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Tarso deve deixar articulação política no segundo mandato
Idéia é substituí-lo por alguém de perfil mais conciliador, como Jorge Vianna
Mesmo se deixar cargo, petista não deve perder lugar na Esplanada; nova pasta para ele pode ser a Justiça, em lugar de Bastos
VALDO CRUZ
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva analisa a troca no comando de sua articulação política no segundo mandato. A
avaliação é que o ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) "cumpriu seu papel" durante a campanha da reeleição,
adotando um tom de "enfrentamento" com a oposição, e,
agora, o perfil ideal seria de alguém mais conciliador.
Nas análises sobre o futuro
da articulação política, Lula
tem ouvido o conselho de auxiliares para nomear alguém com
pontes na oposição, o que facilitaria as negociações com o
Congresso para temas importantes como a renovação da
CPMF (o imposto do cheque).
A receita da CPMF, mais de
R$ 32 bilhões por ano, é imprescindível para fechar as
contas do Orçamento.
Os nomes citados são os do
governador Jorge Vianna (AC)
e do ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Nelson Jobim, além do de Aldo Rebelo (PC do B). Os dois primeiros têm boas relações com os
tucanos. O último, na condição
de presidente da Câmara dos
Deputados, criou alianças com
políticos da oposição.
Aliados de Lula, porém, ainda não cravam a saída de Tarso
Genro do Palácio do Planalto,
onde fica seu gabinete. O presidente espera seu retorno de um
período de descanso para intensificar contatos com partidos políticos. O próprio Tarso,
no entanto, já teria manifestado desejo de servir ao presidente em outro ministério.
Caso Lula opte realmente
por essa mudança, Tarso Genro
não deixaria o governo. Seria
remanejado para outra pasta.
Sua predileção é pelo Ministério da Justiça, que deve ficar vago com a saída de Marcio Thomaz Bastos. Para essa pasta, estão cotados ainda Jobim e o ministro do STF Sepúlveda Pertence. Jobim teria dado sinais
de que não deseja o posto.
Economia
O presidente também analisa
a composição de sua equipe
econômica. Hoje, sua tendência é manter Guido Mantega
(Fazenda) e o presidente do
Banco Central, Henrique Meirelles. O último já estaria praticamente confirmado, já o primeiro sofre a resistência de um
grupo dentro do governo.
Integrantes da cúpula do governo e do PT classificam Mantega de um ministro sem muita
credibilidade no mercado, que
não daria o "peso" necessário
ao Ministério da Fazenda num
segundo mandato que precisa
ser marcado pelo crescimento.
Na outra ponta da equipe
econômica, Lula deve manter
no posto o ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), mas terá de atender às
reivindicações do empresário
para seguir com o presidente
no próximo ano.
Furlan quer indicar nomes
de sua confiança para comandar quatro órgãos: BNDES, Sebrae, Apex (Agência de Promoção de Exportações) e ABDI
(Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial).
Durante todo o primeiro
mandato Furlan não conseguiu
emplacar um presidente do
BNDES. O atual, Demian Fiocca, é ligado a Mantega.
Apesar de o empresário Jorge Gerdau ter dito que não deseja integrar o governo, Lula
ainda analisa um convite. O
presidente não gostou do vazamento. Em conversas reservadas, disse que o objetivo do lançamento do nome de Gerdau
para o ministério teria sido o de
tentar queimar o empresário.
Boas apostas
À parte as indefinições, Lula
já tem um grupo de ministros
praticamente assegurados no
segundo mandato. Alguns já foram avisados que ficam, mas o
presidente pediu reserva para
evitar ciumeiras na fase de
montagem do ministério.
Fazem parte desse grupo:
Dilma Rousseff (Casa Civil),
Celso Amorim (Relações Exteriores), Walfrido Mares Guia
(Turismo), Fernando Haddad
(Educação) e Luiz Dulci (Secretaria Geral).
Outros nomes são tidos como certos na próxima equipe
de Lula, mas ainda sem definição de pastas: a ex-prefeita
Marta Suplicy e a senadora Roseana Sarney.
Além de Thomaz Bastos, Gilberto Gil (Cultura) também
disse a Lula que não deseja permanecer no segundo mandato.
Na composição ministerial,
Lula ainda aguarda um processo de unificação dentro do
PMDB para formalizar convites a políticos do partido. No
governo, há quem defenda entregar aos peemedebistas as
presidências da Câmara e do
Senado como forma de diminuir o apetite do partido por
ministérios.
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