São Paulo, segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Estabilidade é o maior atrativo para candidatos

DA REPORTAGEM LOCAL

A assistente social Rosangela Maria Siqueira de Oliveira, 48, nunca ficou desempregada. É o seu maior medo desde que começou a trabalhar há 23 anos, na Chesf, como terceirizada.
Em busca de estabilidade, deixou a empresa e prestou concurso público. Hoje, está na prefeitura de Recife e no Estado de Pernambuco, em uma maternidade e um hospital. O problema é que o salário ficou insuficiente à medida que os dois filhos cresciam e o aluguel da casa em Olinda pesava no bolso.
Quando viu o concurso da Chesf, mesmo sabendo que era um cadastro de reserva, vislumbrou a mistura fina de estabilidade com um salário mais alto, bom o bastante para pagar a faculdade do filho, o curso de inglês da filha, as prestações de uma nova moradia e até mesmo alguma viagem ocasional. "Estou ansiosa para ser chamada, em grande expectativa", diz ela. "Quero mais qualidade de vida, com chance de me programar, e tenho fé que vou ser chamada."
Rosangela não é a única pessoa empregada que viu na Chesf a oportunidade de dar um salto na carreira. A Folha telefonou para a casa de vários dos aprovados e conseguiu falar com poucos. Quem atendia o telefone dizia que a pessoa estava na universidade ou no trabalho -no Nordeste, onde se concentra a maioria dos selecionados, a taxa de desocupação é mais baixa que a média nacional, segundo o IBGE.
"No setor privado, a rotatividade é alta. O emprego público é duradouro, uma chance para a estabilização", diz Claudio Dedecca, economista e professor da Unicamp especializado em relações de trabalho.
Para fugir da incerteza do setor privado e das 12 horas de trabalho na prefeitura e no Estado, Rosangela pagou um professor particular de matemática para aprender raciocínio lógico. A filha deu aulas de inglês e o filho, de informática. A família inteira permanece mobilizada. Se não der certo na Chesf, ela vai tentar outros concursos.
A busca pela tranqüilidade do emprego público é compartilhada pela auxiliar de enfermagem Adriane Farias Patriota, 25, também aprovada no concurso da Chesf.
Ela é funcionária pública na prefeitura de Recife e busca estabilidade com salário mais alto. Para a auxiliar de enfermagem, trabalhar na estatal de energia elétrica é a realização de um sonho. Adriane faz faculdade de enfermagem pela manhã, estuda (inclusive para outros concursos) à tarde e trabalha à noite. Só quer ter uma família, filhos, se tiver segurança. "Tendo estabilidade, você pode pensar em outras coisas, o emprego público é muito mais tranqüilo."
Ela sabe que há chance de não ser chamada, mas prefere não pensar nisso. "Antes de me formar, em 2009, estarei nesse emprego." (LB)


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Rio e SP mantêm desigualdade, diz estudo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.