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Estabilidade é o maior atrativo para candidatos
DA REPORTAGEM LOCAL
A assistente social Rosangela Maria Siqueira de Oliveira, 48, nunca ficou desempregada. É o seu maior medo
desde que começou a trabalhar há 23 anos, na Chesf, como terceirizada.
Em busca de estabilidade,
deixou a empresa e prestou
concurso público. Hoje, está
na prefeitura de Recife e no
Estado de Pernambuco, em
uma maternidade e um hospital. O problema é que o salário ficou insuficiente à medida que os dois filhos cresciam e o aluguel da casa em
Olinda pesava no bolso.
Quando viu o concurso da
Chesf, mesmo sabendo que
era um cadastro de reserva,
vislumbrou a mistura fina de
estabilidade com um salário
mais alto, bom o bastante para pagar a faculdade do filho,
o curso de inglês da filha, as
prestações de uma nova moradia e até mesmo alguma
viagem ocasional. "Estou ansiosa para ser chamada, em
grande expectativa", diz ela.
"Quero mais qualidade de vida, com chance de me programar, e tenho fé que vou
ser chamada."
Rosangela não é a única
pessoa empregada que viu na
Chesf a oportunidade de dar
um salto na carreira. A Folha
telefonou para a casa de vários dos aprovados e conseguiu falar com poucos.
Quem atendia o telefone dizia que a pessoa estava na
universidade ou no trabalho
-no Nordeste, onde se concentra a maioria dos selecionados, a taxa de desocupação
é mais baixa que a média nacional, segundo o IBGE.
"No setor privado, a rotatividade é alta. O emprego público é duradouro, uma
chance para a estabilização",
diz Claudio Dedecca, economista e professor da Unicamp especializado em relações de trabalho.
Para fugir da incerteza do
setor privado e das 12 horas
de trabalho na prefeitura e
no Estado, Rosangela pagou
um professor particular de
matemática para aprender
raciocínio lógico. A filha deu
aulas de inglês e o filho, de
informática. A família inteira permanece mobilizada. Se
não der certo na Chesf, ela
vai tentar outros concursos.
A busca pela tranqüilidade
do emprego público é compartilhada pela auxiliar de
enfermagem Adriane Farias
Patriota, 25, também aprovada no concurso da Chesf.
Ela é funcionária pública
na prefeitura de Recife e
busca estabilidade com salário mais alto. Para a auxiliar
de enfermagem, trabalhar na
estatal de energia elétrica é a
realização de um sonho.
Adriane faz faculdade de enfermagem pela manhã, estuda (inclusive para outros
concursos) à tarde e trabalha
à noite. Só quer ter uma família, filhos, se tiver segurança. "Tendo estabilidade,
você pode pensar em outras
coisas, o emprego público é
muito mais tranqüilo."
Ela sabe que há chance de
não ser chamada, mas prefere não pensar nisso. "Antes
de me formar, em 2009, estarei nesse emprego."
(LB)
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