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PF quebra sigilo de subprefeitura da Sé e diz que se enganou
Subprefeito Andrea Matarazzo é ligado a Serra; polícia afirma que intenção era obter dados de celular de mulher de Freud
Números dos dois aparelhos se diferenciam por apenas um dígito; telefone de Simone Godoy não teve o sigilo quebrado até hoje
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
LEONARDO SOUZA
ENVIADO ESPECIAL A CUIABÁ
Um telefone celular da Subprefeitura da Sé teve o seu sigilo quebrado no inquérito da Polícia Federal que investiga a negociação para a compra do dossiê contra candidatos do PSDB.
O órgão municipal é comandado pelo coordenador das subprefeituras de São Paulo, Andrea Matarazzo, homem de
confiança do governador eleito
José Serra (PSDB).
Integrantes da Polícia Federal que investigam o caso dizem
que ocorreu um erro de digitação. No lugar de solicitar à Justiça autorização para a obtenção de informações do celular
de Simone Godoy, mulher do
ex-assessor da Presidência
Freud Godoy, a Polícia Federal
pediu a quebra do sigilo do aparelho da subprefeitura.
O nome de Freud surgiu logo
no começo das investigações
sobre o caso como sendo suspeito de ter ordenado a compra
do dossiê.
No dia 2 de outubro, a PF solicitou a quebra do sigilo telefônico dele e de mais 23 números
com os quais Freud trocara telefonemas na época da negociação do dossiê. Entre eles, havia
um celular em nome de Simone
Godoy. No lugar do telefone dela, esses integrantes da PF afirmam que encaminharam à Justiça um celular da Subprefeitura da Sé, com um dígito de diferença no número. A Justiça autorizou a quebra.
Na noite de sexta, a Folha ligou para o número de Simone e
a ligação foi atendida pelo próprio Freud que confirmou ser o
telefone dela, mas não quis dar
mais declarações.
Segundo a Folha apurou, até
hoje a PF permanece sem os
dados do sigilo telefônico de Simone. Já os dados do celular da
subprefeitura estão no inquérito da PF e nos arquivos enviados à CPI dos Sanguessugas.
Procurado pela Folha, o delegado responsável pelo inquérito, Diógenes Curado, disse
que verificaria se realmente
houve erro na semana que vem.
No documento em que pede
a quebra do telefone da subprefeitura, Curado usa redação
idêntica à usada no pedido de
quebra de sigilo do dia 24 de setembro, quando incluiu dois
números da Folha.
"É imperiosa (...) a adoção de
medidas que permitam a quebra do sigilo telefônico de todos os terminais suspeitos e a
identificação dos que mantiveram contatos com estes", diz o
ofício da quebra.
Curado pede ainda no documento que "um número restrito de policiais tenha, pelo menos nessa fase inicial até o final
do mês de outubro, autorizações "em aberto" para fazerem
consultas de dados cadastrais
de terminais fixos e celulares,
desde que vinculado aos terminais constantes dos extratos
telefônicos já obtidos".
A Folha ligou na quarta-feira
para o telefone que teve o sigilo
quebrado. Uma pessoa de nome Jaime atendeu e repassou
para uma pessoa de nome Luíza, que se identificou como
coordenadora de um setor da
Subprefeitura da Sé. Informada sobre o teor da reportagem,
ela encaminhou o caso para a
assessoria de imprensa do órgão, que o repassou para a assessoria de imprensa de Andrea Matarazzo.
O secretário afirmou, por
meio da assessoria, que ficou
"surpreso" com a informação e
que vai mandar averiguar o episódio. Segundo a assessoria, o
celular está desde março em
posse de um funcionário da
subprefeitura que coordena
uma equipe de rua responsável
por serviços como tapar buracos e consertar muros. Segundo o órgão, a conta do celular
vem sempre dentro de um padrão normal de uso e nunca teria ultrapassado a cota. A assessoria afirmou que aguardará o
fim das investigações da PF para adotar providências.
A quebra do sigilo do telefone reúne 1.491 ligações feitas e
recebidas entre 1º de agosto e
30 de setembro.
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