São Paulo, domingo, 12 de novembro de 2006

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Painel

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Encruzilhada

Confrontada com os primeiros sinais de pizza, a cúpula da CPI dos Sanguessugas tenta evitar seu fim melancólico. Embora neguem a costura de um acordão para poupar PT e PSDB no escândalo das ambulâncias e em seu subproduto eleitoral, o dossiê, integrantes da comissão admitem que o ímpeto arrefeceu.
Mas apostam nos depoimentos dos "aloprados", a partir da semana que vem, e nos documentos que o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) irá buscar em Cuiabá (MT) para fazer a investigação esquentar novamente. Empenhado em afastar qualquer idéia de acerto entre amigos, Gabeira promete um relatório contundente no capítulo dossiê. A conferir.

Cemitério. Enquanto a CPI dos Sanguessugas se inclina para a pizza pactuada, tucanos e pefelistas aplaudem o discurso sobre economia que Aloizio Mercadante fez no Senado em sua tentativa de ressuscitar depois do dossiê. Como observou Lula certa vez, "a verdade é que a oposição nunca me criou problemas".

Na onda. O delegado Edmilson Bruno, que vazou para a imprensa as fotos do dinheiro pagador do dossiê, ganhou um apelido dos colegas da Polícia Federal que investigam o caso: Bruno Surfistinha.

Na área. Embora diga que não se interessa em voltar à Justiça, pasta que ocupou no governo FHC, Nelson Jobim foi visto mais de uma vez no gabinete de Márcio Thomaz Bastos em dias recentes.

Audácia! Um peemedebista experiente analisa o pleito do líder da bancada do PP na Câmara, Mário Negromonte (BA), que reivindica nada menos que três ministérios para o partido: "Se a gente, com todo esse tamanho, o Lula já enrola um ano, imagine o outro que chegou agora e está tão entusiasmado".

Pró-obra. No esforço para "desatar os nós" da infra-estrutura, o governo concluiu que 90% de suas dificuldades vêm da área ambiental. Vai no sentido de contorná-las o conjunto de medidas que deve ser anunciado em breve.

Assanhados. Por ora, apenas Arlindo Chinaglia escancara a disposição de disputar com o PMDB o comando da Câmara. Mas, se o PT decidir mesmo peitar o aliado, outros deputados vão se apresentar. O grid petista terá, pelo menos, José Eduardo Cardozo (SP), Walter Pinheiro (BA) e Henrique Fontana (RS).

Conectado. Fora do PT, porém, avalia-se que só Chinaglia teria chances. Nenhum outro nome do partido rivaliza com ele atualmente em trânsito entre os mensaleiros e no baixo clero em geral.

Deixa quieto. O governo trabalha para que o ano termine sem que José Janene (PP-PR), arquivo vivo do mensalão, vá a julgamento no plenário da Câmara.

Reciclagem. Muito próximo de José Serra, o secretário Luiz Roberto Barradas Barata sobreviverá à troca de guarda no governo de São Paulo. Mas não ficará na Saúde. Seu destino provável é um posto no Palácio dos Bandeirantes.

Sonho meu. Enquanto aguarda convite de Lula para ir ao Planalto, a governadora eleita do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), prepara lista de reivindicações. A principal é diminuir de 13% para 9% da receita o comprometimento do Estado com a dívida paga à União.

Barrado. Apesar de ter feito campanha para Jackson Lago (PDT) enquanto Lula ia de Roseana Sarney (PFL), o PT do Maranhão ficou fora da equipe de transição do governador eleito, que preferiu privilegiar parceria com o PSDB, aliado de primeira hora.

Tiroteio

Agora Lula pode se gabar de que nunca antes neste país um presidente teve uma equipe de seguranças tão grande e bem alimentada.


Do deputado federal GUSTAVO FRUET (PSDB-PR) sobre a compra de 280 lanches em um comício de campanha de Lula com o cartão de crédito corporativo da Presidência da República. A Casa Civil alegou que os sanduíches eram destinados aos seguranças do petista.

Contraponto

O especialista

Na campanha para se reeleger deputado, Rodrigo Maia (RJ) visitou um templo evangélico. Como se queixava de dor na coluna, o pastor propôs uma oração. O pefelista tentou se esquivar, mas acabou aceitando. O pastor, então, pôs a mão em sua testa e orou. Ao terminar, perguntou se Maia estava melhor. Diante da negativa, vaticinou:
-Então é porque você guarda um ódio muito grande no coração. Diga o nome de quem você odeia!
Maia assegurou não odiar ninguém, mas, diante da incredulidade do pastor, citou um adversário político.
Depois de mais uma oração, nova pergunta:
-E então, está melhor?
-Não- respondeu, convicto, o deputado.
-Ah, então é hérnia de disco- diagnosticou o pastor.


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