|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Acusado, Mantega nega culpa por Congresso parado
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Acusado por deputados e
senadores governistas de ser
um dos principais entraves
no governo para a liberação
de verbas do Orçamento, o
ministro Guido Mantega
(Planejamento) foi ontem ao
Congresso e negou ser o culpado pelo clima de insatisfação e pela paralisia da Câmara e do Senado.
"Não faço mea-culpa, não
é minha a responsabilidade
se houve paralisia no Congresso, se é que houve", disse. "Cumprimos o que nos
comprometemos a fazer,
ninguém pode nos acusar de
negligência ou atraso."
Mantega foi ao Congresso
para reafirmar a promessa
do governo de empenhar
(compromisso orçamentário de gasto) 100% das
emendas que deputados e
senadores fizeram ao orçamento deste ano, além de
efetivamente pagar 50% delas até o fim do ano -daria
cerca de R$ 600 milhões.
Foi publicada ontem a
portaria que autoriza um
gasto maior com as emendas
parlamentares. Também foi
costurado um acordo para
retirar da paralisia a Comissão Mista de Orçamento do
Legislativo. São dois os problemas do Planalto em relação ao Congresso: no plenário da Câmara, 21 MPs (medidas provisórias) correm o
risco de ir para o arquivo devido à falta de votações. Na
comissão de orçamento, há
pedidos de liberação de
R$ 19 bilhões para serem votados, além de permanecer
intocada desde agosto a proposta orçamentária de 2005.
A paralisia na comissão se
devia ao não-entendimento
sobre a análise do Orçamento do ano que vem. Já o impasse no plenário da Câmara
se deve à insatisfação dos governistas PMDB, PTB, PP e
PL com o ritmo de liberação
das emendas. Mesmo com a
promessa do governo, esses
partidos não aceitaram votar
sob o argumento de que o
governo é reincidente em
prometer e não cumprir.
Mantega declarou na Câmara que na próxima semana serão pagos cerca de
R$ 400 milhões. "O Planejamento garante que os outros
ministérios [responsáveis
pelas liberações] vão cumprir o que foi determinado
pelo governo", afirmou.
As emendas são usadas
para direcionar recursos federais para obras nos redutos eleitorais. O governo usa
as emendas como forma de
assegurar os votos que precisa para aprovar projetos. Já
os congressistas exigem seu
pagamento como condição
para votar com o governo.
O presidente da Câmara,
João Paulo Cunha (PT-SP),
disse esperar que os trabalhos sejam retomados na
terça. "Seria preocupante
que o Ministério da Agricultura tivesse que devolver dinheiro usado no combate da
febre aftosa", disse. Isso pode ocorrer se a MP 196 não
for votada até terça.
Apesar do problema no
plenário, João Paulo, Mantega e José Sarney (PMDB-AP), presidente do Senado,
comemoraram acordo para
retirar a Comissão de Orçamento da inatividade. Sarney assina amanhã ato que
prorroga as suas regras até
que novos critérios sejam
definidos. Com isso, os R$ 19
bilhões de créditos poderão
ser votados, e o relatório preliminar do Orçamento 2005
deve ser apresentado.
Texto Anterior: PT concentra 25% de emendas individuais pagas pelo governo Próximo Texto: Ecos do regime: Juiz manda abrir os arquivos da ditadura Índice
|