São Paulo, sexta-feira, 12 de novembro de 2004

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Câmara investiga deputado que acusou colegas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado federal Paulo Lima (PMDB-SP), presidente da Comissão de Defesa do Direito do Consumidor, pode enfrentar processo de cassação do mandato por ter afirmado que colegas tentaram extorquir empresários durante o funcionamento de uma CPI.
A Corregedoria da Câmara encerrou ontem a análise sobre a acusação do deputado e sugeriu à Presidência da Casa a abertura de sindicância sob o argumento de que Lima adotou atitude que fere o decoro parlamentar, já que não apresentou os nomes dos supostos integrantes da quadrilha.
Lima e o deputado Luciano Zica (PT-SP), ouvidor da Câmara, disseram em reportagem publicada na Folha no último dia 26 que acreditam na existência de extorsão praticada por deputados contra investigados por CPIs.
O peemedebista disse, na ocasião, ter "nomes" e os "dados" de dez deputados federais que teriam tentado extorquir dinheiro de empresários investigados pela CPI dos Combustíveis, que terminou em outubro de 2003 em meio a acusações de corrupção. Na reportagem, ele manteve a acusação.
O presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), determinou então ao corregedor, Luiz Piauhylino (sem partido-PE), que interpelasse Zica e Lima para que eles confirmassem ou não as acusações. Caso não apresentassem nomes, João Paulo sugeriu punição aos dois.
O parecer do corregedor diz que Lima não atendeu à convocação para se explicar. Já Zica enviou ofício lembrando que não acusara nenhum deputado, mas que pedira apuração sobre as suspeitas de corrupção na CPI dos Combustíveis. Piauhylino não sugeriu investigação contra o ouvidor.
Lima afirmou ontem à Folha que nunca falou do Congresso, mas sim de coisas internas de uma CPI, assunto que já estaria "ultrapassado". "Não acho que possa haver punição para quem não cometeu crime."
A comissão de sindicância tem o objetivo de reunir provas de que Lima teria ferido o decoro parlamentar, além de ouvir o deputado. Caso conclua pela culpa, a comissão sugere à Mesa da Câmara a abertura de processo de cassação do mandato no Conselho de Ética.
Já no caso do deputado André Luiz (PMDB-RJ), investigado pela Câmara sob a suspeita de tentar extorquir o empresário do jogo Carlos Cachoeira, termina hoje o prazo para apresentação de sua defesa. Ontem ele pediu prorrogação, mas a Corregedoria negou. (RANIER BRAGON)


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