o santuário de Fátima. O ex-governador do Ceará jura que foi ele quem convidou Alckmin, católico praticante que não falta à missa.
Não foi promessa de campanha, diz Tasso, que vai à Fátima sempre que vem a Portugal.
Promessa mesmo, o ex-governador (agora na companhia de Madeira) só faz uma: ir para a oposição ao governo Lula.
"O recado das urnas foi muito claro: mandou-nos para a oposição", diz o deputado paulista.
Tasso acha que houve um duplo recado na verdade: no plano nacional, um voto de descontentamento em relação ao governo FHC. Mas, no plano estadual, "o PSDB se tornou o partido mais forte" (alusão ao fato de ter aumentado o número de governadores, elegendo em especial os dos dois Estados de maior eleitorado, Minas Gerais e São Paulo).
O paradoxal é que os dois dirigentes tucanos não compartilham da posição de algumas outras figuras do partido (e do PFL) no sentido de colocar cascas de banana para o governo Lula, votando a favor, por exemplo, de um salário mínimo de R$ 240.
Se o PT está caminhando na direção de propostas do PSDB e se o partido não se dispõe a votar contra aquilo que apoiava, como fazer oposição ao novo governo?
Tasso e Madeira remetem a questão para o futuro. O deputado diz, com razão, que agora a posição partidária é importante, porque, durante os oito anos de FHC no Planalto, a ação do governo suplantava a do partido, o que obviamente não mais vai ocorrer.
Tasso cometeu um ato falho, falando de "oito anos de oposição", para depois corrigir-se e mencionar os quatro anos de mandato (com direito à reeleição). (CR)


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